S�o Paulo, 22 - Maior ativo p�blico na lista de privatiza��es da gest�o Jo�o Doria (PSDB), o aut�dromo de Interlagos, na zona sul de S�o Paulo, dever� ganhar um novo bairro com pr�dios residenciais, um complexo empresarial com escrit�rios e hot�is e at� um shopping instalado no meio do circuito da F�rmula 1. Esses s�o os neg�cios imobili�rios que a Prefeitura prop�e liberar para a empresa que comprar o aut�dromo para valorizar a venda do espa�o.
A gest�o destinou ao todo tr�s diferentes �reas que ocupam, juntas, 14% dos 960 mil m� do aut�dromo para que o futuro dono de Interlagos promova seus neg�cios. A proposta permitir� a constru��o de at� 480 mil m�, o equivalente a quatro edif�cios como o Copan, pr�dio emblem�tico no centro da capital, com torres sem limite de altura. A maior �rea, de 70 mil m�, � a do atual kart�dromo Ayrton Senna, que dever� virar um bairro com cerca de 25 pr�dios para receber at� 5 mil fam�lias.
Como contrapartida, o futuro dono de Interlagos ter� de manter a pista oficial para atividades automobil�sticas, exig�ncia definida no projeto de lei de privatiza��o do aut�dromo, instalar um parque p�blico de acesso gratuito dentro do circuito e construir 1.579 moradias populares no entorno.
A proposta foi divulgada h� duas semanas pela Prefeitura juntamente com o Projeto de Interven��o Urbana (PIU) Arco Jurubatuba, na zona sul, e ficar� em consulta p�blica at� o in�cio do m�s que vem, quando poder� sofrer algumas altera��es antes de ser enviado para a C�mara Municipal at� o fim de mar�o. O projeto precisa ser aprovado em duas vota��es por 2/3 dos vereadores para virar lei.
Com 78 anos de hist�ria, Interlagos foi inclu�do por Doria na lista de equipamentos a serem privatizados por ser muito custoso e ocioso. Segundo a Prefeitura, o gasto anual chega a R$ 55 milh�es, sendo R$ 5 milh�es com manuten��o e pessoal e R$ 50 milh�es com a montagem das estruturas provis�rias para o GP de F�rmula 1, al�m de grandes reformas estruturais. A �ltima, em 2016, custou R$ 160 milh�es.
Em outubro do ano passado, Doria disse que queria privatizar o aut�dromo at� mar�o deste ano e arrecadar com ele at� R$ 2,5 bilh�es. Agora, por�m, a meta � concluir o processo neste ano.
Neg�cio
A destina��o de �reas dentro do aut�dromo para explora��o imobili�ria foi a solu��o encontrada pela gest�o Doria para valorizar o terreno de Interlagos. Um dos maiores entusiastas da ideia � o presidente da C�mara, Milton Leite (DEM), aliado do prefeito e com reduto eleitoral na regi�o. Segundo o diretor de desenvolvimento da S�o Paulo Urbanismo (SP Urbanismo), Leonardo Amaral Castro, os locais e os par�metros de constru��o permitidos foram definidos de modo a preservar a visibilidade da pista por quem for assistir �s corridas, al�m do c�rrego e do lago que existem no circuito.
"N�s apontamos solu��es que o empreendedor poder� adotar e, por causa das condicionantes ambientais e visuais, fica muito dif�cil sair disso que est� proposto", disse Castro. "Tanto a �rea do kart�dromo como a do centro empresarial ficam na parte externa da pista e ter�o um potencial construtivo maior, com atividades que consideramos articuladas � venda de Interlagos. J� na parte mais sinuosa do tra�ado, escalonando bem a edifica��o, cabe um centro de compras com a oportunidade de os clientes assistirem �s corridas."
Para o arquiteto e urbanista C�ndido Malta, professor em�rito da Universidade de S�o Paulo (USP), o projeto pode estimular um adensamento prejudicial para uma regi�o delicada da cidade, por causa da presen�a de dois importantes mananciais, Billings e Guarapiranga - o nome Interlagos faz refer�ncia � regi�o su��a "Interlaken", que significa "entre lagos".
"� perigoso porque a lei de prote��o aos mananciais ainda n�o definiu um limite para o adensamento dessa regi�o, ou seja, at� onde se pode avan�ar sem que a polui��o difusa acabe com os nossos mananciais", disse Mata. Segundo a gest�o Doria, o adensamento proposto foi "conservador" e controla os impactos ambientais. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Fabio Leite)