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Estado de Minas

'Eu choro todos os dias', afirma m�e de v�tima no Rio


postado em 30/10/2017 08:19

Rio, 30 - Foi no Rio que houve a alta mais relevante nos latroc�nios em todo o Pa�s, segundo o 11� Anu�rio do F�rum Brasileiro de Seguran�a P�blica, divulgado nesta segunda-feira, 30. O n�mero passou de 131 ocorr�ncias em 2015 para 225 no ano seguinte, com crescimento de 70% e a maior eleva��o absoluta entre os Estados. O fen�meno ocorre em meio � crise fiscal do Estado, com atrasos no pagamento do sal�rio dos servidores e dificuldades de manter pol�ticas p�blicas, como o sistema de gratifica��es para agentes de seguran�a e das Unidades de Pol�cia Pacificadora (UPPs).

O cen�rio fez com que o presidente Michel Temer autorizasse h� um m�s o uso de militares das For�as Armadas em �reas como a Favela da Rocinha, na zona sul, onde fac��es rivais disputam o comando do tr�fico. Os militares tamb�m t�m apoiado as pol�cias em opera��es para localizar traficantes e armas.

Diretor do Instituto Igarap�, Robert Muggah v� "aumento dram�tico da viol�ncia" no Rio como resultado de uma "ressaca" ap�s os grandes eventos sediados l�, como a Copa do Mundo de 2014 e a Olimp�ada no ano passado. "O Estado enfrentou cortes or�ament�rios na seguran�a justamente quando o que precisava era aumentar investimentos", afirma.

Muggah v� o uso das tropas s� como uma anestesia. "Representa um al�vio tempor�rio, mas n�o lida com os fatores estruturais que levaram o Estado a essa situa��o." Para ele, o Rio precisa retomar seu programa de metas, criado em 2009, com pagamento de gratifica��es extras para as �reas que atingiam os objetivos tra�ados. O Estado tem tido dificuldades para manter o sistema de b�nus. "O programa foi extremamente eficaz para mobilizar os policiais na redu��o dos homic�dios."

Luto

Os 34 meses que separam a data da morte do seu filho para hoje n�o diminu�ram a dor da jornalista Mausy Schomaker, de 66 anos, m�e de Alex Schomaker Bastos. Aos 24 anos, a poucos dias da cola��o de grau no curso de Biologia, ele foi assassinado com seis tiros em ponto de �nibus pr�ximo ao c�mpus da Praia Vermelha da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em Botafogo, na zona sul, por bandidos que queriam seu celular. Era a noite de 8 de janeiro de 2015.

Em casa, Mausy havia recebido uma mensagem do filho: ele j� estava saindo da faculdade, onde tinha ido acertar detalhes da formatura. O trajeto at� o Flamengo, onde morava, n�o levaria mais do que vinte minutos naquele hor�rio, �s 21h30. Mausy j� pensava na comida que iria esquentar para o jantar.

Mas quem chegou n�o foi Alex, mas a pol�cia, com a not�cia do crime. Dois homens haviam aparecido em duas motos e avistaram Alex com o celular na m�o. O rapaz se assustou. Foi jogado no ch�o e alvejado quando um determinou ao parceiro: "Mata logo".

Desde ent�o Mausy e o marido, o tamb�m jornalista Andrei Bastos, ouvem o elogio: "Nossa, como voc�s s�o fortes e corajosos!" Isso porque, mesmo abalado, o casal se mobilizou para transformar o espa�o onde fica o ponto de �nibus numa pra�a, com apoio da prefeitura do Rio. Com o nome de Alex, o local tem brinquedos para crian�as e um arm�rio cheio de livros doados, para quem quiser pegar. Antes abandonada, a pra�a passou a ter as �rvores podadas. O ponto de �nibus, pintado de branco pela fam�lia, agora est� mais iluminado.

"N�o sou forte nem corajosa", rebate Mausy, que antes da missa de s�timo dia correu a um tatuador, com o marido, para gravarem na pele c�pias de tatuagens que o filho tinha. "Eu choro todos os dias, quando ando na bicicleta dele, quando vou ao supermercado e, por segundos, penso em comprar o xampu que ele gostava", conta. "Mas desde o in�cio vi que n�o podia ficar na cama. N�o posso sair na rua dizendo o qu�o triste estou, da saudade horrorosa."

Os dois assassinos foram localizados cinco meses depois do crime e condenados a 28 anos de pris�o. Mausy n�o se sente reconfortada por saber que est�o fora de circula��o. "Cada vez que vejo uma m�e abra�ada a um caix�o penso que a morte do Alex n�o mudou nada. De l� para c�, s� piorou", lamenta. Os pais processam o Estado e a prefeitura por n�o terem garantido condi��es ao filho de andar de �nibus � noite.

"Ando de madrugada, �s vezes torcendo para ser assaltada. Acho que vou bater, matar, morrer. A gente n�o tem medo mais, fica meio vazia mesmo."

Integra��o

Em nota, a Secretaria de Seguran�a do Rio disse que tem trabalhado para reduzir os indicadores de viol�ncia. A pasta informou ainda que a cria��o de um grupo - que integra as intelig�ncias do governo federal, as pol�cias Rodovi�ria Federal, Militar e Civil, al�m de �rg�o penitenci�rios - "vem ajudando na elucida��o de crimes, como os latroc�nios."

Em 2017, a tend�ncia continua sendo de alta nos latroc�nios. Conforme o Instituto de Seguran�a P�blica, que faz a compila��o oficial dos �ndices da viol�ncia do Estado, foram 176 registros de janeiro a agosto. No mesmo per�odo do ano passado, foram 143 casos. O aumento j� � de 23%.

As informa��es s�o do jornal

O Estado de S. Paulo.

(Marco Ant�nio Carvalho e Roberta Pennafort)


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