Das investiga��es referentes aos tr�s massacres, somente em um dos casos houve apresenta��o de den�ncia criminal. Em Manaus, 213 pessoas responder�o na Justi�a pelo homic�dio triplamente qualificado de 56 presos. Em Boa Vista, o inqu�rito corre sob segredo e ainda n�o foi finalizado, assim como em Natal, onde a Penitenci�ria de Alca�uz, palco do massacre, tem hoje o dobro de presos que tinha em janeiro passado.
Maria Laura Canineu, diretora do escrit�rio brasileiro da Human Rights Watch, observat�rio de direitos humanos, ponderou que um ano n�o � tempo suficiente para realizar as medidas necess�rias contra um problema hist�rico. Por outro lado, disse que o senso de urg�ncia que mobilizou �rg�os governamentais nos primeiros meses parece ter arrefecido. "A urg�ncia que o problema demanda n�o permaneceu ap�s os primeiros meses e parece que o tema j� saiu um pouco do cen�rio. Quest�es centrais foram deixadas de lado e as promessas acabaram n�o sendo completamente implementadas", diz.
Relat�rio elaborado pelo Tribunal de Contas da Uni�o (TCU) e divulgado agora em dezembro constatou que ao longo do ano unidades prisionais de 11 Estados registraram rebeli�es entre outubro de 2016 e maio de 2017. Em 78% dos casos, a rebeli�o aconteceu em uma cadeia com superlota��o. Mesmo com esse cen�rio, s� 3% de mais de R$ 1 bilh�o liberado pelo Fundo Penitenci�rio (Funpen) aos Estados foram gastos em mais de 12 meses, segundo mostrou o Estado na semana passada.
As fam�lias ainda aguardam indeniza��es prometidas, com poucos casos vitoriosos na Justi�a, enquanto convivem com o medo e a lembran�a das imagens dos mortos distribu�das pelo WhatsApp. Do filho Joniarlison Feitosa dos Santos, o que a dom�stica Divaneide de Jesus Feitosa, de 52 anos, mais se recorda � o amor dele pelo Flamengo, o respeito com os pais ao pedir diariamente a b�n��o ao v�-los, e as demonstra��es de carinho. "Bateram demais no meu filho. Quem mandou fazer isso n�o tem pai nem m�e. Ele podia ter feito algo errado (Santos estava preso por tr�fico de drogas), mas estava pagando. N�o tinha nenhuma morte, n�o fazia parte de nenhuma fac��o", lamenta a dom�stica, chorando sentada � mesa da sala com a neta de 1 ano e 7 meses no colo. Ele foi morto no Complexo Penitenci�rio An�sio Jobim (Compaj), em Manaus.
Tens�o
Nas ruas da capital amazonense, a tens�o permanece. Na noite de 12 de dezembro, homens armados chegaram a um campo de futebol no bairro da Compensa, conhecido reduto da Fam�lia do Norte (FDN), e abriram fogo, matando seis pessoas e ferindo outras nove.
A Secretaria da Seguran�a diz que um dos clubes, o T5 Jamaica, era mantido por membros de uma organiza��o criminosa e "as investiga��es apuram se as mortes decorrem de um racha interno do grupo, de uma disputa entre fac��es rivais pelo controle do tr�fico de drogas ou de retalia��es por outros homic�dios praticados na cidade". A pol�cia j� acredita em um racha dentro da FDN. Uma pessoa foi presa.
O procurador M�rcio S�rgio Christino, do Minist�rio P�blico de S�o Paulo, diz que o conflito no come�o do ano serviu para demonstrar o tamanho das fac��es, que at� aquele momento "n�o tinha sido percebido". "Essa foi a grande li��o. Percebemos o quanto as fac��es cresceram e hoje est�o espalhadas pelo Brasil inteiro com uma for�a muito grande."
Ele alerta para a continuidade da expans�o das fac��es, apesar da relativa calmaria atualmente. "Os massacres foram demonstra��es de uma for�a que at� ent�o era insuspeita. Mas o final das rebeli�es n�o significa que as fac��es desistiram, mas, sim, que aquela forma de conflito se esgotou." (Colaborou Ricardo Ara�jo, Especial Para o Estado)
As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Marco Ant�nio Carvalho, enviado especial)