S�o Paulo, 08 - Um novo estudo feito por cientistas brasileiros, publicado nesta ter�a-feira, 7, na revista cient�fica Lancet, revela problemas oculares e neurol�gicos em um beb� que nasceu infectado pelo v�rus zika, mas que n�o tem microcefalia.
At� agora, diversas pesquisas haviam revelado problemas oculares em crian�as nascidas com zika, mas todas elas tinham microcefalia. Segundo os autores, o novo estudo � o primeiro a relatar um caso de dist�rbios nos olhos ligado � zika em um beb� com desenvolvimento cerebral normal.
A pesquisa, liderada por Rubens Belfort Jr, da Universidade Federal de S�o Paulo (Unifesp), teve a participa��o de cientistas da Funda��o Altino Ventura, em Recife (PE), do Hospital de Olhos de Pernambuco e do Instituto da Vis�o (SP).
Segundo os autores da pesquisa, o caso estudado sugere que a microcefalia n�o deveria ser um crit�rio para dar continuidade aos casos de infec��o cong�nita por zika - como tem determinado o Minist�rio da Sa�de -, j� que crian�as sem a m�-forma��o ainda poderiam ter sido infectadas pelo v�rus durante a gesta��o. De acordo com ele, manter a microcefalia como crit�rio para dar prosseguimento �s investiga��es dos casos poderia acabar excluindo crian�as que t�m problemas oculares s�rios e outras les�es neurol�gicas.
At� agora, haviam sido registrados problemas oculares em crian�as com microcefalia e zika cong�nita em Pernambuco e na Bahia. Segundo os autores do novo estudo, esses registros levaram a comunidade cient�fica a estabelecer a microcefalia como um crit�rio para a triagem de beb�s com zika cong�nita. Segundo eles, em fevereiro, a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) declarou o v�rus zika e a microcefalia como emerg�ncia internacional de sa�de p�blica.
"A partir de ent�o, a presen�a ou aus�ncia de microcefalia tem sido usada como crit�rio de triagem e apenas os casos que cumprem esse crit�rio foram classificados como casos de infec��o cong�nita pelo v�rus zika, para serem depois investigados", escreveram os autores.
No artigo, os cientistas sugerem que a microcefalia deixe de ser um crit�rio para triagem. "Enfatizamos a necessidade de que as autoridades de sa�de p�blica forne�am exames oftalmol�gicos para beb�s com suspeita de infec��o cong�nita por v�rus zika, porque os achados oculares podem ser sub-diagnosticados se a microcefalia continuar a ser um crit�rio de inclus�o desse grupo de beb�s nas triagens", escreveram os cientistas.
O estudo descreve dist�rbios oftalmol�gicos em beb� de 57 dias de idade, com circunfer�ncia do cr�nio de 33 cent�metros e peso de 3,5 quilos. O beb� foi submetido a exames oftalmol�gicos por um neurologista por ter suspeita de infec��o cong�nita pelo v�rus zika. A m�e relatou que n�o teve sintomas de zika, nem usou drogas il�citas, �lcool ou tabaco durante a gravidez.
"A crian�a apresentou espasmos nos membros inferiores e superiores ao nascer. Tomografias computadorizadas detectaram calcifica��es cerebrais", diz o estudo. Os exames oculares inclu�ram biomicroscopia do segmento anterior e avalia��o do fundo de olho. "Uma cicatriz foi detectada na regi�o macular do olho esquerdo, semelhante �s cicatrizes anteriormente relatadas em casos de infec��o cong�nita por zika", escreveram.
Ao ser submetido a testes sorol�gicos, o beb� teve confirmada a presen�a de infec��o cong�nita por zika. Segundo os cientistas, n�o foram detectadas, nem no beb� nem na m�e, doen�as como toxoplasmose, rub�ola, citomegalov�rus, herpes, HIV ou dengue.