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Estado de Minas

Pol�cia Civil adere a motim da PM; governo fala em �sequestro� do cidad�o


postado em 08/02/2017 21:37

Vit�ria e Rio, 08 - A crise da seguran�a p�blica no Esp�rito Santo, que j� deixou pelos menos 95 mortos desde s�bado, 4, ganhou contornos mais dram�ticos. A Pol�cia Civil paralisou nesta quarta-feira, 8, as atividades no Estado, suspendendo registros de ocorr�ncia e atendimento. A PM manteve o motim e a negocia��o com o Estado, que fala em �sequestro da popula��o�, n�o avan�ou ontem.

A interrup��o dos servi�os pelos civis foi decidida ap�s a morte do policial Marcelo Albuquerque, de 44 anos, que tentou impedir um assalto em Colatina, na Grande Vit�ria. Muito emocionada, a mulher do investigador, Patr�cia Albuquerque, segurava o filho mais novo do casal, Kaio, de 8 meses, durante o sepultamento do marido. O mais velho, Kaique, de 8, era consolado por parentes. �Espero que a mensagem que fique � que acabe logo tudo isso que est� acontecendo. Hoje foi o meu marido, mas amanh� poder� ser o familiar de outra pessoa.�

Pouco antes do an�ncio do fechamento de delegacias, o governador licenciado Paulo Hartung (sem partido) disse que n�o sucumbiria �� chantagem corporativa�, referindo-se ao motim da Pol�cia Militar, que chega ao sexto dia.

Ele afirmou ainda que n�o pagar� pelo �resgate�. �� o mesmo que sequestrar o direito do cidad�o capixaba. N�o se pode pagar resgate nem pelo aspecto �tico nem por uma quest�o que � fundamental na vida dos brasileiros, que � a Lei de Responsabilidade Fiscal�, afirmou o governador, afastado para tratar de tumor na bexiga. Segundo ele, atender � reivindica��o dos policiais custaria R$ 500 milh�es.

Sem dar nomes, Hartung atribuiu a paralisa��o, com base em bloqueios de familiares nas frentes dos quart�is, a um �movimento pol�tico� para desestruturar a administra��o. �� desumano, inadmiss�vel, que outros interesses pol�ticos estejam acima da vida�, afirmou.

Refor�o

Os Minist�rios da Defesa e da Justi�a autorizaram a ida de mais 550 militares e 100 agentes da For�a Nacional de Seguran�a para o Estado. A ajuda federal, solicitada para o refor�o do policiamento, chega agora a 1.850 homens.

Nesta quarta, �nibus n�o circularam e as escolas permaneceram fechadas. Moradores enfrentaram filas de at� tr�s horas nos supermercados. Muitas redes limitaram o acesso para evitar saques. Em Cariacica, na Grande Vit�ria, comerciantes da Avenida Expedito Garcia, conhecido como shopping aberto do Estado, fizeram manifesta��o contra a paralisa��o da PM. �Queremos trabalhar�, gritavam.

�As pessoas est�o sitiadas em casa. Nas regi�es perif�ricas, a viol�ncia est� mais presente. Em alguns bairros existe conflito entre fac��es e h� um ajuste de contas nas periferias, com justiceiros atuando�, afirmou o vereador de Cariacica Celso Andreom (PT). Ele contou que pediu uma pizza e depois ligou para o restaurante, a fim de reclamar da demora. �Explicaram que o entregador foi assaltado. Levaram a moto, as pizzas e o dinheiro que ele carregava.�

Por medo da viol�ncia, moradores t�m se organizado para fazer a seguran�a por conta pr�pria de condom�nios em que vivem. No bairro Colina de Laranjeiras, em Serra, na Grande Vit�ria, duas tentativas de invas�o fizeram com que um grupo de 30 pessoas, com aux�lio de PMs que vivem ali, se organizasse para fazer vig�lia durante as madrugadas. At� mesmo barricadas s�o montadas todas as noites em uma rua do entorno.

Desde domingo, homens armados atiraram em um transformador e deixaram a regi�o sem luz e PMs que vivem no local dispersaram a tiros criminosos que tentavam invadir o condom�nio a tiros. �A gente tem mais de 40 PMs morando aqui�, afirma Valdison J�nior, de 31 anos, um dos s�ndicos.

A vigil�ncia come�a �s 19 horas e vai at� as 6 horas. Anteriormente, eles usavam um lat�o e peda�os de madeira para montar uma barricada em uma rua ao lado. �A gente n�o fecha a rua. A inten��o � que os ve�culos diminuam a velocidade quando passam por l�. Isso dificulta uma fuga�, explica J�nior.

A cada movimenta��o suspeita, o grupo se comunica com o aux�lio de celulares. At� mesmo moradores n�o envolvidos diretamente com a vigil�ncia ajudam sempre que observam uma movimenta��o suspeita das janelas.

Al�m do trabalho volunt�rio, os moradores do condom�nio pagam R$ 1 mil por dia para quatro seguran�as profissionais. O pagamento � feito com uma vaquinha criada pelos moradores. Suellen Cruz, de 29 anos, � mineira e diz que s� n�o deixou o Esp�rito Santo porque � s�ndica de um dos condom�nios que desde s�bado realiza a vig�lia. �Tenho de cuidar de outras fam�lias, mas, se eu n�o fosse s�ndica j� tinha ido embora.�

O condom�nio da advogada Paula Ara�jo Silva, de 43 anos, na Praia do Canto, em Vit�ria, tamb�m contratou seguran�a particular armada. Pelas redes sociais, os vizinhos acionam uns aos outros quando falta rem�dio ou se precisam de algum item para complementar a despensa.

Tudo para evitar a entrada de entregadores e pessoas estranhas no pr�dio. Tamb�m combinaram de manter as luzes de todas as varandas acesas. �Estamos vivendo como se estiv�ssemos em pris�o domiciliar.�

Eles se cotizaram para pagar R$ 1 mil por 12 horas de seguran�a privada. Ontem, Paula e os vizinhos fizeram almo�o coletivo: assaram um carneiro que ela tinha congelado em casa.

IML

Policiais civis paralisaram as atividades nas delegacias at� a meia-noite desta quarta-feira, 8. O servi�o no Departamento M�dico Legal, lotado de corpos desde o in�cio do motim, foi mantido. Hoje, delegacias locais permanecer�o fechadas. Somente as Delegacias Regionais funcionar�o. �� uma trag�dia anunciada e o governador n�o dialoga�, afirmou o presidente do Sindicato dos Policiais Civis (Sindpol), Jorge Em�lio Leal.

De acordo com Leal, houve press�o do governo para que as planilhas sobre mortes violentas deixassem de ser atualizadas. �O �ltimo n�mero que n�s temos � de 95 homic�dios, mas n�o houve atualiza��o desde a manh�. Isso n�o significa que as mortes tenham sido interrompidas, pelo contr�rio: a gente j� sabe que pelo menos um PM foi baleado e parece que morreu.�


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