Rio, 17 - Amigo h� 15 anos da vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada na �ltima quarta-feira, o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) acompanha de perto as investiga��es do crime, e acredita que os tiros disparados contra o carro em que ela estava foram "coisa de profissional". Isso pelo fato de terem partido de um autom�vel em movimento, e atingido o corpo dela e o do motorista, Anderson Gomes, que tamb�m morreu, em linha reta.
Ainda sob o impacto da perda de Marielle, que ele levou para a Comiss�o de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio, e depois viu entrar na pol�tica parlamentar, o deputado disse, em entrevista na sexta-feira, 16, ao jornal O Estado de S. Paulo, que a morte al�a Marielle � condi��o de s�mbolo mundial da luta pelos direitos individuais.
Que recado os assassinos de Marielle queriam dar?
Dif�cil dizer. Rea��es no mundo inteiro mostram que n�o se aceita esse recado de medo. O crime precisa ser desvendado, e n�o � porque a Marielle � mais importante, por ser vereadora, mas porque � carregado de vingan�a. � um recado para mulher, jovem, negra de favela? � preciso elucidar. Um crime contra a democracia n�o pode ser bem sucedido.
Os tiros seriam para silenciar as den�ncias dela de excessos cometidos por policiais?
Ela n�o recebeu amea�a, n�o presidia CPI (Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito), n�o fez den�ncia espec�fica contra ningu�m. �ramos bem pr�ximos. Ter�a � noite conversamos longamente e ela em nenhum momento disse que tinha qualquer problema. Quem ela incomodou que foi capaz de fazer isso? N�o consigo imaginar.
Como Marielle entra para a hist�ria?
N�o tinha d�vida de que ela seria uma grande lideran�a pol�tica nacional, express�o do campo progressista. Era brilhante, forte, amorosa. Tinha caracter�sticas que desafiavam a pol�tica tradicional, representavam algo novo. O que esses covardes fizeram foi antecipar isso, mas tirando a Marielle da gente. � inaceit�vel. Hoje ela � um s�mbolo mundial. Mas o pre�o, que a gente n�o queria pagar � n�o t�-la mais.
As investiga��es est�o perto da conclus�o?
N�o h� d�vida de que foi execu��o, coisa de profissional. Os tiros foram dados por algu�m que manejava muito bem a arma. Partiram de dentro de um carro em movimento e acertaram de maneira compacta e linear. De nove, quatro pegaram na Marielle e tr�s no motorista, que estava na linha de tiro.
Como v� a hip�tese de que o crime teria a ver com a interven��o na seguran�a?
Estou tentando n�o politizar esse debate, n�o � bom fazer isso sobre o cad�ver da Marielle, que era contr�ria � interven��o. A muni��o veio desviada da Pol�cia Federal. � interven��o que resolve? Por que n�o monitoram as muni��es?
A assessora que acompanhava Marielle est� sob prote��o?
Ela j� est� segura. A gente n�o pensou em coloc�-la no programa de testemunha do Estado porque sabe dos problemas que ele tem. Ela n�o viu nada. Foi uma rajada, ela nem sabia que tinha sido um atentado, entendeu depois. Achou que fosse um tiroteio.
As rea��es ao crime s�o nacionais, mundiais. O PSOL ganha protagonismo? Marielle seria vice de Tarc�sio Motta (tamb�m do PSOL) para o governo do Estado. E agora?
Parou tudo. N�o consigo olhar para isso sem olhar para a minha querida amiga Marielle, de 15 anos, h� 11 na minha equipe, trabalhando comigo todos os dias. Fui professor da irm� dela. Temos rela��o de amor muito grande. Esse c�lculo n�o est� no nosso horizonte. Agora, a Mari traz um sentimento de justi�a forte. Um desejo das pessoas que talvez estivesse represado desde 2013. Ela representava essa outra pol�tica que todos queriam. 2018 pode estar tentando calar 2013, dizer de novo que n�o pode ter mulher negra, favelada, bissexual na pol�tica. N�o v�o conseguir.
Marielle est� sendo chamada de "defensora de bandidos" em ataques nas redes sociais. Como analisa essa rea��o?
� falta de intelig�ncia m�nima. � uma sociedade doente aquela que acha que direitos humanos s�o para proteger bandido. Em todos os lugares do mundo onde houve avan�os nas pol�ticas de seguran�a, os agentes s�o instrumentos de garantia dos direitos. Marielle cansou de trabalhar com casos de policiais. A gente aprovou um protocolo de atendimento a familiares de policiais vitimados de forma letal no Rio. Dizer que n�o tem de ter tortura nem execu��o sum�ria � proteger a lei. Marielle foi morta em um ato de banditismo, se veio da pol�cia ou de outro lugar, n�o sei. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Roberta Pennafort)