S�o Paulo, 20 - No Brasil, 1 em cada 10 adolescentes de 11 a 17 anos acessa conte�do na internet sobre formas de se ferir - e 1 em cada 20, de se suicidar, segundo o Centro de Estudos Sobre Tecnologias da Informa��o e Comunica��o (Cetic). Depois de postar em sua p�gina no Facebook a frase "a culpa � da baleia", um adolescente de 17 anos tentou se jogar ontem do viaduto sobre a Rodovia Marechal Rondon, em Bauru, interior paulista. Trata-se de mais um caso que envolveria o jogo viral de internet Baleia-Azul, que incita a suic�dio e mutila��es e j� causou alertas policiais e de sa�de em oito Estados (SP, PR, MG, MT, PE, PB, RJ e SC).
Pesquisa do Cetic que analisou 19 milh�es de internautas brasileiros mostra o avan�o das buscas desse p�blico por mutila��es (11%) e mortes (6%) no universo online. Os casos mais recentes envolvem o Baleia-Azul. O maior n�mero de registros at� agora � na Para�ba, onde a Pol�cia Militar diz ter identificado 20 adolescentes envolvidos no jogo. O coronel Arnaldo Sobrinho, coordenador do Escrit�rio Brasileiro da Associa��o Internacional de Preven��o ao Crime Cibern�tico, relatou tentativas de suic�dio e mutila��o de adolescentes em Jo�o Pessoa e nas cidades de Campina Grande e Guarabira.
A origem e at� a exist�ncia do suposto jogo, com 50 n�veis de dificuldade, tendo o suic�dio como resultado final, � pol�mica. Seu nome deriva da esp�cie presente nos Oceanos Atl�ntico, Pac�fico, Ant�rtico e �ndico que chega a procurar as praias, por vontade pr�pria, para morrer.
As primeiras informa��es, de 2015, relatavam um jogo de incentivo ao suic�dio propagado pelo Vkontakte (VK), o Facebook russo. Posteriormente, entidades denunciaram o caso como "fake news" (not�cia falsa), mas o viral n�o para de avan�ar. Participantes surgem em grupos fechados, selecionados de madrugada. Na sequ�ncia, o administrador, ou "curador", lan�a desafios, que j� provocaram problemas em diversos pa�ses, incluindo Espanha e Fran�a.
Pol�cia.
O problema tem ganhado contornos reais e policiais. Em S�o Paulo, o caso de Bauru n�o � isolado. Na semana passada, um adolescente de 13 anos tentou se matar, em Ja�, cortando bra�os com l�mina de barbear. Uma irm� contou que o garoto andava depressivo e excluiu a fam�lia das redes sociais. A m�e conseguiu entrar no notebook do jovem apenas no dia seguinte e notou a associa��o com o baleia-azul.
E os casos se espalham pelo Pa�s. No Paran�, Priscila (nome fict�cio), de 25 anos, decidiu entrar no jogo para investig�-lo porque estava preocupada com a irm�, de 11 anos - e se assustou. "N�o consegui chegar at� o fim, s�o mensagens pesadas, que nos incitam a fazer mal para pessoas que amamos. � agressivo, intenso, mas precisei entrar para saber o perigo."
O Paran� registrou a entrada de oito adolescentes entre 13 e 17 anos (quatro meninos e quatro meninas), na madrugada de ontem, nas unidades de sa�de de Curitiba - cinco por tentativa de suic�dio por medicamentos e tr�s por automutila��o. O secret�rio estadual de Seguran�a, Wagner Mesquita, afirmou que um dos jovens relatou a participa��o no jogo.
"Nossa investiga��o vai em busca dos respons�veis para enquadr�-los por incita��o ao suic�dio", disse ele. O crime, previsto no artigo 122 do C�digo Penal, tem pena de 2 a 6 anos de reclus�o. "Vamos trocar informa��es com outros Estados."
Em Pernambuco, a Pol�cia Federal lan�ou um v�deo na internet e montou equipes anteontem para ir a escolas fazer alertas. Em menos de uma semana, a pol�cia catarinense atendeu nove casos de mutila��es, instigados pelo Baleia-Azul e lan�ar� uma campanha de conscientiza��o. J� a regi�o nordeste de Mato Grosso est� em alerta. Al�m de investigar a morte de Maria Oliveira de 16 anos, h� 15 dias, a PM identificou uma suposta comunidade ligada ao jogo com cerca de 350 participantes.
Em Minas, a Pol�cia Civil investiga dois suic�dios, o de um jovem de 19 anos, de Par� de Minas (regi�o centro-oeste), e de um rapaz de 16 anos, de Belo Horizonte. No Rio, h� dois casos de aliciamento do jogo sendo apurados pela Delegacia de Repress�o aos Crimes de Inform�tica. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.