Rio de Janeiro, 14 - Em documento enviado ao Minist�rio P�blico, a Pol�cia Civil informa que, a menos de um m�s da Olimp�ada, a crise amea�a interromper investiga��es e per�cias. Na tabela preparada em maio pela Subchefia Administrativa, a institui��o aponta a falta de materiais b�sicos e equipamentos. Estoques de insumos est�o zerados. Sem manuten��o, aparelhos pararam. Conforme o MP, dois meses depois, a situa��o persiste. Oficialmente, a pol�cia fala em "car�ncia" de materiais.
A pen�ria � consequ�ncia da crise nas finan�as fluminenses. De acordo com c�lculos da pr�pria Pol�cia Civil, seriam necess�rios R$ 14.517.512 para sanar as d�vidas com os fornecedores de servi�os e renovar contratos. A tabela enviada ao Minist�rio P�blico lista a aus�ncia de 18 itens indispens�veis � realiza��o de exames pelo Instituto de Criminal�stica Carlos �boli, da Pol�cia Civil. An�lises de sangue e de esperma, por exemplo, n�o t�m sido feitas. Para regularizar esses servi�os, a institui��o precisa de R$ 49.265,34.
O documento relata que o aparelho CGMS Shimadzu, usado para a detec��o de drogas em amostras, est� parado por falta de manuten��o. J� o laborat�rio de toxicologia consta como paralisado, por aus�ncia de baterias e equipamentos de inform�tica. O aparelho CGMS Agilent, para exames de identifica��o de drogas sint�ticas, est� fora de opera��o.
Evid�ncia perdida
O Instituto de Pesquisas e Per�cias em Gen�tica Forense, da Pol�cia Civil, aponta que, por falta de manuten��o da c�mara fria, "j� foram perdidas v�rias evid�ncias e as novas tamb�m ser�o perdidas, pois n�o temos como mant�-las". Mais itens aparecem com apenas 10% do estoque ideal, como pinc�is e aplicadores para servi�os papilosc�picos.
O documento lista materiais b�sicos em falta, como seringas, luvas e m�scaras. Por falta de luvas especiais de l�tex e malha, "em um futuro pr�ximo" ser�o interrompidas "per�cias de necropsia, local de crime, sangue e esperma em roupas, dentre outras que exijam prote��o do perito e/ou tenham risco de contamina��o cruzada, prejudicando a conclus�o do laudo".
O luminol, produto qu�mico que revela tra�os de sangue invis�veis a olho nu, de grande valor na elucida��o de crimes, est� em falta na Delegacia de Homic�dios. Para compr�-lo, a Pol�cia Civil precisa de R$ 1,05 milh�o. "O impacto causado pela falta desse material no curso das atividades da per�cia criminal est� diretamente ligado a localizar vest�gios de sangue lavado, oculto, escondido em locais de crime, carros, objetos e roupas", informa o relat�rio.
As informa��es foram repassadas em 20 de maio ao Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justi�a Criminais (CAO Criminal), � coordena��o do Grupo de Atua��o Especial em Seguran�a P�blica (Gaesp) e � Coordenadoria de Seguran�a e Intelig�ncia (CSI) do Minist�rio P�blico, que iniciaram campanha para arrecadar bens e insumos para a Pol�cia Civil (mais informa��es nesta p�gina). Segundo a promotora Gl�ucia Santana, at� hoje n�o foram feitos os pagamentos aos prestadores de servi�o. "Todos devem saber que o quadro atual da pol�cia � muito delicado. E a expectativa depois da Olimp�ada � piorar. Seria muito confort�vel para o Minist�rio P�blico entrar com uma a��o civil p�blica para que o Estado cumpra seu papel. Mas sabemos que uma 'canetada' do juiz n�o significa que o dinheiro vai brotar."
A presidente da Associa��o de Peritos Oficiais do Rio de Janeiro, Denise Rivera, disse que o Carlos �boli, o Instituto M�dico-Legal (IML), o Instituto de Pesquisa em Per�cia em Gen�tica Forense e o Instituto de Identifica��o F�lix Pacheco (IFP), al�m dos 18 postos regionais do setor de pol�cia t�cnico-cient�fica, n�o t�m condi��es m�nimas de funcionamento.
"Muitos postos n�o t�m c�maras frigor�ficas para o armazenamento dos cad�veres, que ficam expostos �s intemp�ries. Faltam reagentes e as condi��es s�o insalubres."
Car�ncia
Procurada pelo Estado, a Pol�cia Civil informou, em nota oficial com base em consulta ao Departamento Geral de Pol�cia T�cnico-Cient�fica (DGPTC), que o Instituto M�dico-Legal e o Instituto de Criminal�stica "est�o com car�ncia de alguns materiais e de manuten��o de equipamentos". "A institui��o tem envidado esfor�os com a Secretaria de Seguran�a e o governo do Estado para resolver a situa��o."
As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.