
Eles ainda n�o entendem muito bem a diferen�a entre Wi-Fi e 3G, demoram para encontrar fotos e contatos no celular e acham a tela touch complicada. Mas nada disso foi visto como impeditivo para um grupo de idosos que quer estar conectado. A vontade de se comunicar com parentes distantes, receber fotos e v�deos de amigos e ainda economizar cr�ditos os motivou a participar da primeira oficina de WhatsApp - ou "zap-zap" - do Centro de Refer�ncia do Idoso (CRI) da Zona Norte paulistana, unidade vinculada � Secretaria Estadual da Sa�de.
Cerca de 25 idosos, alguns com mais de 80 anos, se reuniram na manh� de quinta-feira, 6, para assistir � aula na unidade. O workshop buscou mesclar as partes te�rica e pr�tica. Enquanto o instrutor mostrava em uma proje��o o passo a passo de como instalar o aplicativo, enviar mensagens, encaminhar fotos e mudar configura��es, os alunos que levaram o celular treinavam as fun��es e tiravam d�vidas.
"Eu comecei a usar o WhatsApp faz uns dois ou tr�s meses com a ajuda das minhas netas. E me adicionaram em um grupo da fam�lia, mas eram cem mensagens por dia, ficava apitando toda hora. Ent�o eu pedi para a minha neta sumir com o grupo, s� que a� minha prima veio perguntar se eles tinham feito alguma coisa errada para eu ter sa�do. Da� que descobri que dava s� para silenciar o grupo e vim aqui aprender a fazer isso", conta a aposentada Mathilde Pretel Bustos, de 78 anos.
Ela diz que "se obrigou" a aprender a mexer no aplicativo para estar mais pr�xima da fam�lia e tamb�m para economizar. "Antes eu mandava um torpedo ou ligava para algu�m e meus cr�ditos acabavam. Pelo Whats a gente gasta menos", diz Mathilde, que agora quer aprender a usar o aplicativo Uber. "� mais barato do que t�xi, mas ainda n�o aprendi a mexer."
Sem celular
A pensionista Marina Isabel de Moraes Ara�jo, de 71 anos, procurou a oficina tamb�m pensando em economizar no futuro. Ela ainda n�o usa celular porque n�o se habitou com o formato do smartphone, mas quis participar do workshop porque ficou sabendo que, com o "zap-zap", poderia falar de forma mais pr�tica e barata com parentes que est�o morando fora de S�o Paulo.
"Tenho um sobrinho que mora no Jap�o, uma sobrinha em Bras�lia e um irm�o no Paran� e queria poder falar mais com eles. Vim aqui para ver mais ou menos como funciona a coisa. Agora vou pedir para o meu filho me ensinar com mais detalhes", diz.
A aposentada Eunicia Josina Ferreira, de 79 anos, tamb�m n�o tem o costume de usar o celular, mas adotou como meta aprender a mexer no aplicativo quando viu a bisneta desenvolta com a tecnologia. "Minha bisneta de 3 anos pega o celular, tira foto e envia. N�o � poss�vel que eu n�o consiga", afirma ela, aos risos. "E achei bom eles promoverem essa palestra s� para os idosos porque os parentes n�o t�m paci�ncia para explicar para a gente."
L�der do centro de conviv�ncia do CRI, Lissa Ferreira Lansky diz que as atividades tecnol�gicas promovidas pela unidade t�m tido cada vez mais procura. "Nossas turmas de inform�tica sempre lotam e j� t�nhamos promovido plant�o de d�vidas de Facebook e de como mexer no celular, mas percebemos que era uma demanda dos idosos essa quest�o do WhatsApp", conta ela. "Ajud�-los a se conectar deixa as rela��es familiares mais estreitas, aproxima o idoso da linguagem dos mais jovens e impede aquele sentimento de solid�o ou exclus�o que alguns sentem."