S�o Paulo, 06 - Para realizar o sonho de se formar em uma universidade, o estudante Lucas Gandolfi, de 25 anos, e sua fam�lia sa�ram de uma casa em Francisco Morato, na regi�o metropolitana de S�o Paulo, para viver em uma favela da capital, a Canta Galo, na regi�o de Pirituba, na zona norte. Seus pais, uma empregada dom�stica e um marceneiro, j� trabalhavam na cidade e decidiram que a mudan�a poderia garantir um futuro melhor para os filhos - a irm� de Gandolfi havia sido aprovada na institui��o um ano antes.
Hoje cursando o 4.� ano de Medicina, Gandolfi prestou seis vezes o vestibular - estudou por quatro anos no cursinho da Poli - at� ser aprovado. �Por mais que houvesse algum tipo de bonifica��o para quem vem da escola p�blica, a defasagem era muito grande�, diz.
Por causa da baixa renda de sua fam�lia, o estudante poderia pedir uma vaga na moradia estudantil da Faculdade de Medicina da USP (Fmusp), mas preferiu levar os R$ 400 do aux�lio oferecido pela universidade para ajudar em casa. Como o curso � em tempo integral, ele n�o consegue trabalhar. �Viemos para c� em uma condi��o muito deficit�ria.�
Foi com base nessa experi�ncia de vida que o estudante criou, com ajuda de outros colegas de realidade semelhante, o projeto Semeando Educa��o, que oferece palestras em escolas p�blicas para mostrar as possibilidades e oportunidades de se cursar uma universidade gratuita. �Existem muitas pessoas que nem sequer conhecem o vestibular e as oportunidades que uma faculdade pode oferecer�, diz Gandolfi.
Quando fazem a peregrina��o por escolas, os alunos contam como funciona a vida universit�ria, d�o dicas de como passar no vestibular e apontam possibilidades para estimular quem ainda est� no ensino m�dio. �Uma pessoa da periferia pode se destacar em uma �rea que ela gosta, adquirir t�cnica e depois voltar para a comunidade de onde veio para praticar esse conhecimento. Ningu�m melhor do que ela para saber os problemas reais dessa comunidade�, diz o estudante. O grupo tamb�m mant�m uma p�gina no Facebook e um blog sobre vestibular.
Moradia subsidiada � um dos desafios
Uma das quest�es inerentes � chegada de alunos com menos condi��es � como aloj�-los. No c�mpus Butant� houve 3.832 inscritos para concorrer a uma bolsa de moradia neste ano, o dobro em rela��o a 2013. Mas o n�mero de vagas na Cidade Universit�ria caiu: passou de 206, em 2013, para 165, em 2017. Segundo Anu�rio Estat�stico da USP, em 2016, 16,4% dos ingressantes tinham renda familiar mensal de at� tr�s sal�rios m�nimos. O governo estuda repasse extra de R$ 260 milh�es para moradia e alimenta��o.
As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Luiz Fernando Toledo)