Vel�rio de Ivo Pitanguy ocorre neste domingo, no Rio de Janeiro

Rio de Janeiro – O cirurgi�o mineiro Ivo Pitanguy morreu na tarde de ontem, aos 90 anos, v�tima de uma parada card�aca, em casa. Mestre em sua especialidade, o belo-horizontino reconhecido no Brasil e no mundo por sua destreza com o bisturi e seus trabalhos volunt�rios chegou a participar, na sexta-feira, do revezamento da tocha ol�mpica, em trajeto no Bairro de Botafogo, Zona Sul do Rio. O corpo do professor e integrante da Academia Brasileira de Letras e da Academia Nacional de Medicina ser� velado hoje, a partir das 13h, no Memorial do Carmo. A crema��o est� marcada para ocorrer no fim da tarde.

Com mais de 900 livros publicados no Brasil e no exterior, Pitanguy foi o respons�vel pela cria��o do servi�o de atendimento a queimados da Santa Casa de Miseric�rdia, no Rio de Janeiro. Ele tamb�m criou o servi�o de cirurgia pl�stica reparadora daquela institui��o. Formado em parte na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e na ex-Faculdade Nacional de Medicina, hoje pertencente � Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o cirurgi�o das estrelas de cinema e da TV, que o pai diz ter nascido realmente em 1923, deixa quatro filhos e cinco netos.

“O professor Ivo Pitanguy � uma das pessoas mais maravilhosas da hist�ria da medicina brasileira, sen�o a mais. Primeiro pela pessoa, como humanista. Soma-se a isso a sua lealdade aos princ�pios �ticos da medicina. Um exemplo de m�dico, colega e professor”, lamentou o doutor Jos� Galv�o Alves, diretor de ensino e pesquisa da Santa Casa de Miseric�rdia do Rio e vice-presidente da Academia Nacional de Medicina. “Foi um homem completo, dotado de uma sensibilidade social enorme e um inovador. Seguramente, sua capacidade respeitosa de lidar com as pessoas e os pacientes o colocaram numa galeria de not�veis da medicina brasileira. Um �cone, um homem � frente de seu tempo”, afirmou Evandro Tinoco, diretor cl�nico do Hospital ProCard�aco e professor da Universidade Federal Fluminense.

PIONEIRO No final da d�cada de 1940, a cirurgia pl�stica ainda n�o era reconhecida como uma especialidade, e os obst�culos motivaram Ivo Pitanguy a participar de um concurso do Institute of Internacional Education. Contemplado com uma bolsa de estudos, partiu para Cincinatti, em Ohio, nos Estados Unidos, na condi��o de cirurgi�o residente do Servi�o do Professor John Longacre, no Bethesda Hospital. Na mesma �poca, frequentou a Mayo Clinic, em Minessota, e o servi�o de cirurgia pl�stica do doutor John Marquis Converse, em Nova York. De volta ao Brasil, e com a cria��o do 1º Servi�o de Cirurgia de M�o na Am�rica do Sul ap�s a temporada na Am�rica, Pitanguy foi imbu�do pelo desejo de p�r em pr�tica a experi�ncia adquirida. Apesar das dificuldades estruturais encontradas no pa�s, atuou como chefe do Servi�o de Cirurgia da Santa Casa (o primeiro de cirurgia de m�o em toda a Am�rica do Sul), devolvendo dignidade e esperan�a a muitos pacientes carentes e v�timas de deformidades.

Um ano mais tarde, convidado por Marc Iselin (um dos criadores da t�cnica de cirurgia de m�o e refer�ncia no atendimento aos mutilados da Segunda Guerra Mundial), Pitanguy foi para seu servi�o, em Paris, como assintent �tranger. Tamb�m na capital francesa, frequentou os servi�os de cirurgia pl�stica dos professores C. Dufourmentel e R. Mouly, e do professor Paul Tessier, em Sur�snes. Ainda na Europa, por meio de uma bolsa do British Council, Ivo Pitanguy teve a oportunidade de aprimorar e amadurecer sua forma��o como cirurgi�o pl�stico nos servi�os de dois mestres da cirurgia pl�stica: Sir Harold Gillies e Sir Archibald McIndoe, na Inglaterra.

DESPEDIDA

A morte do mestre da cirurgia pl�stica no Brasil comoveu amigos e autoridades que conviveram com ele. Pela internet, dezenas de famosos e autoridades pol�ticas deixaram homenagens de agradecimento e lamentaram a morte de Pitanguy. Logo ap�s a divulga��o do falecimento, a hashtag #ivopitanguy atingiu o topo dos assuntos mais comentados no Twitter no Brasil e no mundo. O presidente interino Michel Temer disse em sua conta na rede social que o “Brasil perde um de seus mais renomados cientistas e intelectuais. Ivo Pitanguy dedicou a vida a ajudar as pessoas a viverem melhor. �, tamb�m, autor de um importante trabalho social que privilegia o atendimento aos mais necessitados. Far� muita falta.”

O escritor Paulo Coelho escreveu: “Meu Deus! Foi uma das pessoas mais extraordin�rias que conheci!”. A jornalista Hildegard Angel, filha da estilista Zuzu Angel, publico: “Irrepar�vel, faltam-me palavras, sobra-me tristeza. Perdi grande amigo.”

NAS M�OS DO PROFESSOR

Cirurgi�o pl�stico de renome internacional, Pitanguy colecionou f�s e clientes ao longo de d�cadas de profiss�o. Confira alguns de seus trabalhos famosos