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Estado de Minas

Com�rcio sustent�vel de marfim � imposs�vel, dizem pesquisadores


postado em 15/09/2016 19:07

S�o Paulo, 15 - Suspender a proibi��o do com�rcio internacional de marfim n�o vai resolver o problema da matan�a de elefantes, de acordo com uma an�lise feita por cientistas brit�nicos e publicado nesta quinta-feira, 15, na revista Current Biology.

Para alguns especialistas, a proibi��o, estabelecida em 1989, deveria ser suspensa para permitir uma regula��o rigorosa do tr�fico de marfim - j� que ele continua dizimando os elefantes de forma clandestina. Mas, segundo os autores do novo artigo, n�o h� maneira sustent�vel de explorar o marfim.

Os cientistas chegaram a essa conclus�o depois de desenvolverem um modelo que associa fatores ambientais, biol�gicos e econ�micos - como a demanda do mercado e o fluxo da cadeia de produ��o de marfim.

"N�s simplesmente n�o podemos suspender a proibi��o do marfim. Fazer isso traria consequ�ncias catastr�ficas para as popula��es de elefantes em toda a �frica, at� mesmo para aquelas que atualmente s�o bem protegidas, como os da �frica do Sul", disse o autor principal da an�lise, David Lusseau, da Universidade de Aberdeen (Esc�cia).

"Mas precisamos tamb�m admitir que a matan�a n�o est� acabando e n�s necessitamos de mecanismos que permitam antecipar a demanda que � criada cada vez que h� uma venda regional de estoques, ou um clamor consider�vel contra a proibi��o do com�rcio", afirmou Lusseau.

A an�lise liderada por Lusseau e por Phyllis Lee, da Universidade de Stirling (Esc�cia), surge no momento em que a Conven��o sobre o Com�rcio Internacional de Esp�cies Amea�adas (Cites) discute a legalidade do com�rcio de marfim.

No dia 11 de setembro, durante o congresso da Uni�o Internacional pela Conserva��o da Natureza (IUCN), um dos aspectos mais debatidos foi a mo��o que pede o fechamento de mercados dom�sticos do marfim, j� que mesmo com a proibi��o do com�rcio internacional a matan�a de elefantes continua ocorrendo.

De acordo com um censo divulgado no final de agosto sobre o n�mero de animais que vivem na savana africana, a esp�cie sofreu uma redu��o de 30% entre 2007 e 2014 por causa da ca�a.

Alguns pa�ses, como Jap�o, Nam�bia e �frica do Sul apresentaram mais de uma d�zia de emendas que enfraqueciam os termos da mo��o, mas a maioria do congresso votou por ela ser aceita na �ntegra. O texto encoraja governos a encerrarem seus com�rcios dom�sticos, vistos como um como situa��es que criam oportunidades para a "lavagem" do marfim ilegal, que acaba, assim, chegando ao mercado internacional.

A expectativa no congresso � que a mo��o deve servir como press�o na pr�xima reuni�o da Cites, que ocorre em Johannesburgo no final do m�s, para que l� se adote uma decis�o com poder de lei.

Mas, segundo Phyllis, o Cites est� avaliando a possibilidade de legalizar o com�rcio de marfim - e, por isso, o grupo de cientistas se uniu para produzir um modelo realista que defina quais seriam os limites sustent�veis para a explora��o da popula��o de elefantes.

"Antes de pensarmos se dever�amos suspender a proibi��o do com�rcio de marfim, precisamos saber quanto marfim uma popula��o de elefantes � capaz de produzir de uma maneira sustent�vel", disse Phyllis.

Os modelos que existiam at� agora n�o levam em conta a capacidade de produ��o de marfim de cada elefante individualmente, mas considera apenas a capacidade m�dia de cada um para fornecer marfim. Segundo Phyllis, o problema � que a realidade n�o funciona assim.

"Na verdade, alguns elefantes fornecem volumes muito maiores de marfim do que outros. Os machos produzem bem mais marfim que as f�meas e a quantidade de marfim tamb�m tende a aumentar � medida que o elefante envelhece", explicou a pesquisadora.

Os c�lculos feitos pelos cientistas mostram que a margem de sustentabilidade para a explora��o de marfim � incrivelmente pequena. A partir de uma popula��o de 1.360 elefantes, usada como refer�ncia, s� � poss�vel extrair de 100 a 150 quilos de marfim - uma quantidade que fica muito abaixo da demanda atual.

"Com isso, para manter uma popula��o de elefantes saud�vel, protegida e em crescimento, seria preciso utilizar no m�ximo um macho por ano. Considerando que um macho grande pode ter de 45 a 55 anos de idade, levaria tempo demais - de duas a tr�s gera��es - para repor esses grandes machos perdidos", explicou Lusseau.

De acordo com Phyllis, a produ��o seria totalmente insustent�vel. "Assim que voc� acaba com os grandes machos, � preciso utilizar v�rios animais menores para conseguir a mesma quantidade de marfim no ano seguinte", afirmou a pesquisadora.

A situa��o fica ainda pior quando se leva em conta a demanda insaci�vel por marfim. "Se para ter uma produ��o sustent�vel s� se pode utilizar um macho mais velho a cada 1.500 elefantes, simplesmente n�o h� como alcan�ar a demanda atual", disse Lusseau.

C�rculo vicioso

Segundo Lusseau, a simples not�cia de que o com�rcio de marfim poderia ser legalizado j� aumenta a demanda e pressiona ainda mais as popula��es de elefantes. "A venda de marfim tem sido promovida como uma fonte de renda que poderia ser usada para a conserva��o dos elefantes, mas acabou acontecendo o contr�rio. A matan�a aumentou. As vendas locais deram aos consumidores a impress�o de que o com�rcio de marfim foi ou ser� legalizado, aumentando a demanda e a matan�a", explicou.

A an�lise surge poucos dias antes da confer�ncia da Cites, que ser� realizada a partir de 24 de setembro em Johannesburgo, na �frica do Sul. De acordo com Lusseau, "� vital que a Cites envie uma claro recado aos ca�adores, negociantes e consumidores de que o com�rcio de marfim est� fechado. A partir da�, o trabalho pode ser focado em deter o com�rcio ilegal, reduzir a demanda e proteger os elefantes em seu habitat", declarou.


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