S�o Paulo, 17 - Falhas no sistema federal de notifica��o de dengue e a demora na atualiza��o dos registros no sistema estadual de S�o Paulo deixaram de fora das estat�sticas oficiais do Estado pelo menos 58,2 mil casos confirmados da doen�a desde janeiro do ano passado. A grande maioria dos dados n�o contabilizados � do munic�pio de S�o Paulo.
As diverg�ncias, referentes a 11 das 20 cidades paulistas com mais casos de dengue em 2015, foram verificadas pela reportagem na compara��o dos dados catalogados pelos munic�pios com os registrados pela Secretaria Estadual da Sa�de.
A reportagem solicitou das prefeituras os casos aut�ctones (contra�dos na cidade) do ano de 2015 e do primeiro bimestre de 2016 e confrontou com os dados publicados no site do Centro de Vigil�ncia Epidemiol�gica (CVE), da Secretaria Estadual, que contabiliza um total de 678.211 casos no per�odo em todo o Estado.
A maior diferen�a foi encontrada na cidade de S�o Paulo, que confirmou 100.431 casos em 2015, dos quais apenas 45.359 est�o registrados pela pasta estadual. Neste ano, a capital registrou 1.983 casos, mas o CVE aponta apenas 67.
Em Limeira, o levantamento municipal de 2015 d� conta de 20.482 registros, mas o estadual tem 1.169 casos a menos. Neste ano, o munic�pio informou que registrou 43 casos e constam 34 no Centro de Vigil�ncia Epidemiol�gica.
As incompatibilidades no balan�o de 2015 tamb�m apareceram em Rio Claro, Hortol�ndia, Guarulhos e Bebedouro. Mas h� ainda situa��es contr�rias, caso de S�o Jos� do Rio Preto, cuja prefeitura reporta menos registros de dengue do que o balan�o anual do Estado para a cidade: s�o 21.653 registros do munic�pio e constam 22.012 na tabela estadual. As outras cidades que apresentaram n�meros maiores nos cadastros do Estado foram Bauru, Campinas e Caraguatatuba. Os dados estaduais e municipais s�o iguais somente em S�o Jos� dos Campos.
Nos dois primeiros meses deste ano, h� mais casos registrados nos munic�pios do que no CVE em dez das 11 cidades que fizeram parte do levantamento da reportagem. Apenas uma teve a situa��o inversa.
Questionada sobre as diverg�ncias, a Secretaria Estadual da Sa�de informou que os boletins do CVE "refletem a c�pia fiel dos registros feitos pelas secretarias municipais no Sinan (Sistema de Informa��o de Agravos de Notifica��o, plataforma online do Minist�rio da Sa�de que recebe as notifica��es de doen�as) nas datas em que foram publicados" e que as prefeituras deveriam ser consultadas sobre as diferen�as.
Ao serem procurados, pelo menos quatro munic�pios - S�o Paulo, Bauru, Rio Claro e Caraguatatuba - apontaram que instabilidades no funcionamento do Sinan t�m impedido a atualiza��o dos dados e podem estar causando as disparidades nas estat�sticas. As demais prefeituras dizem que as diverg�ncias possivelmente est�o acontecendo porque os munic�pios t�m at� tr�s meses para informar os dados ao CVE, que, por sua vez, n�o atualiza as informa��es em tempo real.
Problema. Epidemiologista da �rea de doen�as transmiss�veis e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de S�o Paulo (FMUSP), Eduardo Massad diz que a diferen�a pode interferir no planejamento de a��es e pol�ticas p�blicas.
"Vejo um problema muito s�rio. Na tomada de decis�es para resolver o problema, (essa diferen�a) � fatal para qualquer planejamento. N�o se consegue fazer nenhuma a��o sem uma base de informa��es confi�vel", explica o especialista.
Massad diz que, apesar das falhas, o Sinan ainda � o principal sistema de registro de doen�as de notifica��o compuls�ria no Pa�s. "Apesar de todos os problemas, temos o Sinan, que � um banco de dados 80% confi�vel e aproveit�vel. Temos de trabalhar para aperfei�o�-lo."
As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.