
A Pol�cia Militar controlou neste domingo (15) uma rebeli�o na Penitenci�ria Estadual de Alca�uz, na regi�o metropolitana de Natal, no Rio Grande do Norte (RN), que deixou ao menos 30 mortos, dias depois de cerca de 100 detentos terem sido brutalmente assassinados em outras institui��es da regi�o norte.
"Certamente h� mais de 30 mortos", disse a jornalistas o delegado Otac�lio de Medeiros, ao sair do centro penitenci�rio, o que triplicaria o balan�o de mortos divulgado at� agora. At� o momento, as autoridades informaram oficialmente que ao menos dez detentos teriam morrido na rebeli�o.
As for�as de seguran�a entraram de manh� na penitenci�ria de Alca�uz, a maior do estado, cerca de 14 horas depois do in�cio da rebeli�o. Para o governo, este seria o mais recente epis�dio de uma guerra entre fac��es pelo controle dos pres�dios do pa�s. "A situa��o est� absolutamente controlada", disse o secret�rio de Seguran�a do RN, Caio Bezerra, em uma coletiva de imprensa.
Na entrevista coletiva, o secret�rio estadual de Justi�a, Walber Virgolino, reconheceu que as autoridades trabalham com a hip�tese de que "h� mais de dez detentos mortos".
O saldo definitivo de v�timas ser� informado provavelmente esta tarde, afirmou, enquanto a tropa de choque da Pol�cia Militar continua trabalhando dentro do local.

A rebeli�o come�ou na tarde de s�bado, antes das 17h, quando os presos de um dos pavilh�es invadiram a ala onde ficam os membros de um grupo criminoso rival.
As for�as de seguran�a cercaram o exterior da penitenci�ria e tiveram de esperar at� domingo de manh� para entrar nos pavilh�es com ve�culos blindados, j� que os detentos tinham cortado a energia el�trica e estavam fortemente armados.
O coordenador da administra��o penitenci�ria estadual, Zemilton Silva, apontou na v�spera que havia pelo menos tr�s corpos decapitados, um s�mbolo recorrente do n�vel de viol�ncia que se vive nas pris�es superpopulosas do pa�s.
Aux�lio e fuga
Em sua conta do Twitter, o presidente Michel Temer disse que est� acompanhando o caso de perto e que ordenou que se preste "todo o aux�lio necess�rio" ao Rio Grande do Norte.
O Minist�rio da Justi�a convocou os secret�rios de Seguran�a de todos os estados do pa�s para uma reuni�o na pr�xima ter�a-feira (17) para estudar "medidas imediatas para a crise do sistema penitenci�rio". Al�m das matan�as recentes, uma s�rie de fugas tem sido registrada em diferentes institui��es.
Na madrugada deste domingo, 28 presos fugiram do pres�dio Piraquara I, em Curitiba, ap�s um grupo de 15 c�mplices explodir um muro do centro e confrontar os policiais com armas de guerra.
A Secretaria de Seguran�a do Paran� informou que dois homens foram abatidos durante a fuga e que outros quatro foram capturados. No lugar do confronto, foram encontrados fuzis de grande calibre e uma metralhadora Uzi. "A situa��o dentro da pris�o est� controlada", disse � AFP uma assessora do governo do Paran�.
Parte do grupo que atacou o pres�dio invadiu uma casa pr�xima ao local e fez uma mulher de ref�m, mas se entregou depois da chegada de um batalh�o de opera��es especiais da Pol�cia. As autoridades continuam rastreando os demais fugitivos.
Superlota��o
A penitenci�ria de Alca�uz fica a cerca de 25 quil�metros de Natal em uma �rea rodeada de dunas. Segundo dados da Secretaria estadual de Justi�a, o centro tem capacidade para 620 presos, mas abriga 1.083.
As pris�es brasileiras se tornaram palco de uma guerra pelo controle do narcotr�fico, a qual as autoridades atribuem �s duas maiores fac��es do pa�s: o Primeiro Comando da Capital, o PCC, paulista, e o Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro, e seus aliados.
"Existe uma luta pelo poder, pelo dom�nio do tr�fico de drogas no Brasil. Uma luta que vem de outros estados e em que os grupos tentam ganhar espa�o. E o espa�o no mundo do crime se ganha com for�a e viol�ncia", explicou Walber Virgolino.
De acordo com os jornais locais, a disputa em Alca�uz acontece entre o PCC e o Sindicato do Crime, aliado ao CV. J� a Secretaria estadual de Seguran�a afirma que ainda est� investigando "a participa��o de fac��es" na rebeli�o.
Na ter�a-feira (10) passada, o governo mobilizou 200 homens da unidade especial da For�a Nacional nos estados de Amazonas e Roraima, ap�s dias de matan�as em grande escala em suas pris�es.
Em Manaus, capital do Amazonas, 56 presos morreram em um motim no �ltimo 1º de janeiro, na segunda maior chacina penitenci�ria registrada no pa�s. Fica atr�s apenas do massacre do Carandiru, em 1992, quando 111 detentos morreram. Quatro dias depois, o horror se repetiu em um pres�dio de Boa Vista, capital de Roraima, onde 33 detentos foram mortos.