(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Idoso aceita negociar grafite em muro pintado de cinza no Beco do Batman


11/04/2017 20:07
438

O cinza t�o associado � pol�tica antipicha��o da gest�o Jo�o Doria amanheceu nesta ter�a-feira, 11, no mais conhecido ponto de arte de rua de S�o Paulo, o Beco do Batman, na Vila Madalena, zona oeste da cidade. A mudan�a n�o tem, contudo, rela��o com a administra��o municipal, mas com a iniciativa do aposentado Jo�o Batista da Silva, de 70 anos. Na segunda-feira, 10, ele passou grande parte do dia pintando o muro da pr�pria casa, na esquina da Rua Gon�alo Afonso, como uma forma de "protesto" contra as condi��es do local, bastante frequentado mesmo de noite.

"Isso aqui est� em um estado deplor�vel. N�o � por causa dos grafites. N�o tenho nada contra eles: tinha grafite no meu muro h� quase 20 anos. O problema � que as pessoas ficam a noite toda aqui. Usavam o meu port�o de poleiro", diz ele, que, no fim da manh� aceitou voltar a ceder o espa�o para artistas.

Segundo o grafiteiro Binho Ribeiro, que j� ocupava a maior parte do muro, a nova pintura deve come�ar j� na quinta-feira, 13. "N�o sou contra o que foi feito pelo Seu Jo�o, e acho que o resultado pode ser positivo. Mas temos que agir logo, porque, se deixar assim, o muro vai ficar detonado", explica.

O morador afirma, contudo, que uma nova pintura ainda est� em negocia��o. "Todo mundo ganha dinheiro aqui, eles v�m, fazem filmagem, foto. Se todo mundo ganha, por que eu n�o posso ganhar tamb�m? O certo seria eu ser ressarcido pelo menos no que gastei (cerca de R$ 200)", adianta.

Silva afirma que a escolha por uma tinta cinza-chumbo foi uma sugest�o dos vendedores de uma de loja de materiais de constru��o, tanto que a ideia inicial era utilizar uma varia��o do marrom. "Falaram que essa cor era melhor para cobrir os grafites. H� 20 anos, a minha casa aqui era bege, estava com saudade disso", diz ele.

Al�m de Binho Ribeiro, o muro do morador tamb�m era ocupado por um trabalho do grafiteiro Boleta, do coletivo Local Studio Art. "A casa � do Seu Jo�o, ele pode fazer o que quiser. Sempre tivemos uma boa rela��o, tanto que ele me avisou da decis�o", afirma o artista, que ressalta a import�ncia de haver mais sinaliza��o no Beco. "O meu desenho estava at� descascado em uma parte na qual os visitantes costumavam colocar o p� para tirar fotos", argumenta ele, que, com a nova pintura, teme perder o espa�o que ocupava h� cerca de 20 anos.

Como ele explica, os grafiteiros geralmente pintam os muros apenas ap�s negociar com o propriet�rio, autoriza��o que costuma ser renovada nos anos subsequentes. A situa��o se tornou t�o tradicional no espa�o, que ele considera improv�vel que um local consiga permanecer cinza por l� - o que se confirmou com a manifesta��o de pichadores contra a pintura.

"Aqui � um lugar de muros pintados, ent�o, para muita gente, um muro liso � uma afronta. Se ficar assim, as pessoas v�o continuar escrevendo, o que vai se acumular at� o ponto de se tornar atrativo e todo mundo de novo come�ar a tirar foto por l�", opina.

Nem todos os grafites da casa foram, contudo, removidos pelo idoso, que manteve a pintura feita no port�o da casa pelo grafiteiro Jerry Ribeiro, parceria que se mant�m h� 18 anos. "Entendo o protesto. E se existe um lugar certo para se manifestar � aqui", diz o artista. De acordo com ele, visitantes costumavam, por exemplo, ignorar as tr�s placas instaladas por Silva para n�o estacionar em frente ao seu port�o."Tem gente que acha que aqui � parque de divers�es, nem sabe que tem moradores", relata.

Reclama��es de moradores

Por volta das 7h30, o prefeito regional de Pinheiros, Paulo Mathias, se reuniu com Jo�o Batista da Silva. "Vamos estudar as mudan�as sugeridas por ele. Busquei mostrar que seria ruim ter um muro pintado de cinza em um ambiente t�o cultural da cidade", comenta. Segundo Mathias, novos servi�os de zeladoria devem ser iniciados no Beco na pr�xima semana.

Moradora do local h� 20 anos, a aposentada Vera L�cia Teixeiras de Souza, de 61 anos, afirma que a vizinhan�a n�o � contra os grafiteiros. "Durante o dia, aqui � uma beleza. Mas, de noite, acordo duas, tr�s vezes, com gente em cima do meu muro, quase na minha janela. At� o Parque do Ibirapuera fecha de noite, por que n�o pode ser assim aqui tamb�m?", questiona.

Para Jo�o Batista da Silva, as luzes do Beco deveriam ser reduzidas ap�s as 22h para repelir a perman�ncia de visitantes, especialmente de m�sicos. "Para tirar foto, olhar as pinturas, n�o precisa tocar m�sica", questiona ele, que sempre morou na regi�o. "H� 20 anos. Aqui era uma tranquilidade. As casas tinham muro baixo e, mesmo assim, ningu�m entrava", relembra ele.

Pr�ximo dali, um mais de 20 turistas visitavam o espa�o. "A gente tinha curiosidade. Uma amiga minha conhecia e indicou. Nunca vimos nada parecido, apenas grafites isolados em um local ou outro", relata a estudante de Direito Thais Souza de Oliveira, de 22 anos, que veio de Manaus passar quatro dias em S�o Paulo com o servidor p�blico Lucas Galiza de Queir�s, de 22 anos. "Esse lugar � t�o lindo. Achei muito triste o que aconteceu hoje", comentou tamb�m a estudante Roanna Santos, de 24 anos, vinda do Recife.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)