Coletivos de feministas lan�aram nesta quinta um “grita�o” nas redes sociais contra a naturaliza��o do estupro. O movimento come�ou depois da divulga��o de um v�deo de uma garota desacordada e nua, v�tima de viol�ncia sexual no Rio de Janeiro. A ideia da campanha � reunir mulheres de todas as partes do Brasil gritando n�o contra o machismo, a misoginia e a viol�ncia contra as mulheres e em solidariedade � garota alvo da viol�ncia. A atriz Let�cia Sabatella aderiu ao protesto. Paralelamente, a advogada e empres�ria dos Racionais Mcs, Eliane Dias, e a presidente Dilma Rousseff tamb�m manifestaram na web em solidariedade � garota e demonstaram rep�dio � a��o dos homens.
Postado nas redes sociais na ter�a-feira, o v�deo com imagens chocantes viralizou na internet. A Pol�cia Civil e o Minist�rio P�blico fluminense investigam o caso e tamb�m a divulga��o e o compartilhamento das imagens. Muitos internautas postaram o v�deo nas redes sociais como se n�o houvesse nenhum tipo de problema e ainda escreveram coment�rios agressivos contra a garota, j� identificada, que tem apenas 17 anos.
“A ideia surgiu de discuss�es de coletivos feministas indignados com a forma como o caso foi tratado por algumas pessoas”, conta Manoela Miklos, feminista, doutora em Rela��es Internacionais e criadora da campanha #Agora�QueS�oElas, em que mulheres ocuparam o espa�o de escritores e jornalistas homens durante uma semana em mar�o, no m�s do Dia Internacional da Mulher.
“A gente ficou pensando em frases de efeito para tentar expressar nossa indigna��o, mas no fim decidimos que deveria ser mesmo um n�o. J� tentamos mil vezes explicar que isso � crime, n�o temos mais o que fazer. � n�o mesmo”, relata. A inten��o � juntar v�rios desses v�deos em um s� e postar um “grita�o” nacional hoje as 20h nas redes sociais com as hashtags #estupronuncamais #n�opassar�o, explica Manoela, uma das articuladoras da a��o, que envolve mulheres do Brasil inteiro.
Uma das apoiadoras � a fil�sofa e idealizadora da PartidA, um movimento que pretende criar um partido feminista brasileiro, M�rcia Tiburi. Para ela, o estupro tem que ser olhado como uma quest�o cultural para entender o motivo de o caso dessa garota n�o ser visto com indigna��o por todos. “Temos que aprender a olhar para o estupro como uma quest�o cultural. Na experi�ncia cultural costumamos naturalizar tudo aquilo que se torna comum, di�rio e cotidiano. Tudo aquilo que n�o � questionado”, afirma M�rcia.
Segundo ela, por isso t�m pessoas hoje rindo com o que aconteceu com a garota que foi estuprada no Rio de Janeiro. “Pessoas que riem disso s�o aquelas pessoas que naturalizaram justamente esse dado cultural, mas ao mesmo tempo n�s n�o podemos naturalizar a ideia de que os homens s�o estupradores por natureza porque eles n�o s�o. As pessoas s�o criadas, educadas, formadas, generificadas, subjetivadas dentro do contexto cultural e da tradi��o que elas vivem, por isso precisamos combater a cultura do estupro contra toda forma de naturaliza��o”, defende a fil�sofa. Quem tamb�m aderiu ao protesto foi a atriz Let�cia Sabatella.
Segundo dados do governo federal, no Brasil acontecem oito estupros por dia ou um a cada tr�s horas, em m�dia. Os n�meros foram coletados pelo Disque 180, a central de atendimento � mulher da Secretaria de Mulheres. De acordo com o 9º Anu�rio Brasileiro de Seguran�a P�blica, cujos dados mais recentes s�o de 2014, um estupro acontece a cada 11 minutos no Brasil, ou 47,6 mil no ano.