Sorocaba, 11 - Pr�dios e constru��es que serviram de apoio �s tropas brasileiras na Guerra do Paraguai, que terminou h� 148 anos, correm o risco de desabar por falta de conserva��o, no interior paulista. O pr�dio que abrigou o comando de tropas nacionais durante o enfrentamento ao ditador paraguaio Solano Lopez, est� em ru�nas, em Itapura, extremo oeste paulista. Em Iper�, regi�o de Sorocaba, instala��es da Real F�brica de Ferro de S�o Jo�o de Ipanema, que produziu armas e muni��o para as tropas em combate no cone sul, est�o escoradas para n�o ru�rem.
Conhecido como Pal�cio do Imperador, por ter sido constru�do a mando de dom Pedro II, o pr�dio de dois pavimentos, em Itapura, em nada lembra o passado de gl�rias, como a festa que celebrou a vit�ria na guerra. O im�vel tombado pelo patrim�nio hist�rico estadual est� em ru�nas: tem portas e janelas arrancadas, madeira do forro e estrutura do teto apodrecidas e as paredes pichadas. O pal�cio foi erguido em 1858 ap�s o avan�o das tropas de Solano pelo atual Mato Grosso do Sul.
Preocupado em fortalecer a defesa do Pa�s, o imperador criou uma col�nia na regi�o, instalando no pr�dio, estrategicamente entre os Rios Tiet� e Paran�, o comando da base naval. Na �poca, o sobrado ficou conhecido como Forte de Itapura. Nele, eram planejadas t�ticas de combate. Alguns historiadores dizem que dom Pedro II se hospedou no local quando inspecionava as tropas brasileiras.
Em 1969, o Conselho de Defesa do Patrim�nio Hist�rico, Art�stico, Arqueol�gico e Tur�stico (Condephaat) tombou o pr�dio e seu entorno, com base em relat�rio sobre sua "import�ncia para a hist�ria e a cultura do local, da regi�o e do Pa�s".
Moradores se mobilizam pelo restauro, sem sucesso. "Poderia ser uma ferramenta importante para o turismo da regi�o, mas est� ruindo e ningu�m se importa", diz a dentista aposentada Guiomar Tavares, que frequenta o local desde crian�a.
A professora Andressa Ferrari desenvolveu, em 2016, com alunos de Direito de uma faculdade em Ilha Solteira, um projeto de mobiliza��o para restaurar o pr�dio. Os alunos foram ao local, mas n�o puderam entrar no casar�o por falta de seguran�a. Conforme relatos da �poca, o pr�dios estava com portas e janelas fechadas de improviso, com madeiras compensadas - algumas arrancadas. Parte das paredes perdeu o reboco e as escadas estavam podres.
O Pal�cio do Imperador, remanescente das instala��es da col�nia militar desativada em 1896, tinha o pavimento superior ocupado pela casa do comandante e, no t�rreo, pelo setor administrativo. O local abrigou reparti��es municipais, at� 1989, quando foi desocupado. Desde ent�o, sucederam-se v�rios projetos de restauro, mas esbarraram na falta de verba.
"O pr�dio est� caindo. O problema � que n�o podemos mexer em nada sem autoriza��o do Condephaat", afirma o prefeito F�bio Dourado (PP). Ele diz que a cidade, com 4,7 mil habitantes e or�amento de R$ 20 milh�es, n�o tem como bancar a obra, de cerca de R$ 3 milh�es.
O Condephaat disse ter analisado projeto para restauro, em 2014, mas as interven��es ser�o de responsabilidade do propriet�rio: a prefeitura de Itapura.
Armas
Em Iper�, remanescentes da Real F�brica de Ferro S�o Jo�o de Ipanema, onde foram produzidos sabres, fac�es e outras armas usadas por soldados brasileiros, tamb�m est�o deteriorados. A f�brica, criada em 1810, foi a primeira sider�rgica do Pa�s e produzia ainda arados, pregos e enxadas. Em 1871, a princesa Isabel e seu marido, Conde d'Eu, foram � f�brica para agradecer aos oper�rios pela fabrica��o de armas e muni��o.
O conjunto � tombado pelo Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan). O n�cleo hist�rico, na Floresta Nacional de Ipanema, � gerido pelo Instituto Chico Mendes (ICMBio) e aberto a visitas.
A Casa das Armas Brancas, pr�dio mais imponente do conjunto, est� com s�ria infiltra��o por causa do mau estado da represa que produzia for�a hidr�ulica para m�quinas da �poca. J� a 3.� Oficina de Refino do ferro foi escorada a pedido do Iphan pelo risco de desabar. A constru��o est� interditada para visita��o.
O Iphan disse que n�o h� no momento projeto em an�lise para recuperar o patrim�nio de Iper�. Uma parte dos bens hist�ricos, diz o ICMBio, foi restaurada entre 2006 e 2013, mas n�o h� verba prevista para o resto. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Jos� Maria Tomazela)