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Estado de Minas

Zika: pesquisadores brasileiros n�o veem motivos para mudar data da Olimp�ada

Mudan�a foi proposta por cientistas internacionais em carta aberta � Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), preocupados com a chegada de turistas � cidade e que poderiam levar o v�rus Zika para os seus pa�ses de origem


postado em 05/06/2016 09:22

Pesquisadores brasileiros que participam do Programa de Computa��o Cient�fica da Funda��o Oswaldo Cruz (PROCC/Fiocruz) e da Escola de Matem�tica Aplicada da Funda��o Get�lio Vargas do Rio de Janeiro (FGV) prepararam um artigo com uma s�rie de evid�ncias cient�ficas indicando que n�o h� motivo para alterar as datas dos Jogos Ol�mpicos [5 a 21 de agosto] e Paral�mpicos [7 a 18 de setembro] do Rio de Janeiro. A mudan�a das datas foi proposta por cientistas internacionais em carta aberta � Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), preocupados com a chegada de turistas � cidade e que poderiam levar o v�rus Zika para os seus pa�ses de origem.

O artigo publicado na revista cient�fica Mem�rias, do Instituto Oswaldo Cruz, contesta o argumento porque a atividade do Aedes aegypti � muito baixa no Rio de Janeiro nos meses de agosto e setembro. A coordenadora do programa da Fiocruz, Claudia Code�o, informou que o estudo levou em considera��o dois fatores: a biologia do mosquito Aedes aegypti com a sua a��o em temperaturas m�nimas na cidade entre 22 graus Celsius (ºC) e 24ºC e os dados de casos de dengue registrados desde 2010.


A pesquisadora disse que o conhecimento acumulado sobre a biologia do mosquito, que al�m da doen�a transmite a Zika, indica, que em climas mais frios, o v�rus demora cerca de 15 dias para sair do est�mago do mosquito, chegar � gl�ndula salivar e infectar uma pessoa. “Com as temperaturas de agosto e setembro poucos mosquitos conseguem completar o ciclo e transmitir a dengue e provavelmente a Zika tamb�m. Demoraria uns 15 dias de picar uma pessoa e transmitir para uma outra. Em 15 dias a chance dele morrer antes � muito grande, porque o mosquito tem uma vida curta”, explicou.

Sobre os casos de dengue, o artigo aponta que nesse per�odo, a incid�ncia da doen�a varia entre um e sete registros para cada 100 mil habitantes. “A nossa avalia��o de quem tem acompanhado a dengue h� muito tempo e a zika desde que come�ou � que de pelo menos para este per�odo de agosto e setembro, realmente, a exposi��o a mosquitos contaminados com certeza vai ser bastante baixa”, completou.

Com base nas estat�sticas, os pesquisadores estimam que, entre os 350 mil e 500 mil turistas esperados nas Olimp�adas, devem ocorrer quatro casos de dengue com sintomas, com a margem de erro variando entre um e 36. “� uma estimativa utilizando como refer�ncia a incid�ncia de dengue nos �ltimos anos. A gente calcula quantos casos de dengue ocorrem por 100 mil pessoas com base no que acontece normalmente no Rio de Janeiro, nessa �poca, e usou este c�lculo para poder extrapolar para que se essas 350 mil ou 500 mil pessoas chegarem quantos casos poderiam ocorrer nesta popula��o”, disse.

Os pesquisadores brasileiros contestaram ainda o uso do aumento nos registros de dengue em 2015, destacado na carta aberta dos cientistas. “Historicamente nos �ltimos 20 anos, 2014 foi o que menos teve chuva e a chuva de ver�o produz os criadouros e os mosquitos, ent�o, esse ano o n�mero de casos foi muito baixo. Se a gente usa 2014 como refer�ncia qualquer coisa fica alta. Se em uma situa��o extrema, acontece um caso e passa para 2, j� tem um aumento de 100%. A base de compara��o � anormalmente baixa. Por isso que a gente recalculou usando os valores de 2011 a 2013, que est�o mais caracter�sticos de anos normais de dengue na cidade. A base estava errada. Eles estavam usando como refer�ncia um ano que foi at�pico”, disse a coordenadora.

Claudia Code�o apontou que a sugest�o dos signat�rios da carta, de mudar a data ou transferir os Jogos para outro pa�s tamb�m n�o � uma boa medida para fugir da contamina��o. “A gente n�o consegue ver isso como uma situa��o de risco suficiente para impedir as Olimp�adas, at� porque, n�o teria uma alternativa. Se adiar para o ver�o vai ficar pior, porque o risco vai aumentar. Se transferir para um lugar que tamb�m seja tropical, a Zika vai estar neste local. Se n�o est� agora, vai estar depois. Essa no��o de que a Zika est� s� no Rio de Janeiro � irreal. Ela est� em mais de 60 pa�ses e na �poca de inverno aqui e ver�o no hemisf�rio norte, provavelmente a transmiss�o vai estar muito mais alta nestes pa�ses do hemisf�rio norte do que aqui no Rio de Janeiro”, disse.

A coordenadora lembrou que o artigo, conforme preconizado pela OMS, alerta que as gestantes devem evitar viajar para as regi�es afetadas pelo v�rus Zika e �s outras pessoas recomenda a aplica��o de repelentes para prevenir as picadas do mosquito, al�m do uso de preservativos para evitar a possibilidade de transmiss�o sexual do v�rus Zika.

O artigo foi publicado com o protocolo de fast track, que a Mem�rias adotou para temas relacionados ao v�rus Zika, com processo acelerado de submiss�o e disponibiliza��o p�blica. A revista � uma das mais antigas e importante publica��o cient�fica da Am�rica Latina, com posi��o de destaque nas �reas de medicina tropical, biologia parasit�ria e microbiologia.

O artigo foi assinado pelos pesquisadores Claudia Code�o, Daniel Villela, Marcelo F. Gomes, Leonardo Bastos, Oswaldo Cruz, Claudio Struchiner, Luis Max Carvalho, do Programa de Computa��o Cient�fica da Funda��o Oswaldo Cruz; e Flavio Coelho, da Escola de Matem�tica Aplicada da Funda��o Get�lio Vargas.


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