S�o Paulo, 20 - Moradores de rua do centro de S�o Paulo ganhar�o um novo centro de acolhida at� o fim do ano. Os dez andares do Edif�cio Nazar�, na Pra�a da S�, foram cedidos pela Ordem Terceira do Carmo em comodato � Miss�o Bel�m, entidade religiosa criada em 2005 para dar assist�ncia a menores abandonados e a dependentes qu�micos que dormem nas cal�adas e debaixo de viadutos. A Miss�o � uma iniciativa do padre italiano Gianpietro Carraro e da mission�ria Cacilda da Silva Leste, com apoio dos cardeais d. Cl�udio Hummes e d. Odilo Scherer.
A obra ser� um marco do Ano da Miseric�rdia, celebrado pela Igreja em 2016, atendendo ao apelo do papa Francisco, que pediu um gesto concreto de cada diocese em sinal de compaix�o e solidariedade dos cat�licos.
"Vamos acolher de 80 a 100 moradores de rua por semana, para uma perman�ncia de tr�s dias, ap�s os quais ser�o convidados a morar, por alguns meses, em uma de nossas casas ou em nossos s�tios de interior, onde poder�o se recuperar e se reintegrar na sociedade", disse padre Gianpietro.
A Miss�o Bel�m tem 160 casas em S�o Paulo, um s�tio em Jarinu e dois em Jundia�, com um total de 2.200 acolhidos. Tem ainda um s�tio e seis casas em Bel�m, no Par�, uma escola numa favela do Haiti e tr�s resid�ncias para acolhimento de refugiados na It�lia.
A associa��o n�o recebe verbas do governo e se mant�m com a ajuda de colaboradores. A reforma do Edif�cio Nazar�, constru�do em 1942, depender� de doa��es particulares e da arrecada��o de uma a��o entre amigos. Bilhetes de rifa est�o sendo vendidos nas par�quias. O or�amento da obra � de R$ 3,8 milh�es, com previs�o de inaugura��o at� o fim deste ano. Padre Zacarias Paiva, procurador da Mitra Arquidiocesana, informou que a arrecada��o de recursos est� ainda come�ando.
Casa de fam�lia
"Cada andar do pr�dio ter� um clima de uma casa de fam�lia, com um coordenador e volunt�rios para acolher nossos irm�os, os moradores de rua e drogados que conseguirmos atrair", disse padre Gianpietro.
No primeiro dia, os h�spedes recebem cuidados b�sicos, como refei��o, banho, cama, roupa e exames de sa�de. "Alguns chegam t�o mal, que parecem vir para morrer conosco", revelou o padre. Alguns andares do pr�dio ter�o espa�o para palestras, academia, ora��es e informa��es sobre a Miss�o Bel�m.
Dois andares ser�o destinados, futuramente, ao acolhimento de mulheres e crian�as, que hoje s�o recebidas na Casa Guadalupe, no bairro do Belenzinho.
As casas de S�o Paulo acolhem 2.200 pessoas. Das vagas dispon�veis, 700 s�o reservadas a doentes mentais ou f�sicos, que t�m necessidade de permanecer na institui��o. "Deus prov� tudo, nossos colaboradores nos socorrem quando pedimos feij�o, arroz, fraldas e cobertores", diz padre Gianpietro.
Os funcion�rios s�o todos volunt�rios, muitos deles dependentes de droga recuperados.
O ex-morador de rua Raphael de Jesua Cepeda Diniz, de 31 anos, coordenador do Edif�cio Nazar�, ajuda a planejar a obra de restaura��o. Ele viveu de perto a realidade das drogas e do crime. Passou alguns dias na cracol�ndia e na Pra�a da S�, depois de 15 anos de vida no crime e na droga, na regi�o de S�o Mateus, na zona leste. Esteve preso e morou seis anos na rua. Recuperado, diz estar feliz em trabalhar pela reconstru��o da vida dos irm�os que todos os dias batem � porta da Miss�o Bel�m.
Acolhidos
Os rec�m-chegados revelam seus nomes, idade, proveni�ncia e problemas pessoais. Pl�nio, 38 anos, pedreiro, pintor de paredes e eletricista, veio de Ferraz de Vasconcelos; Marco Aur�lio, 32 anos, vidraceiro da Capital; Deraci, 39 anos, seguran�a, de Bras�lia; Almir, 28 anos, ajudante geral, do Esp�rito Santo, todos desempregados, buscaram a Miss�o Bel�m por indica��o de outros moradores de rua.
"Sou motorista de �nibus, mas a essa altura devo ter sido despedido do emprego, porque voltei ao crack e � bebida", disse Robson, de 35 anos, que vinha trabalhando desde o ano passado.
Os sobrenomes desses "irm�os" vindos da rua foram preservados porque alguns deles cometeram crimes que ali n�o precisam ser confessados. "Somos sustentados pela espiritualidade, n�o h� rem�dios nesse clima de fam�lia, de acolhida e ora��o", observa padre Gianpietro.
O Edif�cio Nazar� est� "detonado", diz o fundador da Miss�o Bel�m, apontando os danos causados por tr�s invas�es de sem-teto ao longo dos �ltimos anos. A reforma vai demorar alguns meses, segundo padre Zacarias, o procurador da Mitra, porque ser� feita uma revis�o geral nos elevadores, instala��es el�tricas e hidr�ulicas, banheiros, cozinhas e dormit�rios. Depender� tamb�m da resposta de empresas e colaboradores aos pedidos de doa��es, em material ou dinheiro, para cobrir o or�amento. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
Publicidade
Moradores de rua de S�o Paulo ganhar�o novo centro de acolhida at� o fim do ano
Publicidade
