
Segundo a Caesb, com esse resultado, o DF aproxima-se do �ndice recomendado pela Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), que � 110 litros per capita por dia. Para a companhia, os dados demonstram evolu��o na consci�ncia do uso racional da �gua pela popula��o e o �xito das campanhas educativas feitas no Distrito Federal.
O resultado tamb�m posiciona o DF em um �ndice de consumo inferior � m�dia nacional, que est� em 154,1 litros di�rios por habitante, de acordo com dados do Sistema Nacional de Informa��es sobre o Saneamento (Snis) do Minist�rio das Cidades, referentes a 2016.
“� um resultado para ser comemorado, mas � preciso ressaltar que o ano de 2017 foi praticamente todo ele sob racionamento, com a crise h�drica sendo assunto di�rio na m�dia", disse o professor S�rgio Koide, do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Bras�lia (UnB).
Koide destacou que, al�m disso, a popula��o, especialmente a mais pobre, j� vinha reduzindo o consumo por causa da taxa de conting�ncia, que vigorou durante alguns meses para reduzir o consumo antes de o governo decretar o racionamento.
Rod�zio
A redu��o no consumo � reflexo direto da pol�tica de racionamento de �gua em vigor desde janeiro do ano passado, quando o Reservat�rio do Descoberto, que abastece mais da metade (1,6 milh�o) dos cerca de 3 milh�es de habitantes da capital do pa�s, chegou a n�veis cr�ticos. Um m�s depois, em fevereiro de 2017, a Barragem de Santa Maria entrou no esquema de racionamento, incluindo mais de meio milh�o de pessoas. Com isso, moradores de praticamente todas as regi�es do DF passaram a se adaptar com o desligamento do fornecimento de �gua ao menos um dia por semana, de acordo com calend�rios divulgados frequentemente pelo governo distrital.O Lago Sul permaneceu como a regi�o residencial de maior consumo per capita, mas a redu��o, em um ano, foi de 16,2%, passando de 437 litros di�rios por habitante, em 2016, para 366 litros, no ano passado. O Plano Piloto teve a maior redu��o, com 297 litros, uma economia de 12,7% em rela��o ao ano anterior, que registrou 340 litros por pessoa. As regi�es com menor consumo di�rio por habitante foram as da Fercal (55 litros), Itapo� (57 litros) e Estrutural (58 litros). Os dados levam em conta a popula��o divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) e o volume de consumo apurado pela Caesb.
O levantamento, no entanto, n�o considera a popula��o em tr�nsito, ou seja, pessoas que residem em uma cidade, mas trabalham durante o dia em outra regi�o. � o caso de �reas como o Plano Piloto, que durante o dia recebe uma popula��o muito superior a seus 220 mil habitantes. O mesmo ocorre no Setor de Ind�stria e Abastecimento (SIA), com popula��o de 2.148 habitantes e consumo m�dio di�rio por pessoa de 1.161 litros. “No SIAm a popula��o considerada residente � baixa, mas, o consumo � alto por se tratar de um setor de com�rcio e ind�stria, onde um n�mero relativamente grande de pessoas trabalha, mas n�o mora”, explicou o presidente da Caesb, Maur�cio Ludovice.
O professor Sergio Koide disse, por�m, que o consumo continua muito “perdul�rio” em algumas regi�es do DF e que s�o necess�rias a��es mais consistentes para controlar o uso exagerado da �gua. “O pre�o da conta de �gua para a popula��o mais pobre � bastante importante, e ela j� consumia uma quantidade menor de �gua mesmo antes da crise. O consumo, historicamente, sempre foi maior nas �reas mais nobres”, ressaltou.
Para Koide, o governo deveria investir em um modelo mais eficiente de escalonamento da cobran�a do que o atual, taxando mais os maiores consumidores. O professor criticou tamb�m a falta de efetividade da Lei Distrital nº 3.557, de 2005, que tornou obrigat�ria a instala��o de hidr�metros individuais em todas as edifica��es j� constru�das na capital, mas que ainda n�o � cumprida por pelo menos metade dos condom�nios do DF.
Novos h�bitos
Moradora do Itapo�, uma das regi�es mais pobres do Distrito Federal e com consumo m�dio di�rio de 57 litros de �gua por habitante, a diarista Isabel Cristina de Sousa contou que n�o chegou a sofrer com o racionamento porque comprou uma caixa d'�gua de 100 litros para suportar os dias de desligamento da rede. No entanto, Isabel Cristina, que mora com dois filhos em uma casa de quatro c�modos, mudou alguns h�bitos para se adaptar � nova realidade. “Agora, eu s� lavo roupa no domingo. Antes, eu ainda fazia isso umas duas vezes por semana.” Ela explicou que o consumo de �gua � baixo porque a fam�lia passa o dia inteiro fora de casa, na escola ou no trabalho.Na casa do m�dico veterin�rio Fern�o Lopes, no Lago Norte, regi�o da cidade com m�dia de consumo de 181 litros di�rios (71 litros a mais do que o recomendado pela OMS), a estrat�gia para conter o gasto foi mais ampla. Ele chamou os seis moradores da casa para discutir o que poderia ser feito. “A primeira quest�o foi restringir o duplo enx�gue na m�quina de lavar roupa. N�s colamos at� um adesivo no bot�o da m�quina para que as pessoas n�o esquecessem de mant�-lo desativado. N�o faz tanta diferen�a [o segundo enx�gue], e � um consumo desnecess�rio”, disse Fern�o.
O uso da �gua para molhar o jardim e lavar a cal�ada tamb�m foi reduzido drasticamente, bem o tempo de banho de cada morador da casa. Para encher a piscina durante a seca, Fern�o e os demais moradores contrataram um caminh�o-pipa. “Tamb�m ficamos mais atento aos vazamentos. Quando eles ocorrem, tentamos resolver o mais r�pido poss�vel para evitar o desperd�cio”, acrescentou. Uma caixa d'�gua de 3 mil litros tamb�m evitou que os moradores da casa sentissem qualquer efeito colateral nos dias de racionamento.
