S�o Paulo, 08 - Um estudante do 4� ano de Medicina da Universidade de S�o Paulo (Fmusp), de 24 anos, relatou ter sido v�tima de racismo durante a competi��o esportiva Intermed, entre alunos da medicina, realizada nesta semana.
O aluno afirmou que durante uma das partidas de v�lei feita em Barretos contra os cursos das Pontif�cia Universidade Cat�lica de Sorocaba (PUC Sorocaba) e PUC Campinas, na segunda-feira, 4, recebeu ofensas sobre sua cor. "Eu estava no aquecimento e ouvi algu�m dizendo 'olha a sua cor, voc� � negro, com certeza passou por cotas'", contou. Ele n�o conseguiu identificar quem o ofendeu. Depois do epis�dio, o estudante publicou um texto em seu perfil no Facebook narrando o epis�dio.
Na quarta-feira, 6, em outro jogo, o aluno relatou novo ataque. Um v�deo que circula nas redes sociais mostra uma menina na torcida com um cacho de banana nas m�os, que, de acordo com a v�tima, seria uma refer�ncia racista. "Come�aram a imitar sons de macaco", relatou. Em seguida, gritaram "text�o de Facebook", em refer�ncia ao fato de o estudante ter denunciado o epis�dio de racismo no in�cio da semana. A publica��o dele teve 1,4 mil curtidas e mais de 200 compartilhamentos.
Alunos de ambas as universidades repudiaram o ato. Em nota, os coletivos "emente e Feminista Maria, Maria, de alunos da PUC, lembraram que este tipo de pr�tica j� aconteceu em outros anos e cobraram posicionamento da atl�tica da PUC Campinas, a Associa��o Acad�mica Atl�tica Carlos Osvaldo Teixeira. A reportagem n�o havia conseguido contato com a entidade at� a publica��o desta mat�ria.
Outros casos
Trotes e a��es consideradas racistas j� foram relatadas por alunos de universidades paulistas em outros anos. Em abril de 2015, por exemplo, a PUC Campinas abriu sindic�ncia para investigar um epis�dio no curso de Direito. Em uma discuss�o na internet, um estudante negro foi alvo de uma montagem com a frase "a tocha da Klu Klux Klan (KKK, a seita racista americana) chega a tremer" depois de sair em defesa de uma colega.
Em outra imagem, uma mulher negra posa para uma foto ao lado de tr�s pessoas vestidas de membros da KKK, com a frase "nego perdeu a no��o do perigo. Em mar�o, calouros foram recebidos na Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp) com roupas semelhantes � da KKK, embora os respons�veis neguem e digam que a fantasia era de "carrascos".
A reportagem tentou contato na quinta-feira, 7, com as PUCs de S�o Paulo, Campinas e Sorocaba, mas n�o obteve retorno.
CPI
Instaurada em 2014, a Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) do Trote apurou uma s�rie de viola��o de direitos humanos em universidades paulistas. A maioria das den�ncias vinha de cursos de Medicina.
Al�m de trotes com ingest�o de fezes, castigos f�sicos e humilha��es, o relat�rio final da CPI apontou que, mesmo depois do per�odo inicial do curso, pr�ticas violentas continuavam a acontecer entre os alunos. A comiss�o recomendou que alunos com hist�rico "trotista" n�o pudessem participar de concursos p�blicos.
(Luiz Fernando Toledo)