Depois do reconhecimento p�blico do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pez�o, sobre falhas de planejamento na cobertura policial e diante das demonstra��es de falta de controle das for�as p�blicas estaduais em rela��o � seguran�a p�blica no Rio, no Carnaval, o governo federal entrou em alerta e est� decidido a agir no Estado. Ontem, quarta-feira de cinzas, um dia tradicionalmente de quase feriado, o presidente Michel Temer se reuniu com os principais ministros ligados a ele e a este problema para discutir, n�o s� a situa��o dos venezuelanos, em Roraima, mas tamb�m do dom�nio do crime no Rio, que tem aterrorizado a popula��o.
Em busca de uma solu��o, Temer despachou os ministros da Defesa, Raul Jungmann, e da Secretaria Geral, Moreira Franco, na manh� desta quinta-feira, para terem uma conversa com o governador do Estado, Luiz Fernando Pez�o. Um interlocutor do presidente disse que a situa��o que se verificou l� era o caso, sem d�vidas, de uma interven��o cl�ssica do governo federal no Estado. Isso, no entanto, teria s�rias implica��es pol�ticas porque travaria a aprova��o da reforma da Previd�ncia. Por conta disso, o primeiro passo poderia ser uma esp�cie de interven��o branca e a� entra a discuss�o sobre a cria��o ou n�o do Minist�rio da Seguran�a P�blica, porque poderia ser um caminho, a curto prazo, para o governo federal tentar come�ar a agir mais cirurgicamente no Rio.
No entanto, a simples men��o de qualquer palavra como "interven��o", ainda que seja "interven��o branca", assusta integrantes do governo, que recha�am a ideia e limitam-se a dizer que o presidente quer resolver o problema em parceria com o Rio, para evitar maiores novos problemas pol�ticos.
As declara��es do governador Pez�o, antes do Carnaval, dizendo que n�o tinha tido tempo para ler o plano de seguran�a para o Estado e, depois, em sua cidade natal, Pira�, no interior do Rio, simplesmente dizendo que faltou planejamento durante os �ltimos dias, foram consideradas "absurdas" e "inaceit�veis" por interlocutores do presidente. Temer e seus ministros ficaram "chocados" com o que viram, n�o s� em rela��o � viol�ncia, protagonizada pelo arrastar em um supermercado do Leblon, mas tamb�m pelo que chamaram de degrada��o moral, que se viu em in�meras imagens veiculadas em mensagens de WhatsApp e que foram levadas ao Pal�cio da Alvorada, onde o presidente passou o dia tratando de quest�es de seguran�a com seus ministros.
Um dos graves problemas detectados neste epis�dio, de acordo com avalia��o de interlocutores do presidente, � a "fal�ncia" do sistema de intelig�ncia do Rio de Janeiro. Como o Rio tem protagonismo na condu��o deste processo de combate � viol�ncia, o governo federal, mesmo com a decreta��o da GLO - Garantia da Lei e da Ordem, est� muito incomodado de estar sendo atacado por todos os lados, sem poder reagir, expondo a todos, inclusive as For�as Armadas, que s� agem quando s�o demandas.
Ontem, em entrevista ao sair da reuni�o com Temer, os comandantes militares e v�rios ministros, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, alertou para a grave preocupa��o do governo com o que se passa no Rio, e citou que deveria ir ao Estado para uma reuni�o importante, sem detalhar do que se tratava especificamente. Depois da reuni�o com Pez�o, no Rio, Moreira Franco e Jungmann voltam a Bras�lia, para relatarem o que ouviram e suas avalia��es sobre o que deve ser feito. O fato, para integrantes do governo federal, � que "n�o d� mais para ficar parado".
Ao sair do Alvorada ontem � noite, depois de mais uma reuni�o com o presidente, o ministro da Defesa anunciou que "novas medidas" poder�o ser tomadas pelo governo federal para tentar controlar o quadro de gravidade do Rio de Janeiro, que enfrentou mais um grave problema de seguran�a durante o Carnaval, sem, no entanto, detalhar nenhuma medida. "A situa��o do Rio, durante o Carnaval, foi lament�vel e as imagens que se viram impactaram o governo", desabafou Jungmann. Para o ministro, "as cenas vistas durante o carnaval s�o inadmiss�veis e inaceit�veis".
Ao reiterar que o governo federal poder� "ampliar a ajuda" ao Rio, o ministro Jungmann afirmou que as For�as Armadas "agem por demanda" e "n�o foi demandado nada adicional" para ajudar na seguran�a do Estado. Ainda segundo o ministro, "por determina��o do presidente Temer, nossa avalia��o, devemos ver e pensar como podemos ajudar mais". E reiterou: "n�o temos deixado de cumprir nada que nos tem sido solicitado. Agimos por demanda e em parceria com o governo do Rio, que tem a lideran�a do processo".
A discuss�o sobre a cria��o do minist�rio da Seguran�a P�blica, em separa��o do Minist�rio da Justi�a, � objeto de discuss�o dentro do governo e h� duas correntes, uma que apoia e acha que essa � a solu��o para o momento, e outra que � contra, alegando que n�o h� tempo h�bil para executar esta divis�o e ela ter algum efeito pr�tico. O pr�prio presidente Temer inicialmente reconhecia que a divis�o "n�o resolveria" o problema da seguran�a p�blica no Rio, ou no resto do Pa�s e que ela demandaria muitos recursos, que n�o est�o dispon�veis. Mas o assunto est� em pauta, embora falte bater o martelo.
(T�nia Monteiro)