Uma sequ�ncia de casos de estupro assusta as estudantes do campus de Serop�dica (Regi�o Metropolitana do Rio) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ): neste ano, em menos de dois meses de aulas ocorreram tr�s epis�dios de abusos, segundo as estudantes. No mais recente, em mar�o, um aluno teria estuprado uma colega e desfilado pela escola exibindo a calcinha da v�tima, segundo relatos postados em redes sociais. Revoltadas, universit�rias promoveram na segunda, 4, e nessa ter�a, 5, atos no campus para exigir da dire��o da institui��o mais seguran�a.
Em nota, a universidade reconheceu os problemas e alegou estar investigando o caso do aluno acusado de estupro. A institui��o tamb�m admitiu o "inadequado acompanhamento" de um caso de viol�ncia ocorrido em 2015 e pediu desculpas.
O campus ocupa uma �rea de 3.200 hectares, onde 40 vigilantes tentam oferecer seguran�a aos 10.683 estudantes distribu�dos em tr�s turnos de aula. A institui��o alega falta de dinheiro para contratar mais agentes.
Uma universit�ria que diz ter sido v�tima de estupro em 2013 criou na semana passada o perfil "Abusos cotidianos - UFRRJ", que reuniu, em cinco dias, 615 casos de viol�ncia contra mulheres na universidade.
"Sofri uma tentativa de estupro no meu pr�dio de aula. Pedi ajuda � reitoria, e eles me disseram que eu era um caso isolado. Criei a p�gina para expor a viol�ncia que sofri e dar voz a outras mulheres", conta a estudante, que n�o quer se identificar.
A maioria dos casos narrados � de mulheres que foram agarradas e beijadas � for�a, durante festas, mas tamb�m h� relatos de rela��es sexuais for�adas sob amea�a ou viol�ncia. "Foi 2011. N�o era acostumada a ir a festas ou beber. Decidi ir a uma festa e beber. Fiquei um pouco b�bada. Beijei um garoto. Logo depois que estava com ele, piorei muito (at� hoje me pergunto se n�o colocaram algo na bebida). Comentei com minha amiga que estava mal, que queria ir pra casa. Uma garota conhecida nossa e que foi com a gente � festa disse que podia me levar, que ela estava indo tamb�m, que o garoto (com quem a amiga estava) a deixaria em casa. Entrei no carro com eles. Mas eles n�o me levaram para casa. Levaram-me pra casa deles. Passei muito mal l�. Depois de muito tempo num banho, deitei-me numa cama. Tudo girava. Eu queria ir embora, mas n�o sabia onde estava. O garoto que beijei veio at� mim, subiu na cama e disse para fazermos sexo. Eu estava bastante inconsciente, sem muita no��o das coisas. Logo depois fiquei me perguntando o que estava fazendo, por que n�o neguei, por que n�o gritei. Eu odiei aquilo", narra outra universit�ria. "Quando j� estava na porta de casa, saindo, a garota apenas disse: 'Morre aqui, hein?' Me culpei por muito tempo", conclui.
Segundo a UFRRJ, houve sete casos de abuso sexual nas depend�ncias do campus nos �ltimos cinco anos. A Pol�cia Civil n�o tem dados espec�ficos do campus - em toda a �rea abrangida pela 48� DP (Serop�dica) foram registrados 28 casos de estupro em 2015. Em 2016 houve dois registros at� fevereiro - n�o h� dados mais atualizados. Segundo as alunas, por�m, o n�mero de casos � muito maior, e nem todas as v�timas os registram na Pol�cia.
O caso que mais repercutiu ocorreu em mar�o. Ap�s o crime, segundo colegas, o autor teria exibido no campus a calcinha da v�tima. A garota abandonou o curso e voltou � cidade natal. A reportagem n�o conseguiu contato com ela.
Resposta
Em nota, a UFRRJ "reconhece que existem problemas de seguran�a no campus Serop�dica". "A Administra��o Central registra um pedido de desculpas em rela��o a outro caso de viol�ncia, ocorrido em 2015, ao inadequado acompanhamento do mesmo", continua. Sobre o caso mais recente, a institui��o diz que "assim que o gabinete da Reitoria tomou conhecimento do fato, o professor Eduardo Mendes Callado, vice-reitor da UFRRJ, prestou todo o apoio necess�rio � v�tima, tendo acompanhado a mesma at� a 48� DP (Serop�dica), onde foi feito o registro de ocorr�ncia. O gabinete da Reitoria formou um processo e o encaminhou � Pr�-Reitoria de Assuntos Estudantis (Proaes), solicitando a sua imediata apura��o. O professor C�sar Augusto Da Ros, pr�-reitor de Assuntos Estudantis, determinou a abertura de um processo administrativo e disciplinar, designando uma comiss�o de servidores (...) incumbidos da apura��o dos fatos. Ao t�rmino dos trabalhos, a Proaes adotar� todas as provid�ncias previstas no Regimento Geral".