
Os Bombeiros seguem as buscas por uma poss�vel terceira v�tima da queda da ciclovia Tim Maia, na Avenida Niemeyer, em S�o Conrado, no Rio de Janeiro. Dois corpos foram localizados nessa quinta. Uma das v�timas � o engenheiro Eduardo Marinho Albuquerque, de 54 anos, reconhecido pelo cunhado. O corpo ser� velado hoje (22) � tarde no Cremat�rio Memorial do Carmo, no bairro do Caju, zona portu�ria do Rio, onde ser� cremado. O outro � Ronaldo Severino da Silva, 60 anos. Os dois corpos ainda permanecem no Instituto M�dico Legal (IML) e devem ser liberados agora pela manh�.
As buscas pela terceira v�tima, que seria uma mulher, de acordo com testemunhas, est�o sendo feitas por 130 homens do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil e os trabalhos ocorrem com o aux�lio de helic�pteros, com moto aqu�tica e mergulhadores, al�m de homens que fazem a varredura da praia com o uso de bin�culos. Os mergulhares est�o sendo usados na a��o porque h� possibilidade de o corpo estar preso entre as fendas dos rochedos. A Marinha est� dando apoio com um navio-patrulha para evitar que embarca��es particulares se aproximem do local com o objetivo de acompanhar o trabalho de resgate.
A ciclovia, que � suspensa e junto ao mar, teve um peda�o de mais de 50 metros arrancado pela ressaca do mar por volta das 11h30 de ontem. Hoje, representantes da prefeitura e do cons�rcio Contemat-Concrejato, respons�vel pela obra – que foi inaugurada em 17 de janeiro – ter�o uma reuni�o para discutir o acidente. T�cnicos ainda avaliam se h� risco de outros desabamentos. Em nota, o prefeito Eduardo Paes (PMDB), que estava a caminho da Gr�cia, classificou o acidente de “imperdo�vel”e disse que j� determinou a apura��o imediata dos fatos.
A ciclovia custou R$ 44 milh�es, tem 3,9 quil�metros, 2,5 metros de largura, vai do Leblon a S�o Conrado e � uma obra de infraestrutura vi�ria tamb�m para a Olimp�ada do Rio, marcadas para agosto. Na solenidade de inaugura��o, o prefeito Eduardo Paes declarou que a obra tinha “um efeito de integra��o incr�vel, j� que juntou o bairro do Leblon e S�o Conrado” e potencial para servir de trajeto para pessoas que utilizam bicicleta para ir trabalhar. O trecho � a primeira fase do Complexo Ciclovi�rio Tim Maia, que ir� at� a Barra da Tijuca.

Ontem, o secret�rio de Governo Pedro Paulo Carvalho afirmou que � prematuro dizer que houve falha na constru��o da ciclovia. “� hora de os engenheiros avaliarem e fazer um laudo. Estamos apurando as causas e falando com a empresa que construiu a ciclovia. Todos os c�lculos que foram feitos ser�o revistos. Estamos com t�cnicos da GeoRio para identificar esse acidente. � claro que h� a suspei��o para saber se a ciclovia � segura ou n�o. A prefeitura vai cobrar, seja da empresa que fez a obra, dos engenheiros que fizeram o c�lculo. Vamos cobrar a responsabilidade de quem fez”, afirmou. A ciclovia ficar� interditada para vistorias t�cnicas, sem previs�o para ser reaberta. De acordo com Pedro Paulo, tamb�m ser�o paralisadas as obras do Elevado do Jo� e refeitos os c�lculos.
O Cons�rcio Contemat-Concrejato, respons�vel pela obra, divulgou nota informando que uma equipe t�cnica da empresa foi enviada ao local e que “as prioridades neste momento s�o garantir o atendimento �s v�timas e seus familiares e avaliar as causas do acidente”. Al�m de Pedro Paulo, participam do encontro de hoje o prefeito Eduardo Paes, o secret�rio de Transportes, Rafael Picciani, e o secret�rio de Obras, Alexandre Pinto da Silva. Paes chegou ontem � Gr�cia, para a cerim�nia de transporte da tocha ol�mpica, mas decidiu voltar ao Rio assim que soube do acidente.
Em nota, Paes afirmou que “lamenta profundamente” o desabamento e se solidariza com as fam�lias das v�timas e com todos os cariocas. A Prefeitura informou ainda que “a prioridade neste momento � garantir a seguran�a da popula��o e o atendimento �s v�timas e aos seus familiares”. Os reparos na ciclovia ser�o executados pela empresa respons�vel pela constru��o, sem �nus ao munic�pio, j� que a ciclovia ainda est� na garantia de obra.
Empresa � de fam�lia de secret�rio
A empreiteira Concremat, respons�vel pela constru��o da Ciclovia Tim Maia, que desabou ontem, pertence � fam�lia do secret�rio de Turismo da cidade do Rio, Ant�nio Pedro Viegas Figueira de Mello. A Concremat foi fundada por Mauro Ribeiro Viegas, av� de Antonio Pedro Viegas Figueira de Mello. Atualmente, a empresa tem como diretor-presidente Mauro Viegas Filho.
Em seu site na internet, a Concremat afirma que o cons�rcio Contemat Geotecnia/Concrejato foi contratado pela Funda��o Geo-Rio, bra�o da Secretaria Municipal de Obras da Prefeitura, para executar a conten��o de encosta e a estabiliza��o da �rea para a implanta��o da ciclovia.
Em informativo de outubro, a Concremat divulgou um texto sobre a Ciclovia Tim Maia em que o gerente t�cnico Jorge Schneider explicou que “cerca de metade da extens�o total da ciclovia foi concebida com uma estrutura independente, projetada ao lado e � jusante da Avenida Niemeyer”.
Segundo a Concremat, ao longo do percurso “foram executadas conten��es com cortinas atirantadas, contrafortes atirantados e muretas de conten��o chumbadas”. “Para a prote��o dos taludes resultantes de escava��es para a constru��o das funda��es, foram tamb�m aplicadas as t�cnicas de solo grampeado e rip-rap”, informou a empreiteira.
“Tivemos o desafio de realizar uma obra em �rea urbana, com a constru��o em toda a sua extens�o junto a uma avenida com largura reduzida e intenso fluxo di�rio de ve�culos, al�m de estar inserida em uma �rea com forte presen�a habitacional”, contou o coordenador da obra, Saulo Rahal.
O informativo da empreiteira disse ainda que “com a impossibilidade de interdi��o da via durante o dia para as concretagens, al�m de dificuldades de escoramento por conta da altura e das irregularidades da encosta, a solu��o encontrada foi de pr�-moldagem tanto da meso como da superestrutura”.
Questionada se o secret�rio teve alguma influ�ncia na contrata��o da empresa da fam�lia, a Concremat disse em nota que “o cons�rcio participou de processo de licita��o que foi acompanhado por todos os �rg�os de fiscaliza��o competentes”. A Secretaria de Turismo da Prefeitura do Rio n�o retornou o contato da reportagem.
‘Grande golpe para prest�gio’
A m�dia internacional colocou em xeque a credibilidade do Rio como anfitri�o dos Jogos Ol�mpicos. O brit�nico The Guardian classificou o acidente como “grande golpe para o prest�gio do Rio e levanta quest�es sobre os padr�es de engenharia e de seguran�a”. O jornal destacou que o acidente ocorreu a 100 dias da Olimp�ada. J� o americano The New York Times ressaltou que a ciclovia faz parte de projeto de revitaliza��o urbana para receber a competi��o. E citou a crise pol�tica: “O Rio ser� a primeira cidade sul-americana a sediar os Jogos Ol�mpicos, mas est� lutando contra sua maior recess�o em quase um s�culo e uma crise pol�tica que pode levar ao impeachment da presidente”.