Crian�a desmaia em escola e MP vai apurar poss�veis irregularidades

Bras�lia - O desmaio de um menino de oito anos em uma escola do Distrito Federal iniciou uma investiga��o da Procuradoria de Justi�a do Minist�rio P�blico Estadual para verificar se alunos da institui��o est�o passando fome. Ele faz parte de um grupo de 250 crian�as de baixa renda que precisa se deslocar por 30 quil�metros diariamente para participar das aulas no per�odo da tarde, na Escola Classe 8. A Secretaria de Educa��o do DF oferece apenas um lanche aos estudantes, composto por bolacha e suco, de duas a tr�s vezes na semana.

Segundo a professora do aluno, Ana Carolina Costa, o menino estava chorando e reclamando de dores no peito na �ltima segunda-feira, 13. Enquanto ela tentava ajud�-lo, ele desmaiou duas vezes. O Servi�o de Atendimento M�vel de Urg�ncia (Samu) foi acionado e, durante o atendimento, foi relatado que a crian�a n�o havia comido nada no dia anterior e teria tomado apenas um mingau de fub� antes de sair de casa naquela manh�. Tr�s irm�os da crian�a que tamb�m estudam no local foram chamados e confirmaram a informa��o.

Ana Carolina disse que outras crian�as tamb�m chegam reclamando de fome na institui��o p�blica e, por volta das 15h, no hor�rio do lanche, "j� est�o quase desmaiando". "Grande parte das crian�as que v�m de outra regi�o administrativa � bem carente em rela��o � alimenta��o di�ria. J� percebi desde o come�o do ano essa realidade, a gente comentava com a dire��o, s� que a Secretaria (de Educa��o) informava que n�o podia mudar o card�pio, n�o podia fazer a adapta��o alimentar".

Ap�s a repercuss�o do epis�dio, a Secretaria de Educa��o enviou nesta sexta-feira, 17, um conselheiro da �rea de alimenta��o at� a escola para verificar a situa��o. "Ele viu que a necessidade � grande e disse que � bem prov�vel que se fa�a uma adequa��o alimentar", relatou a professora. Ela afirmou que foi at� a casa da crian�a esta semana para levar uma cesta b�sica, mas que a m�e do menino afirmou que n�o falta comida.

Refei��o de qualidade

Para o diretor do Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF), Samuel Fernandes, o governo deveria construir escolas nas regi�es onde os alunos moram para evitar grandes deslocamentos. Caso isso n�o seja poss�vel, o diretor avalia que ao menos uma refei��o de qualidade deveria ser oferecida. "Embora elas n�o fiquem na escola em per�odo integral, que oferece todas as refei��es, essas crian�as devem ser consideradas exce��es. Elas estudam no per�odo parcial, que � o vespertino, mas � como se fosse integral, porque ficam de sete a oito horas fora de casa, boa parte dentro do �nibus escolar", declarou Fernandes.

Ele destacou que, por se tratarem de crian�as de baixa renda, muitas vezes a �nica refei��o que fazem � dentro escola. "Se o governo n�o oferece, infelizmente a qualidade da aprendizagem n�o vai ser a mesma das demais, que t�m boa alimenta��o."

Em nota, a Secretaria de Educa��o afirmou que o t�cnico do Samu que prestou o atendimento � crian�a na segunda-feira relatou que ela estava "molinha", mas que n�o foi verificado "nenhum problema". "A crian�a, no entanto, relatou durante o atendimento que n�o vinha comendo bem desde domingo. A escola ofertou, ent�o, um alimento e, ap�s comer, a crian�a sentiu-se melhor. Durante o atendimento no local, a crian�a n�o sofreu qualquer desmaio. Ap�s o atendimento, o pai foi chamado e levou o menino para casa. Na sequ�ncia, a escola acionou o Conselho Tutelar para verificar a situa��o da fam�lia", disse a Secretaria.

Ainda de acordo com o texto, "a diretora da escola afirmou � Regional de Ensino que o aluno j� chegou � escola passando mal e, enquanto ela acompanhou a crian�a, ele n�o desmaiou". A diretora teria relatado tamb�m que o aluno saiu de casa ap�s as 12h. "Os �nibus que transportam os alunos do Parano� ao Cruzeiro s�o contratados pela Secretaria de Educa��o. S�o duas linhas especiais que realizam este atendimento. A que atende a escola em quest�o sai do Parano� �s 12h20 e retorna ao Cruzeiro �s 18h", afirma a Secretaria. A nota diz ainda que o Conselho Tutelar informou que a fam�lia da crian�a recebe o Bolsa Fam�lia (R$ 520) e o DF Sem Mis�ria (R$ 400).