S�o Paulo, 12 - Al�m de se tornar um hobby, a nova gera��o v� o artesanato como uma manifesta��o pol�tica. A arte com os fios � um modo de discutir ideias e torn�-las acess�veis a um p�blico mais amplo.
O ativismo surge, por exemplo, nos temas das pe�as. S�o frequentes costuras que tratam de viol�ncia contra a mulher, questionamento dos padr�es de beleza, reafirma��o do corpo feminino e uso de frases de contesta��o.
�Sempre bordei temas que me interessaram, como letras de m�sica e seriados. Quando me aproximei do feminismo, ele tamb�m se refletiu no que fazia�, diz Bruna Antunes, do Bordado Empoderado. Ela tamb�m d� aulas na ocupa��o Mirabal, na Grande Porto Alegre, espa�o onde vivem v�timas de viol�ncia dom�stica.
De outra forma, a paulista Karen Dolorez faz do croch� uma arte urbana, como nos projetos A Rua � Minha Tela, que alia a t�cnica ao grafite, e As Flores da Pele, na qual usou a linha sobre fotografias lambe-lambe de mulheres nuas. �Por ser croch�, ele chega a pessoas que talvez outras artes urbanas n�o chegariam. Tem apelo emocional, traz lembran�a afetiva, muitas vezes ligadas � fam�lia, mostrando temas tabu, como a nudez feminina, de forma sutil.�
Mesmo assim, as interven��es n�o perduraram. �As pessoas tiram com rapidez. Trabalhar na rua tem um tempo de vida diferente�, conta ela, que faz, principalmente, murais.
Para Carla Cristina Garcia, da Faculdade de Ci�ncias Sociais da Pontif�cia Universidade Cat�lica de S�o Paulo (PUC-SP), esse fen�meno tem a ver com uma ruptura de outras gera��es. �Antes dos anos 1960, era um ato de resist�ncia n�o bordar um enxoval. S� porque as av�s deixaram as artes manuais de lado � que essas jovens podem hoje bordar temas que lhes interessam, at� mesmo imagens do pr�prio corpo�, afirma.
Outras artes. A tend�ncia de colocar as m�os na massa n�o se restringe � costura. Estudante de Artes Visuais, An�lia Moraes, de 23 anos, cria cer�micas e pinturas inspiradas no corpo feminino.
A jovem estranhava a forma como a nudez das mulheres era trabalhada na gradua��o. �O meio ainda � muito masculino e sexista, retratando a mulher de forma idealizada, como musa. Queria representar outras facetas�, explica.
As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.