S�o Paulo, 28 - A vers�o de que um menino de 11 anos foi morto durante confronto com a Guarda Civil Metropolitana (GCM) de S�o Paulo no s�bado, 25, � colocada em d�vida por dois dos tr�s guardas que participaram da ocorr�ncia. Eles disseram que n�o t�m condi��es de afirmar que houve troca de tiros entre o parceiro deles, o guarda Caio Muratori, e os ocupantes do carro furtado, alvo da persegui��o.
O caso aconteceu em Cidade Tiradentes, zona leste da capital paulista, e � investigado pela Delegacia da Crian�a e do Adolescente do Departamento de Homic�dios e de Prote��o � Pessoa (DHPP), a mesma que apura a morte de um menino de 10 anos durante persegui��o policial da PM na zona sul, no in�cio do m�s. No caso mais recente, a pol�cia investiga se houve excesso por parte dos GCMs.
Na vers�o dos guardas-civis, o menino e os dois comparsas estavam praticando roubos na regi�o com um Chevette prata. Dois homens em uma moto, que n�o deram nomes, avisaram os GCMs, que logo iniciaram uma persegui��o.
Em S�o Paulo, por�m, desde 2008, h� regra interna que pro�be guardas de atuarem em "flagrante presumido", quando n�o h� certeza de que est�o perseguindo algu�m cometendo crime. Eles s� devem agir quando h� certeza, como ao flagrar um assaltante no momento do crime. Para a Prefeitura, que tamb�m abriu sindic�ncia, houve "erro" na abordagem. Em nota, a administra��o informou ainda que os guardas foram afastados das fun��es.
Em seu depoimento, o guarda Caio Muratori disse que revidou os disparos que vinham do Chevette. Quatro tiros acertaram o vidro traseiro e um dos pneus do carro onde estavam os meninos. O autom�vel parou em uma rua onde ocorria uma quermesse. Dois jovens sa�ram correndo. Um morador viu que havia uma crian�a ferida no ve�culo e pediu ajuda. O menino foi levado para um pronto-socorro da regi�o, onde morreu.
Per�cia
A reportagem apurou que os outros dois guardas que acompanhavam Muratori na viatura afirmaram no DHPP que n�o perceberam que os ocupantes do carro haviam atirado contra eles. E s� viram quando o colega passou a atirar.
Os peritos conclu�ram inicialmente que o carro tinha sinais de tiro de fora para dentro, mas n�o apresentava sinais de disparos no seu interior, e os vidros estavam fechados. Nenhuma arma foi encontrada. Os laudos periciais devem sair em at� 30 dias.
Muratori foi autuado em flagrante por homic�dio culposo (sem inten��o). Ele pagou fian�a e responder� em liberdade. Os outros dois GCMs foram ouvidos como testemunha.
O Conselho Estadual de Defesa da Pessoa Humana vai acompanhar as investiga��es da pol�cia. Segundo o advogado Ariel de Castro Alves, a investiga��o deveria considerar a possibilidade de homic�dio doloso (quando h� inten��o de matar).
"Nenhum tiro acertou a lataria. Todos os disparos foram dados em dire��o � cabe�a das pessoas que estavam sendo perseguidas, atingindo a crian�a de 11 anos", afirmou Alves. Ele disse que vai cobrar uma investiga��o rigorosa da Corregedoria da GCM. "Na pr�tica, mais uma crian�a foi assassinada por agentes p�blicos; no caso, por guardas municipais."
Na segunda-feira, 27, o propriet�rio do Chevette furtado pelos meninos na zona leste foi ouvido no DHPP. No decorrer da semana, os investigadores v�o chamar outras testemunhas para prestar depoimento.
As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.