M�e 'empresta' barriga para filho e marido dele terem g�meos em Capivari (SP)

Sorocaba, 13 - A empres�ria Ana Maria Aranha, de 58 anos, de Capivari, no interior de S�o Paulo, � ao mesmo tempo m�e e av� dos pequenos g�meos Pedro Henrique e Jo�o Lucas, de 3 meses e 8 dias. Evang�lica, ela enfrentou a resist�ncia religiosa e "emprestou" o �tero para gerar os filhos de seu pr�prio filho, Luis Henrique Aranha, de 32 anos, e do parceiro dele, Gustavo Salles, de 26, casados h� mais de cinco anos. Os dois agora se revezam nos cuidados com os meninos, sob o olhar atento da m�e-av�.

A hist�ria que emociona os 53 mil moradores da cidade onde a fam�lia � bem conhecida, come�ou quando Gustavo, o Gutto, sugeriu a Luis que adotassem um filho. "Eu n�o via a hora de ser pai, mas n�o conseguimos adotar, ent�o pensamos na barriga solid�ria", contou.

Quando o casal come�ou a procurar pela mulher, dona Ana se ofereceu. "Queria ajud�-los de qualquer forma, mas tinha o problema da idade."

Gutto entrou em contato com uma cl�nica de fertiliza��o em Campinas, e o m�dico disse que era poss�vel. Para isso, teria que estimular o �tero da m�e, que j� entrara na menopausa.

O tratamento devolveu a elasticidade ao �rg�o, segundo o filho. "Era como se ela tivesse ficado mais jovem e, embora n�o tivesse condi��es de produzir �vulos, poderia receber a insemina��o e ter os beb�s."

Para a insemina��o, foram usados �vulos de uma doadora an�nima, pois a lei n�o permite a doa��o por pessoa com v�nculo afetivo ou familiar. Dos oito �vulos fecundados com esperma dos dois pais, foi escolhido um de cada para a insemina��o, realizada em fevereiro de 2016.

Em mar�o, usando um kit vendido em farm�cia, m�e, filho e genro tomaram conhecimento da gravidez, depois confirmada por exame cl�nico. "Foi um momento de muita alegria", disse Luis.

Filho e genro se desvelaram em cuidados com a m�e durante a gravidez que, segundo Ana Maria, foi bem tranquila. "Tive diabete gestacional, mas foi controlada com alimenta��o correta."

O parto, uma cesariana, foi realizado no dia 5 de outubro de 2016. Jo�o Lucas nasceu primeiro, com 2.32 kg, e em seguida Pedro Henrique, com 2,34 kg.

Com o atestado do hospital e a certid�o de uni�o est�vel entre os pais, os beb�s foram registrados em nome de Luis e Gutto. Os dois se revezam nos cuidados com os filhos.

"� noite, quem acorda � o Gutto, mas se os dois beb�s acordam juntos, a� ele pede ajuda para mim", disse Luis.

Gutto, que � cantor e analista de marketing, confirma que as crian�as s�o bem tranquilas.

Apoio

Na cidade, as pessoas aprovam a atitude da m�e e do casal. "Enquanto tem m�e que mata o filho homossexual, o que a gente v� em Capivari � um exemplo de amor e solidariedade", disse o funcion�rio p�blico Rodrigo Fernandes, referindo-se ao caso da m�e suspeita de ter assassinado o filho por n�o aceitar sua homossexualidade, em Cravinhos, tamb�m no interior.

"Foi uma surpresa para n�s, pois todos com quem temos contato nos apoiaram, tanto em palavras quanto em gestos de amor", disse Luis.

Eles tamb�m tiveram o apoio de outros familiares. Luis Henrique, que administra a empresa de confec��es com a m�e, tem dois irm�os mais novos, que tamb�m s�o g�meos. Gutto, al�m dos pais, tem duas irm�s.

O �nico problema enfrentando por dona Ana foi na igreja. "Sou evang�lica, frequentava a igreja e comentei com meu l�der, mas ele n�o aceitou e perguntou como eu ia explicar para as crian�as quem eram os pais. Eu segui meu cora��o e senti que n�o estava cometendo nenhum pecado. Se nasceram e est�o bem, � por gra�a de Deus."

O casal n�o tem medo de enfrentar poss�vel preconceito, sobretudo quando os meninos estiverem na escola. Gutto conta que chegou a pensar em ter os filhos no exterior, mas foi dissuadido por uma prima.

"Ela me disse, para que fugir, voc� tem o que esconder? A�, decidimos que vamos criar nossos filhos aqui."