
Somadas aos problemas que o pa�s j� enfrenta, a tradi��o do pa�s intensificou os riscos de ataques. Isso porque o empenho do governo em trabalhar para o sucesso no megaevento n�o correspondeu. A poucos dias do evento, ainda h� pend�ncias que precisam ser finalizadas. Na �ltima quarta-feira, o ministro do Esporte, Leonardo Picciani, anunciou que s� nesta semana uma autoridade do Comit� Ol�mpico com poder decis�rio se reunir� com os ministros para os �ltimos ajustes. Aliado aos impasses cotidianos como criminalidade em alta, falta de infraestrutura e transporte p�blico ineficiente, o Brasil enfrenta imbr�glios pontuais: faz fronteira seca com 10 pa�ses — e o controle nessas �reas � ruim, o que possibilita entrada de armamento pesado e de drogas. “� muito dif�cil patrulhar uma fronteira com 10 pa�ses e por a� entram drogas, armas”, refor�a o especialista em seguran�a p�blica e rela��es internacionais Pedro Rafael Azevedo.
H� pouco mais de 20 dias, a companhia a�rea Avianca emitiu um boletim interno alertando para a poss�vel fuga de um terrorista s�rio para o Brasil. Ex-presidi�rio de Guant�namo acolhido no Uruguai como refugiado, Jihad Ahmad Diyab, de34 anos, estaria em solo brasileiro. A Pol�cia Federal evitou comentar o assunto. Mas o an�ncio da companhia a�rea refor�a a tese de que as portas de entrada no pa�s est�o vulner�veis, por terra, pelo ar e pelo oceano.
O Brasil enfrenta tamb�m problemas como a falta de recursos financeiros para ampliar a estrutura humana e tecnol�gica. “As pol�ticas em seguran�a p�blica n�o s�o prioridade e n�o s�o levadas a s�rio. Falta, por exemplo, pol�ticas para barrar os altos �ndices de homic�dios. Se fosse (prioridade) n�o ter�amos uma enxurrada de armas e drogas entrando no pa�s”, critica o doutor em seguran�a internacional e professor na University of Central Florida (EUA) Marcos Degaut. Ele ressalta que o �ltimo concurso p�blico para a Ag�ncia Brasileira de Intelig�ncia (Abin) ocorreu em 2010. Al�m disso, o policiamento e a maneira como o pa�s lida com as diferen�as das carreiras nos estados � avaliada por especialistas em seguran�a como deficit�rias. “Nossas pol�cias atuam de forma prec�ria. Nossas pol�cias s�o mal pagas e n�o existe concurso p�blico para a Abin desde 2010. S�o seis anos esperando com um n�mero que j� era defasado”, afirmou.
LOBO SOLIT�RIO Al�m dos pontos que deixam o pa�s suscet�vel a poss�veis ataques, entra em cena uma amea�a invis�vel: os lobos solit�rios. Eles n�o s�o identificados na a��o de contraintelig�ncia, que visa a fazer a preven��o. “� uma amea�a que voc� n�o sabe de onde vem”, pontua Pedro Rafael. No atentado de Nice, na Fran�a, o tunisiano Mohamed Lahouaiej Bouhlel dirigiu um caminh�o em meio � multid�o matando 84 pessoas. Ele era considerado amador, sem hist�rico de envolvimento terrorista. Especialista em seguran�a p�blica internacional, Carlos Brito avalia que o Brasil “desdenha” de iniciativas preventivas. O acesso a muitos �rg�os p�blicos, por exemplo, ocorre sem que exista nem sequer detector de metais. Apesar disso, Carlos pondera que os EUA “� um pa�s obcecado por seguran�a e investimento na �rea, e de tempo em tempo � alvo de ataque terrorista”.
As intelig�ncias da Pol�cia Federal e da pr�pria Abin fazem paralelamente — e tamb�m de forma conjunta — o monitoramento de pessoas suspeitas a fim de evitar ou impedir atentados. Com uma equipe refor�ada por profissionais de outras �reas, esse monitoramento tende a dar conta da demanda para a Olimp�ada. O trabalho resultou na pris�o de 11 suspeitos em estados brasileiros entre quinta e sexta-feira.
Mesmo depois dessas pris�es, o pa�s mant�m o monitoramento de pelo menos 100 suspeitos. Nem a Pol�cia Federal nem a Abin revelam ao certo o n�mero para n�o atrapalharem as investiga��es. “N�o h� possibilidade de que n�o haja pessoas no Brasil envolvidas ou simpatizantes com terrorismo. � bem prov�vel que esse numero seja bem maior que cem”, acredita Pedro Rafael.
FORAGIDO Dezenas de policiais federais e civis acreditam ter cercado o �ltimo dos 12 suspeitos de planejar atos terroristas no Rio que continua foragido. Na quinta-feira, a Opera��o Hashtag da PF prendeu 10 suspeitos de planejar ataques. Intercepta��es telef�nicas descobvriram que Leonid El Kadre de Melo estaria na cidade de Vila Bela de Sant�ssima Trindade (MT). � a mesma localidade onde se entregou na sexta-feira o d�cimo primeiro investigado, que tamb�m estava foragido, Valdir Pereira Rocha. Ele � apontado pelos investigadores como um dos mais engajados entre os integrantes de uma comunidade do Facebook onde foi mencionado o risco de realizar atentados durante os Jogos Ol�mpicos de 2016, no Rio de Janeiro, contra delega��es de pa�ses que fazem combate ao Estado Isl�mico na S�ria e no Iraque. Leonid tem passagens pela pol�cia e j� esteve preso por homic�dio qualificado. Ex-integrante de uma quadrilha que promovia assaltos em Tocantins, ele foi acusado de matar um comparsa do grupo por desaven�as em fun��o da partilha de um roubo.