S�o Paulo, 06 - Na investiga��o sobre a fac��o Fam�lia do Norte que deu origem � opera��o La Muralla, em 2015, os investigadores da Delegacia de Repress�o a Entorpecente do Amazonas interceptaram conversas entre advogados da FDN e funcion�rios do Judici�rio amazonense.
As informa��es coletadas foram enviadas ao Superior Tribunal de Justi�a (STJ) e deram origem a segunda fase da opera��o que cumpriu mandados de busca e apreens�o, em junho de 2016, na casa e no gabinete da desembargadora Encarna��o das Gra�as Salgado.
A magistrada � investigada por supostamente receber dinheiro em troca da libera��o de presos por meio de decis�es judiciais tomadas em plant�es do Judici�rio. Ela foi afastada pelo STJ ap�s as buscas realizadas pela Pol�cia Federal (PF). Ao autorizar as dilig�ncias, o ministro Raul Ara�jo, do STJ, apontou que s�o v�rios "os epis�dios nos quais o nome da desembargadora � mencionado pelos envolvidos, em intercepta��es realizadas pela Pol�cia Federal, com autoriza��o da Justi�a, em mensagens cuja confronta��o com outros elementos indica sua participa��o nos fatos investigados" na La Muralla.
A investiga��o constatou o que outra opera��o, a Diker, e o Conselho Nacional de Justi�a j� haviam apontado: o excesso de liminares de soltura de presos concedidas pela desembargadora em seus plant�es, Para o ministro, os fatos analisados pelas opera��es re�nem ind�cios de "atua��o profissional criminosa dos advogados" na obten��o de favorecimento de integrantes da fac��o por meio da intermedia��o entre ela e "membros e servidores do Poder Judici�rio do Amazonas mediante pagamento de vantagens indevidas".
Na La Muralla, al�m de conversas entre os traficantes com cita��es aos plant�es em que a desembargadora trabalhava, a PF interceptou conversas entre advogados da fac��o e Br�gido Augusto dos Santos Filhos, � �poca auxiliar no gabinete de Encarna��o.
Ao marido de uma advogada da fac��o, de nome Expedito, o auxiliar pergunta se ele tem alguma "novidade" para ele. O interlocutor diz que est� "correndo atr�s". Ap�s isso, o advogado diz que iria ligar para que Br�gido acionasse a "amiga". O MPF aponta que amiga � a desembargadora Encarna��o. Em outra conversa, Br�gido fala com advogados sobre a forma��o de um "time" segundo o MPF, voltado ao ajuste criminoso que beneficiaria integrantes da fac��o presos.
Por meio do advogado Emiliano Aguiar, que faz sua defesa, a desembargadora informou que seu afastamento vai no sentido contr�rio do que prev� a Lei Org�nica da Magistratura e, portanto, � ilegal. Para a magistrada, o afastamento s� � poss�vel ap�s o oferecimento da den�ncia e n�o em fase de investiga��o.
Sobre a suspeita de venda de senten�a, o advogado afirma que n�o h� elementos no pedido de busca e apreens�o que aponte para qualquer conduta irregular da desembargadora.
"N�o � razo�vel a especula��o de que ela pudesse receber valores pelas senten�a. A desembargadora � honesta, trabalhadora, ju�za garantista e nunca teve nada contra sua atua��o profissional. se tornou alvo dessa investiga��o somente porque � uma ju�za garantista", explicou o advogado. A reportagem n�o conseguiu contato com Br�gido dos Santos.