S�o Paulo, 02 - Dormir pouco pode ser perigoso para o cora��o, de acordo com um novo estudo realizado por cientistas da Escola de Medicina da Universidade de Bonn (Alemanha). Os pesquisadores avaliaram as condi��es card�acas de m�dicos da pr�pria equipe, que trabalham em turnos de 24 horas, e descobriram que a falta de sono aumenta a press�o sangu�nea e sobrecarrega o cora��o, aumentando a for�a dos batimentos (contratilidade) e sua frequ�ncia.
"Pela primeira vez, mostramos que uma priva��o de sono de curto prazo, no contexto dos turnos de 24 horas, pode levar a consider�vel aumento da press�o sangu�nea, da contratilidade e da frequ�ncia card�aca", disse o autor principal do estudo, Daniel Kuetting, do Departamento de Radiologia Diagn�stica da Universidade de Bonn.
Pessoas que trabalham em servi�os de emerg�ncia, como m�dicos, policiais, bombeiros e outros, s�o convocados com frequ�ncia para atuar em turnos de 24 horas. J� se sabia que esse tipo de jornada estressante pode afetar diversos processos f�sicos, cognitivos e emocionais.
Mas, segundo Kuetting, o novo estudo � o primeiro a focar no impacto espec�fico do turno de 24 horas sobre as fun��es card�acas. Os resultados da pesquisa foram apresentados na manh� desta sexta-feira, 2, na reuni�o anual da Sociedade Radiol�gica da Am�rica do Norte (RSNA).
Os estudos foram feitos com os pr�prios m�dicos da universidade. Foram selecionados 20 radiologistas saud�veis com idade m�dia de 31,6 anos. Cada um dos participantes foi avaliado com exames de resson�ncia magn�tica cardiovascular (RMC), com an�lise de deforma��o.
Os participantes foram submetidos aos exames antes e depois de seus turnos de 24 horas, nos quais tiveram em m�dia tr�s horas de sono. Os cientistas tamb�m coletaram amostras de sangue e de urina de todos eles e mediram a press�o sangu�nea e a frequ�ncia card�aca.
"A fun��o card�aca no contexto da priva��o de sono n�o havia ainda sido investigada com an�lise de deforma��o em exames de RMC, que � o par�metro mais minucioso de contratilidade card�aca", explicou Kuetting.
Ap�s a priva��o de sono de curto prazo, al�m de apresentarem eleva��o consider�vel da press�o sangu�nea e da frequ�ncia e contratilidade card�aca, os participantes tamb�m tiveram um aumento importante dos n�veis de horm�nios da tireoide e do cortisol - um horm�nio liberado pelo organismo em resposta ao estresse.
Kuetting afirma que aumento da press�o sangu�nea ap�s a priva��o de sono n�o chegou a valores que caracterizam press�o alta, mas ainda assim revelam uma conex�o inequ�voca entre a priva��o de sono e o aumento da press�o. Ele afirma que ser� preciso realizar estudos com grupos maiores para determinar poss�veis efeitos de longo prazo da falta de sono.
"O estudo foi desenhado para investigar um caso real de priva��o de sono relacionada ao trabalho. N�o foi permitido que os participantes consumissem, durante o estudo, cafe�na ou alimentos e bebidas que contivessem teobromina, como chocolate, castanhas ou ch�. Por�m, n�s n�o levamos em conta fatores como estresse individual e est�mulos ambientais", explicou Kuetting.