Uma mulher � violentada a cada 11 minutos no Brasil

Rio, 27 - O estupro coletivo que aconteceu no Rio nesta semana � "o caso mais grave j� ocorrido no Brasil", afirmou Samira Bueno, cientista social e diretora executiva do F�rum Brasileiro de Seguran�a P�blica (FBSP), organiza��o n�o governamental (ONG) que formula an�lises e pesquisa as estat�sticas sobre a viol�ncia no Pa�s.

A especialista lembra que, at� ent�o, o epis�dio mais chocante havia sido o das quatro meninas do Piau�. No caso carioca, disse Samira, al�m da quantidade de agressores, choca o fato de nenhum dos envolvidos ter tentado impedir a viol�ncia e "ainda terem postado o v�deo nas redes, se orgulhando do que fizeram".

"O que chama a aten��o � a brutalidade em pensar que mais de 30 homens estupraram a adolescente e nenhum deles, em momento algum, tentou impedir", disse ela, que ressalta ainda o aspecto cultural da viol�ncia. "O estupro est� vinculado � cultura machista e mis�gina, que entende que os homens t�m direito de ferir a mulher."

As estat�sticas das Secretarias de Seguran�a P�blica de todo Pa�s, reunidas pelo FBSP, mostram que mulheres de diferentes classes e ra�as s�o violentadas, "embora as negras sejam as principais v�timas letais", segundo a cientista social. A v�tima do estupro coletivo n�o � negra.

Uma mulher � estuprada no Brasil a cada 11 minutos, segundo estat�stica recolhida pela FBSP. Como apenas de 30% a 35% dos casos s�o registrados, � poss�vel que a rela��o seja "de um estupro a cada minuto", de acordo com Samira. Ao todo, no Brasil, 47,6 mil mulheres foram estupradas em 2014, �ltima estat�stica divulgada. No Estado do Rio, foram 5,7 mil casos.

Dados do Instituto de Seguran�a P�blica (ISP), �rg�o vinculado � Secretaria de Seguran�a do Estado, revelam 507 queixas de estupro na cidade do Rio, neste ano. O n�mero � 24% inferior ao de igual per�odo (janeiro a maio) de 2015, quando houve 670 registros. Na regi�o da 28.� Delegacia de Pol�cia, que inclui a Pra�a Seca, onde aconteceu o estupro coletivo, foram registrados 20 casos em 2016.

Redes

Na quinta-feira, 26, as redes sociais foram inundadas de campanhas contra a viol�ncia sexual contra mulheres. Fotos de perfis foram cobertas com as frases "Precisamos falar sobre a cultura do estupro" e "Eu luto pelo fim da cultura do estupro". Em outra campanha, a imagem de uma mulher sangrando, pendurada como Jesus � cruz, era disseminada nas redes. Usu�rios ainda compartilharam mensagens como "N�o foram 30 contra 1, foram 30 contra todas. Exigimos justi�a!". As informa��es s�o do jornal

O Estado de S. Paulo.