
O padre Rom�o que vinha orando por n�s pela voz de Umberto Magnani representava o retorno do ator � Rede Globo, ap�s dez anos longe da emissora. Em 2006, fez P�ginas da Vida (era seu s�timo personagem criado por Manoel Carlos, autor de maior incid�ncia em sua biografia) e foi para o SBT, fazer a novela Amigas e Rivais. J� havia passado pela TV de Silvio Santos em duas ocasi�es anteriores: no remake de �ramos Seis (1994), primeira novela da melhor safra de folhetins realizada pelo SBT, quando viveu Alonso, e Raz�o de Viver, n�o o folhetim hom�nimo, de 1996, mas um anterior, de 1983.
De Amigas e Rivais, foi para a Record. Fez Chamas da Vida, Ribeir�o do Tempo, M�scaras, Balacobaco, Milagres de Jesus e a boa s�rie Conselho Tutelar.
De Benedito Ruy Barbosa, j� tinha feito Cabocla, em 2004. Na apresenta��o do elenco e do processo de prepara��o para a novela Velho Chico, no galp�o comandado pelo diretor Luiz Fernando Carvalho nos Est�dios Globo, no Rio, Magnani foi chamado a falar algo sobre a hist�ria e resumiu seu desejo na seguinte frase: "Se as pessoas discutirem em casa 10% do que v�o ver e ouvir na novela, j� ser� uma vit�ria para o nosso Pa�s". Os colegas presentes, praticamente todo o elenco de todas as fases da novela, o aplaudiram efusivamente. A ocasi�o foi marcada por muita como��o dos atores, todos muito afinados com o enredo de Benedito Ruy Barbosa, com evidente envolvimento de Magnani na hist�ria que ainda seria contada na faixa das 21h da Globo.
Mas foi Manoel Carlos quem mais criou personas para o ator. Foi Ataxerxes em Felicidade (1991), Mauro Moretti em Hist�ria de Amor (1996), Antenor Andrade em Por Amor (1997), El�dio em La�os de Fam�lia (2000, atualmente no ar pelo canal Viva), Eug�nio em Presen�a de Anita (2001), Argemiro Batista em Mulheres Apaixonadas (2003) e Z� Ribeiro em P�ginas da Vida.
Esteve ainda em Alma G�mea (2005), de Walcyr Carrasco, como Elias, e em dois marcos da televis�o brasileira no quesito miniss�rie: Anarquistas Gra�as a Deus (1984), de Z�lia Gattai, como Tio Guerrando, e Grande Sert�o: Veredas (1985), de Guimar�es Rosa, como Borromeu. O extenso curr�culo na TV teve um de seus primeiros trabalhos consumados na vers�o original de Mulheres de Areia (1976), de Ivani Ribeiro, com Eva Wilma nos pap�is de Ruth e Raquel.
No cinema, esteve em Ch�o Bruno (1976), Jogo Duro (1985), A Hora da Estrela (1985), Kuarup (1989), Cronicamente Invi�vel (2000), Crstina QWuer Casar (2003) e Quanto Vale Ou � por Quilo? (2005).
Padre Rom�o estava longe de ser apenas um elemento decorativo em Velho Chico. Da� a substitui��o imediata, assim que o acidente vascular cerebral interrompeu a celebra��o de seu 75º anivers�rio. Ele havia acabado de gravar mais uma sequ�ncia de cenas com G�sio Amadeu, o Chico Criatura, dono do bar, que percebeu seu mal estar e chamou por socorro. O sacerdote era pe�a chave na torcida pela fam�lia oprimida da saga de Benedito, liderada, a princ�pio, pelo Capit�o Rosa (Rodrigo Lombardi), depois por Belmiro (Chico Diaz) e agora por Santo (Domingos Montagner). Franciscano, incentivava, dentro do seu alcance, o trabalho com justi�a buscado na cooperativa fundada pelo mocinho da hist�ria. Era, ao lado do pr�prio Chico Criatura, uma das poucas figuras capazes de se comunicar com as duas fam�lias rivais. E, junto com G�sio e Selma Egrei, formava o restrito grupo de atores presentes em todas as fases da novela.
Para justificar sua sa�da de cena, o autor far� com que Rom�o receba um chamado urgente informando que um cargo de padre em�rito aguarda por ele em outra par�quia. Para ocupar sua fun��o na trama, entra Carlos Vereza, chamado Padre Ben�cio, descrito como "valoroso pregador do Evangelho, assim como Rom�o, seguidor da filosofia de S�o Francisco de Assis".
Se assim quis o destino, resta encontrar eco em algumas das tantas frases emblem�ticas proferidas por Magnani ao longo desses dois meses de novela. N�o houve um s� di�logo de Rom�o que fosse em v�o, jogado �s tra�as, para encher lingui�a, como se diz. E, para um ator, melhor despedida que partir em cena, n�o h�.