S�o Paulo, 21 - Um estudo que revisou a literatura mundial sobre polui��o marinha estimou que pelo menos 25 milh�es de toneladas de res�duos s�o despejadas por ano nos oceanos. E a maior parte disso - 80% - tem origem nas cidades, em raz�o de uma m� gest�o dos res�duos s�lidos.
O caminho � conhecido: sem descarte adequado, res�duos v�o parar em lix�es, muitos deles � beira de corpos d'�gua, que seguem pelo seu caminho natural at� o mar. O trabalho, coordenado pela Associa��o Internacional de Res�duos S�lidos (Iswa), levou em conta estimativas sobre quanto res�duo n�o � coletado no mundo - algo entre 500 milh�es e 900 milh�es de toneladas - e cruzou esse dado com o mapeamento de pontos de descarte irregular em cidades perto do mar ou de corpos h�dricos - da� uma estimativa m�nima de pelo menos 25 milh�es chegando ao mar.
O estudo, divulgado nesta ter�a-feira, 20, no F�rum Mundial da �gua, que � realizado em Bras�lia at� o fim da semana, avalia que cerca de metade desse lixo que vai parar no oceano � pl�stico. E que cada tonelada de res�duo n�o coletada em �reas ribeirinhas representa o equivalente a mais de 1,5 mil garrafas pl�sticas que v�o parar no mar.
O valor � um pouco mais alto do que estimativas mais recentes da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU), que apontam algo em torno de 8 milh�es de toneladas de lixo pl�stico entrando nos oceanos todo ano. Segundo a ONU, de 60% a 80% de todo o lixo no mar � pl�stico. E at� 2050 pode haver mais pl�stico do que peixes no mar.
"O lixo no ambiente marinho j� � um desafio global semelhante �s mudan�as clim�ticas. E o problema, que vai muito al�m daquilo que � vis�vel, est� presente em quase todas as �reas costeiras do mundo, trazendo desequil�brio tanto para a fauna e flora marinhas e comprometendo esse recurso vital para a humanidade", afirmou em comunicado � imprensa Antonis Mavropoulos, presidente da Iswa.
Brasil
A metodologia foi adaptada para o Brasil pela Associa��o Brasileira de Empresas de Limpeza P�blica e Res�duos Especiais (Abrelpe) - bra�o da Iswa - no Brasil, que concluiu que aqui pelo menos 2 milh�es de toneladas de lixo podem chegar aos mares. "Se fosse todo espalhado, esse monte de res�duos ocuparia a �rea de 7 mil campos de futebol", disse Carlos Silva Filho, diretor presidente da Abrelpe.
"E usamos premissas mais conservadoras. �reas alagadas, como Pantanal, Amaz�nia, muito longes do mar, ficaram de fora do c�lculo. Se fossem inclu�das, poder�amos chegar a um valor de 5 milh�es de toneladas de res�duos."
Para o Brasil, Silva diz que n�o foi poss�vel estimar exatamente quanto desses res�duos � pl�stico, mas lembra que 15% do res�duo s�lido gerado no Brasil tem essa origem.
Segundo outro estudo da Abrelpe, o Panorama dos Res�duos S�lidos - cuja �ltima edi��o dispon�vel � a de 2016 -, naquele ano cerca de 41% dos res�duos gerados no Pa�s tem destina��o inadequada.
Esse porcentual pouco melhorou nos �ltimos anos, apesar de a Pol�tica Nacional de Res�duos S�lidos ter definido que n�o deveria mais existir lix�es no Brasil desde 2014. Em 2010, quando a lei foi promulgada, tinham destina��o inadequada 43% dos res�duos.
"O estudo da polui��o marinha reflete um problema que podemos ver de outra maneira. O Brasil gasta por ano cerca de R$ 5,5 bilh�es para tratar a sa�de das pessoas, tratar os cursos d'�gua e recuperar o ambiente em virtude da degrada��o dos res�duos s�lidos. Ent�o resolver o problema � bom para a economia tamb�m", defende Silva. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Giovana Girardi)