S�o Paulo, 08 - Uma semana ap�s o desabamento do Edif�cio Wilton Paes de Almeida, no Largo do Pai�andu, na �rea central de S�o Paulo, o p� e a fuma�a ainda incomodam as v�timas e os vizinhos do local da trag�dia. Moradores do pr�dio e vizinhos reclamam de dor na garganta, rouquid�o e dificuldades para respirar.
Desde o inc�ndio, paira sobre os escombros uma fuma�a branca. Uma nuvem de poeira se espalha a cada vez que o maquin�rio pesado retira entulhos em grande quantidade misturados � areia. Em uma pra�a perto do Paes de Almeida, parte dos moradores montou um acampamento e se recusa a ir para albergues da Prefeitura.
C�cera Maria da Silva, que vivia na ocupa��o havia dois anos, s� conseguiu uma barraca na tarde de domingo, 6. Nos outros dias, dormiu em um colch�o, na pra�a pr�xima do im�vel destru�do. "Dormia ao relento. Acordava todos os dias sem voz e depois ia melhorando. O rosto fica encoberto de poeira. N�o tenho sa�de boa para aguentar uma situa��o como esta", conta ela, de 58 anos.
Segundo o auxiliar de enfermagem Carlos Eleut�rio Barros, do Consult�rio na Rua, programa da Secretaria Municipal de Sa�de, muitas fam�lias t�m procurado o atendimento com dor de garganta e problemas respirat�rios, por causa de poeira e p�. "Nos primeiros dias, as m�es trouxeram muitas crian�as com febre. Algumas j� tinham asma, bronquite, que se agravaram com a fuma�a", diz.
Sofia, de 1 ano e meio, sofre com o nariz entupido. "Tem coriza desde o primeiro dia que ficamos aqui. Tenho dado bastante �gua e suco para ela", diz a m�e, Deise Rodrigues, de 31 anos, que tem mais quatro filhos. A fam�lia dorme na escadaria da Igreja Nossa Senhora do Ros�rio, onde fica o acampamento. "E meu olho j� ardeu muito nos primeiros dias. Acho que agora eu me acostumei."
Asm�tica, Deise ainda perdeu a bombinha ao fugir do fogo na semana passada. Com dinheiro recebido de doa��es, comprou outro aparelho.
Para os donos de restaurantes e lojas do entorno, a fuligem tamb�m � uma dor de cabe�a. Em uma lanchonete na frente do Largo, os funcion�rios compraram m�scaras e, por dois dias, as usaram durante o trabalho. "� uma poeira fininha, que fica impregnada na roupa. Imagina isso dentro do nosso corpo? A garganta fica seca demais", conta o chapeiro Charles Magalh�es, de 32 anos.
No Centro de Mem�ria do Circo, na Galeria Olido, algumas pe�as do acervo est�o cobertas com panos desde quarta. As maquetes, feitas por mestres circenses h� quase dez anos, ficam na entrada do local e n�o podem ser transportadas pelo peso e pelo tamanho. "S�o pe�as importantes do acervo, com materiais delicados, que podem ser danificados com a poeira. Al�m disso, n�o sabemos quais subst�ncias podem ter no p�", afirma Camila Montefresco, coordenadora do acervo.
Buscas
O Corpo de Bombeiros confirmou nesta segunda-feira, 7, mais um desaparecido. Parentes de Artur Hector de Paula, de 46 anos, que morava no local, registraram boletim de ocorr�ncia de desaparecimento. At� agora, as equipes s� encontraram os restos mortais de uma v�tima: Ricardo Pinheiro, que estava sendo resgatado no momento em que o im�vel caiu.
Na tarde desta segunda, Ricardo Luciano Lima, o Careca, que se identificava como lideran�a da ocupa��o, foi expulso do acampamento dos ex-moradores. Eles dizem que Lima estava proibindo moradores de relatarem � pol�cia e � imprensa que pagavam um "aluguel", de at� R$ 350, para viver na ocupa��o.
Ap�s discuss�o com uma moradora, Lima foi expulso do local. Outras duas pessoas, que se identificavam como lideran�as, tamb�m deixaram o acampamento. A Pol�cia Civil pretende investigar a cobran�a de taxas em ocupa��es da cidade.
Nesta segunda-feira, a Prefeitura tamb�m come�ou as vistorias de im�veis ocupados que apresentem riscos. Os primeiros s�o os comandados pela Frente de Luta de Moradia (FLM). A ideia � fazer duas ou tr�s inspe��es por dia. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Juliana Di�genes e Isabela Palhares, com colabora��o de Bruno Ribeiro)
Publicidade
Ap�s uma semana, Pai�andu ainda tem nuvem de p�
Publicidade
