
Uma fazenda de 1 mil hectares no Mato Grosso vai abrigar o primeiro santu�rio de elefantes da Am�rica Latina. As obras para preparar o local, que fica na cidade de Chapada dos Guimar�es, a 40 quil�metros do parque nacional que leva o mesmo nome, j� come�aram, mas ainda faltam as licen�as ambientais para que ele de fato possa acolher os animais. Semana passada, um primeiro lote de tubos de a�os que ser�o usados para cercar toda a �rea onde os animais ficar�o chegou � fazenda. O projeto prev� ainda a constru��o de um galp�o para servir de centro veterin�rio e um local de tratamento. Os recursos para a compra do terreno e a constru��o da estrutura v�m de doa��es feitas pela organiza��o n�o governamental Santu�rio dos Elefantes, que conta com o apoio de outras duas ONGs internacionais dedicadas � prote��o dos paquidermes em todo o mundo, a Global Sanctuary for Elephants e a ElephantVoices. Uma campanha nas redes sociais no Brasil e nos Estados Unidos est� em busca de mais recursos para concluir o projeto.
Para o santu�rio, podem ir Maya e Guida, duas elefantas que vivem h� cinco anos em Paragua�u, no Sul de Minas, e Ramba, outra f�mea, que vive em um zool�gico no Chile. As elefantas que vivem no Brasil eram artistas de um circo de renome nacional e perderam seus empregos por causa da proibi��o da exibi��o de animais no Esp�rito do Santo. V�tima de maus-tratos, Ramba foi retirada pela Justi�a chilena de um circo e est� sob cust�dia de um zool�gico. Atualmente, no Brasil, a exibi��o de animais em circos � proibida em 11 estados e 50 cidades. Na Am�rica Latina ela � vedada em seis pa�ses (Argentina, Bol�via, Paraguai, Equador e El Salvador). No mundo todo, em 27 pa�ses essa proibi��o j� est� em vigor.

Segundo a fot�grafa e ambientalista J�nia Machado, que coordena o projeto do santu�rio, existem no Brasil cerca de 25 elefantes em zool�gicos e sete em circos. Em toda a Am�rica Latina, segundo ela, s�o 50 animais em cativeiro. No mundo inteiro, seriam aproximadamente 5 mil elefantes confinados em diferentes tipos de estabelecimentos. “Estamos nos preparando para receber todos os animais da Am�rica Latina, j� que a tend�ncia � que a exibi��o de animais em circos seja proibida em todo o continente.” Mas esses n�meros podem ser menores, j� que nem sempre os zoos comunicam os �rg�os ambientais da morte dos animais e nem todo circo declara a exist�ncia de animais silvestres, como determina a legisla��o, afirma a ambientalista. No Congresso nacional, tramitam 16 projetos proibindo apresenta��es de animais silvestres em circos, mas todas as propostas est�o paradas.
Para J�nia Machado, apesar da demora, a proibi��o deve ser aprovada n�o s� no Brasil, mas em todo o continente, por isso a necessidade de garantir um espa�o decente para que esses animais possam ficar em paz “pelo menos no fim da vida”. Segundo ela, al�m disso, muitos zoos est�o procurando por ajuda para tratar desses animais em fun��o de corte de verbas e falta de condi��es para abrigar essas esp�cies, que precisam de grandes espa�os para sobreviver. Os elefantes em seu h�bitat natural pastam 20 horas por dia e percorrem, no mesmo per�odo, uma extens�o de aproximadamente 18 quil�me-tros. J�nia alega que as elefantas de Paragua�u est�o debilitadas e no fim da vida.

�frica A ambientalista conta que sempre gostou de elefantes, mas que se apaixonou mesmo por eles depois de passar uma temporada no Qu�nia, na �frica, desenvolvendo um projeto de fotografia sobre os animais e o com�rcio de marfim. “Depois resolvi visitar alguns zoos para complementar o projeto e fiquei chocada com as condi��es da Terezita, que vive no zool�gico de S�o Paulo. Passei a visitar outros zool�gicos e circos e vi que a situa��o era a mesma.” Ela ent�o procurou a Global Sanctuary for Elephants e come�ou uma parceria para transformar em realidade o projeto do santu�rio. A ONG est� fazendo uma campanha nas redes sociais para arrecadar fundos para terminar a primeira fase do projeto de implanta��o. O dinheiro para comprar o terreno tamb�m veio de doa��es, muitas delas obtidas em outros pa�ses. No Brasil, a ONG j� arrecadou cerca de 50 mil e est� em busca de mais R$ 300 mil.
A organiza��o tamb�m corre contra o tempo para acelerar a libera��o das licen�as ambientais. O processo j� est� em tramita��o na Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Mato Grosso. No in�cio deste m�s, J�nia Machado esteve na secretaria para mais uma reuni�o sobre o projeto. Segundo Carlos Ferraz, engenheiro agr�nomo que tamb�m milita na implanta��o do santu�rio, o projeto j� conseguiu a aprova��o pelo estado do estudo de viabilidade. “Estamos agora preparando a documenta��o que falta para conseguir as licen�as. A fazenda foi enquadrada como ‘mantenedora da vida selvagem’”, afirma Carlos. J�nia e Carlos estimam que as licen�as definitivas devam estar liberadas at� o meio deste ano. A inten��o inicial � n�o abrir o espa�o para visita��o. A exemplo de um santu�rio que existe nos Estados Unidos, e � considerado modelo no mundo, a proposta � deixar os animais soltos e criar um sistema de monitoramento eletr�nico para acompanh�-los em tempo real.