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Estado de Minas A CRUEL REALIDADE DOS ANIMAIS EM EXTIN��O

On�a-pintada abatida a tiros repete a hist�ria da sua m�e, atacada por ca�adores

Juma foi morta com um tiro nas depend�ncias do Centro de Instru��o de Guerra na Selva (Cigs) depois de ser exibida na passagem da tocha ol�mpica em Manaus (AM), na segunda-feira


postado em 23/06/2016 10:22 / atualizado em 23/06/2016 10:22

(foto: Ivo Lima/ME)
(foto: Ivo Lima/ME)

A hist�ria da on�a Juma – um macho, apesar do nome –, morta com um tiro nas depend�ncias do Centro de Instru��o de Guerra na Selva (Cigs) depois de ser exibida na passagem da tocha ol�mpica em Manaus (AM), na segunda-feira, n�o � muito diferente da de sua m�e nem de outros animais de sua esp�cie, amea�ada de extin��o em fun��o da ca�a tanto predat�ria como retaliat�ria. Juma estava h� sete anos sob os cuidados do 1º Batalh�o de Infantaria da Selva (1º BIS), localizado na capital amazonense, depois que sua m�e foi morta a tiros por ca�adores. Na �poca, ainda pequeno e com ferimentos, o animal n�o tinha condi��es de sobreviver sozinho e foi adotado pelos tratadores.

Desde ent�o, vivia em cativeiro e era uma esp�cie de mascote do batalh�o e do Cigs. J� havia sido exibida na televis�o pelos militares, em um programa de televis�o de um canal ingl�s e sempre participava, com outras on�as, de desfiles e solenidades. Na Amaz�nia, � comum a manuten��o nas depend�ncias do Ex�rcito de on�as e outros animais silvestres feridos e resgatados de cativeiros pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renov�veis (Ibama).

Juma, de acordo com informa��es do Comando Militar da Amaz�nia (CMA), era um animal de comportamento d�cil, aparentava tranquilidade durante todo o evento ol�mpico e chegou a tirar uma foto com um dos condutores da tocha. Para o comando, o que aconteceu com Juma foi uma “fatalidade”. Em nota, o CMA disse que uma equipe de militares, formada por veterin�rios especializados no trato com o animal, foi ao seu encontro para resgat�-la depois que ela fugiu quando os tratadores se preparavam para embarc�-la de volta ao batalh�o.

“O procedimento de captura foi realizado com disparo de tranquilizantes. O animal, mesmo atingido, deslocou-se na dire��o de um militar que estava no local. Como procedimento de seguran�a, visando a proteger a integridade f�sica do militar e da equipe de tratadores, foi realizado um tiro de pistola no animal, que veio a falecer”, diz a nota. Um procedimento administrativo foi aberto para apurar o ocorrido.

A on�a Juma foi escalada, ao lado de Simba, da mesma esp�cie, para ser apresentada na segunda-feira ao p�blico durante a cerim�nia de revezamento da tocha. Ela foi exibida acorrentada, perto do fogo ol�mpico. Sua morte ser� investigada tamb�m pela Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos dos Animais da C�mara dos Deputados. Em resposta a pedido do presidente da frente, deputado Ricardo Izar (PP-SP), o Minist�rio P�blico Federal (MPF) no Amazonas informou que vai instaurar procedimento administrativo para apurar o caso. O CMA tamb�m foi acionado oficialmente pela frente.

“A on�a estava sob a tutoria do Ex�rcito e tem que ser apurado quem foi o imbecil que teve a brilhante ideia de colocar um animal silvestre para participar de um evento com esse p�blico, sabendo que uma esp�cie dessa pode ter qualquer rea��o de defesa”, afirma Izar. “Vamos at� o fim, temos que apurar e punir o respons�vel. O Brasil � o pa�s que mais mata animais silvestres no mundo. S� por atropelamento 475 milh�es deles morrem nas rodovias por ano”, acrescentou Izar. O presidente da frente dos animais lembra que a puni��o por crime ambiental pode levar o respons�vel a at� tr�s anos de deten��o. A puni��o, no entanto, ainda � considerada branda.

REPERCUSS�O MUNDIAL
A morte da on�a Juma causou como��o no mundo inteiro e levou o Brasil a ganhar novamente o notici�rio internacional, de forma negativa. O erro de levar o animal silvestre para participar do evento foi admitido pelo Comit� Organizador dos Jogos Ol�mpicos Rio-2016. A trapalhada foi destaque entre os maiores jornais do mundo. O americano The New York Times destaca o fato de a participa��o de animais em eventos ser ilegal, segundo o Instituto de Prote��o Ambiental do Amazonas (IPAAM), e diz que a morte est� sendo investigada. A publica��o lembra, ainda, que um jaguar amarelo apelidado de Ginga � a mascote da equipe ol�mpica brasileira.

O jornal Times of Oman, do Oriente M�dio, diz que grupos de prote��o animal questionaram a participa��o da on�a-pintada, que � uma esp�cie quase amea�ada de extin��o. O ve�culo lembra que as on�as foram exterminadas no Uruguai e em El Salvador. O espanhol El pa�s publicou mat�ria com o t�tulo “A cruel morte da on�a Juma que envergonhou o comit� ol�mpico”. Na Inglaterra, o The Guardian, a BBC, al�m de Daily Mail, Independent, Metro e Sky News, noticiaram a morte da on�a, destacada como uma mascote do Brasil. O fato de ela ter sido abatida a tiros foi not�cia em outros meios de comunica��o norte-americanos, como a Time, CNN, Chigago Tribune e The Wall Street Journal.

Entenda o caso

A tocha ol�mpica chegou � Amaz�nia na segunda-feira passada, 49 dias depois de iniciar seu trajeto.

Em Manaus, um dos locais pelos quais o fogo ol�mpico passou foi o Centro de Instru��o de Guerra na Selva. L�, duas on�as mascotes do Ex�rcito foram exibidas, Juma (foto) e Simba.

O problema ocorreu depois que o evento havia terminado no local. Segundo o Comando Militar da Amaz�nia, Juma escapou do zool�gico da institui��o. O animal foi atingido por um tranquilizante, mas acabou abatida com tiro de pistola quando se deslocou na dire��o de um militar.

A on�a Juma tinha cerca de 15 anos e foi resgatada com ferimentos ap�s sua m�e ter sido morta. Estava sob cuidado do Ex�rcito da Amaz�nia, que costuma adotar animais encontrados em cativeiro.

Segundo o site Amaz�nia Real, o Instituto de Prote��o Ambiental do Amazonas s� havia autorizado a participa��o de Simba no evento.

Em entrevista ao site da BBC Brasil, o bi�logo Jo�o Paulo Castro criticou o uso da on�a no evento da tocha ol�mpica. “Muitas vezes a on�a j� vive numa situa��o prec�ria e estressante no cativeiro, o que � agravado num cen�rio de agita��o.”

O uso da on�a para uma exibi��o p�blica aberta como o revezamento da tocha ol�mpica tamb�m gerou revolta na internet, j� que o animal n�o deveria ter sido exposto a uma situa��o de estresse desse tipo.

O caso da on�a reacende a quest�o do contato e do cuidado do ser humano com animais selvagens. Em maio, um gorila foi morto ap�s uma crian�a cair dentro da jaula de um zool�gico em Ohio, Estados Unidos.


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