(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Peixe da bacia amaz�nica � recordista mundial de longas dist�ncias


postado em 10/02/2017 23:07

S�o Paulo, 10 - Se existisse uma competi��o mundial de longas dist�ncias em �gua doce, a dourada (Brachyplatystoma rousseauxii) seria a grande campe�. A conclus�o � de um estudo internacional que mapeou o ciclo de migra��o desse peixe que s� existe na bacia do Rio Amazonas.

A pesquisa, que teve seus resultados publicados na revista Scientific Reports, do grupo Nature, foi liderada por cientistas do Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), do Instituto Nacional de Pesquisas da Amaz�nia (INPA) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE).

Em seu ciclo de vida, a dourada chega a percorrer 11,6 mil quil�metros exclusivamente em �gua doce - uma marca que n�o � alcan�ada por nenhum outro animal, segundo os autores do estudo.

A migra��o �pica da dourada come�a com os animais j� adultos, que partem do estu�rio do Rio Amazonas, perto do Oceano Atl�ntico, e sobem o rio at� as �reas de desova na cordilheira dos Andes.

Segundo os pesquisadores, os peixes adultos que sobem aos Andes jamais retornam � foz do Amazonas, mas os peixes que acabaram de nascer o fazem, migrando milhares de quil�metros na dire��o contr�ria, para completar o ciclo. No estu�rio, os filhotes se tornam adultos e recome�am a jornada.

Al�m da dourada - que � um dos peixes economicamente mais importantes da regi�o -, os cientistas estudaram tamb�m outros tr�s peixes semelhantes da bacia amaz�nica.

"Essa � a primeira vez que uma pesquisa cient�fica abarcou toda a gama dessas esp�cies de peixes, alguns dos quais se espalham entre os Andes e o estu�rio do Amazonas, chegando ao Oceano Atl�ntico", disse o autor principal da pesquisa, Ronaldo Barthem, do MPEG.

"Esses resultados podem agora ajudar a tra�ar estrat�gias efetivas de manejo desses peixes, que s�o importantes para a ind�stria pesqueira da regi�o", afirmou Barthem.

O estudo fez parte de um projeto internacional coordenado pela Sociedade de Conserva��o da Vida Selvagem (WCS, na sigla em ingl�s), da ONG The Nature Conservancy (TNC) e o Centro Nacional de An�lises e S�nteses Ecol�gicas, dos Estados Unidos e da Universidade da Calif�rnia em Santa B�rbara.

Segundo os autores da pesquisa, os planos para a constru��o de in�meras barragens, as opera��es de minera��o e o desmatamento podem colocar em risco a longa migra��o da dourada e das outras esp�cies, afetando a ind�stria pesqueira.

"Uma das maiores amea�as � dourada e outras esp�cies de peixes � o desenvolvimento de infraestrutura na regi�o dos Andes, que poder� ter um pesado impacto na �rea de desova desses animais", disse outro dos autores do estudo, Michael Goulding, da WCS.

Enquanto as rotas de migra��o de peixes como o salm�o e as enguias s�o bem conhecidas, os movimentos migrat�rios da dourada t�m sido menos compreendidos e mal documentados, segundo os autores, embora j� se suspeitasse que esse peixe tivesse um dos maiores ciclos de migra��o em �gua doce no mundo.

Para confirmar a hip�tese, os cientistas mapearam os movimentos de longa dist�ncia de quatro esp�cies do mesmo g�nero - a dourada (B. rousseauxii), o bab�o (B. platynemum), o zebra (B. juruense), e a piramutaba (B. vaillantii) - e utilizaram informa��es sobre a presen�a de peixes adultos, filhotes e larvas ao longo do Amazonas.

Os pesquisadores tamb�m analisaram estatisticamente as migra��es rio abaixo dos filhotes e larvas a partir das cabeceiras dos afluentes do Amazonas at� a sua foz.

Os resultados revelaram que a dourada adulta leva de um a dois anos para viajar rio acima, do estu�rio at� a �rea de desova na regi�o andina. Os autores destacaram tamb�m que a pesquisa servir� como fundamento para futuros estudos mais aprofundados.

Segundo eles, experimentos com peixes marcados e an�lise de is�topos nos dep�sitos de c�lcio no ouvido do peixe poder�o ser usados para estudar os padr�es de migra��o da dourada e o ritmo sazonal desses movimentos.

"Muitas quest�es ainda permanecem em aberto sobre esse peixe incr�vel. Uma delas �: por que eles fazem uma viagem t�o longa para se reproduzir e depois voltam ao local de nascimento para desovar. Agora temos uma linha de base que nos ajudar� a direcionar novas pesquisas e esfor�os de conserva��o", afirmou Goulding.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)