Sorocaba, 28 - Uma jovem f�mea de tubar�o-lixa, resgatada na semana passada de um aqu�rio dom�stico em que vivia apertada, em Ribeir�o Preto, interior de S�o Paulo, j� d� sinais de estar � vontade em seu novo e espa�oso lar, em Ubatuba, litoral norte do Estado. O peixe carn�voro que, nos mares, costuma ser assustador, est� sendo alimentado na boca pela equipe de bi�logos e veterin�rios do Aqu�rio de Ubatuba, que se tornou guardi�o do animal.
Desde o dia 23, quando chegou, o tubar�o-lixa ganhou peso - est� com cerca de 26 quilos - e cresceu alguns cent�metros, chegando a 1,67 metro. O peixe de pele �spera, da� o nome, saiu de um compartimento com 3 mil litros de �gua para um tanque de quarentena com 20 mil litros, mas ser� levado para um ambiente ainda mais amplo, assim que passar o per�odo de observa��o e adapta��o.
O bi�logo Daniel Oliani, um dos tratadores, usa luva de a�o especial para levar o card�pio de camar�o e postas de peixes como merluza e bonito � boca da "ferinha", que tem dentes pequenos, mas pontiagudos e perigosos. "Ela n�o sabe ca�ar, por isso estamos dando na boca, mas a luva � apenas por prote��o, pois essa f�mea � muito d�cil", disse Oliani. O tubar�o est� comendo 700 gramas por dia, mas a quantidade de comida deve aumentar ao longo da adapta��o.
O tubar�o-lixa viajou cerca de 700 quil�metros at� o novo lar. A equipe do aqu�rio de Ubatuba se deslocou at� Ribeir�o Preto para recuperar o animal que vivia no aqu�rio de uma resid�ncia. Criador de peixes ex�ticos por hobby, o dono do im�vel adquiriu o esp�cime h� tr�s anos e meio, quando ainda era um filhote com pouco mais de 50 cm de comprimento. O tubar�o viveu todo esse tempo um aqu�rio de vidro de 3,20 m por 3 m, que logo se tornou pequeno.
Alimentado � base de camar�es grandes - cerca de 100 por dia - e alguns peixes, o predador atingiu 1,60 de comprimento e j� n�o cabia em sua "casa". Ao lado do inc�modo causado pelo "peix�o" que, a cada batida de causa jogava �gua pelo im�vel todo, o dono descobriu que a esp�cie da fauna silvestre era amea�ada de extin��o e sua posse, ilegal. Quem mant�m animal nessas condi��es pode responder por crime ambiental e pagar multa de R$ 5 mil.
De acordo com o comando da Pol�cia Ambiental na regi�o, quando o possuidor de boa f� se disp�e a entregar animal, como foi o caso do morador de Ribeir�o Preto, ele n�o sofre san��o. Como o tubar�o-lixa viveu a maior parte da vida em aqu�rio, ele n�o poderia ser devolvido � natureza. Foi assim que o Aqu�rio de Ubatuba entrou na hist�ria. O resgate de tubar�o-lixa envolveu uma log�stica minuciosa, acompanhada pelo ocean�grafo Hugo Gallo Neto, diretor do Aqu�rio de Ubatuba, pelo bi�logo Leandro Santos e pela veterin�ria Ver�nica Takatsuka.
Depois de ceder sangue para an�lises, o esp�cime foi transferido de maca do seu aqu�rio para um recipiente especial, com �gua salgada e oxigena��o. Durante a viagem, foram feitas paradas para avaliar as condi��es do animal. No �ltimo dia 23, trinta horas depois de deixar a casa antiga, o tubar�o deu entrada em sua nova morada.
Conforme Gallo, os resgates de animais s�o menos raros do que parecem. "J� perdemos a conta que quantos resgates fizemos ao longo desses 21 anos de atua��o, mas � importante ressaltar que o ambiente dom�stico n�o proporciona os cuidados necess�rios que os animais silvestres exigem para viver longe de seu habitat natural", disse.
Fundado em 1996, o aqu�rio de Ubatuba � o primeiro privado do Pa�s e atua na conserva��o do ambiente marinho por meio da educa��o e pesquisas. O circuito de visita��o � composto por 21 recintos, nos quais vivem mais de 700 animais de 130 esp�cies.