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Estado de Minas

'N�o existe crime perfeito', diz m�e de Marielle Franco


postado em 14/05/2018 12:48

Rio, 14 - No dia em que o assassinato da vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes, completou dois meses, os pais dela, Marinete e Francisco Silva, participaram de um ato em frente � Secretaria de Seguran�a P�blica do Rio cobrando uma resposta do Estado para o caso.

A manifesta��o foi realizada na manh� desta segunda-feira, 14, pela Anistia Internacional. A organiza��o lembrou que os crimes que vitimam defensores de direitos humanos no Brasil tradicionalmente caem no esquecimento e que os culpados ficam impunes.

"N�o existe crime perfeito", disse Marinete. "O que ela fez de t�o grave para ter uma morte assim? Qual amea�a fazia � sociedade? Que tipo de democracia � essa? Quatro tiros na cabe�a � muito �dio. Ela nunca fez mal algum. N�o d� para entender como algu�m teria uma motiva��o iminente. � uma dor muito grande. A gente n�o se conforma e n�o vai ser calar. N�o d� para parar agora. N�o faz sentido, depois de tudo o que a Marielle fez. N�o por ter sido com uma parlamentar, mas pela maneira que arquitetaram. Tem um mentor", disse a m�e da vereadora.

Advogada de 66 anos, ela elogiou a condu��o das investiga��es pela pol�cia. "Estou confiante. Mas a gente est� cobrando uma resposta. Precisamos de algo mais concreto. A gente n�o quer nenhum tipo de vingan�a, a fam�lia � cat�lica. O corpo f�sico se foi, mas ela continua com a gente. Se n�o tivermos resposta dos homens, teremos a de Deus. Quem fez isso n�o � ser humano", afirmou. "� muito dif�cil vermos as imagens dela daquela dia. Ela estava com perfeita sa�de, feliz. Dez minutos depois, n�o estava mais aqui".

A pol�cia investiga a participa��o de milicianos no caso, mas n�o vem divulgando os passos do inqu�rito. S� o ministro da Seguran�a P�blica, Raul Jungmann, d� declara��es sobre o assunto. Uma testemunha (um ex-PM preso em Bangu por outros crimes) relatou que o crime foi encomendando pelo vereador Marcello Siciliano (PHS). Ele teria envolvimento com mil�cias da zona oeste do Rio, de acordo com o ex-PM. Com suas a��es pol�ticas, Marielle teria "atrapalhado" a atua��o do grupo em favelas da regi�o. Siciliano nega envolvimento.

Marinete comentou a possibilidade de Siciliano (PHS) estar envolvido com os homic�dios. "Meu cora��o de m�e pede que n�o seja ele. Seria mais dor. Uma trai��o. Algu�m que via minha filha na C�mara... Eu conheci aquele rapaz l�. Da maneira que foi, � imposs�vel n�o termos uma resposta."

A m�e da vereadora lembrou que Marielle n�o afrontava diretamente mil�cias com sua a��o parlamentar. "Eles n�o teriam nenhum motivo. � uma �rea (zona oeste) que ela n�o ia tanto. N�o incomodava a ponto de algu�m fazer algo t�o brutal".

Marinete contou que o domingo das m�es (dia 13) foi de missa, na igreja Nossa Senhora de Inha�ma, perto de casa, e de recolhimento em casa, com a irm� de Marielle, Anielle, a filha dela, Luyara, de 19 anos, e a filha de Anielle, Mariah, de dois. "� um peda�o de mim que se foi. Eu criei aquela menina com muita luta. Para a Luyara foi ainda mais dif�cil, ela � uma crian�a grande."

A m�e de Marielle vem recebendo apoio de outras m�es que perderam filhos de forma violenta; muitas foram confortadas pela vereadora na Comiss�o de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa - ela coordenava o grupo antes de se eleger, em 2016. "Ela era um ser humano muito fraterno com as pessoas. Conversei com m�es de policiais, m�es de Acari, de Realengo, de Manguinhos. � muito gratificante saber como ela contribuiu. S� quem fala mal da minha filha � quem n�o a conheceu".

O pai de Marielle n�o consegue supor qual seria a motiva��o dos assassinos. "S�o 60 dias sem respostas: quem matou minha filha? Por que matou? Uma mulher desarmada, acompanhada de outra mulher e de um motorista, perseguida por quatro homens armados", disse.

Ele afirmou que sua revolta crescer� caso se comprove que um vereador foi o mandante. "Se for confirmado, ser� uma indigna��o muito grande, uma decep��o. Como algu�m comete uma trai��o desse porte? � inadmiss�vel".

Durante o ato, em frente � Central do Brasil, integrantes da Anistia Internacional seguraram cartazes com os dizeres "Quem matou Marielle?" e usaram m�scaras com o rosto da vereadora. A coordenadora de pesquisa da Anistia, Renata Neder, explicou que o protesto n�o foi convocado para que a Secretaria de Estado de Seguran�a (Seseg) seja pressionada a encerrar as investiga��es, e sim para que se posicione publicamente sobre o caso. A reportagem pediu um posicionamento nesta segunda-feira � Seseg, mas n�o obteve resposta.

"A investiga��o tem que ser bem feita. Se precisam de mais tempo, que levem mais tempo. Se est� sob sigilo, n�o devem vazar informa��es", afirmou Renata. "N�o adianta s� identificar quem atirou, e sim quem ordenou e por que motivo. A gente n�o pede esclarecimentos sobre as investiga��es, mas um compromisso das autoridades de que esse caso � prioridade e que o devido processo legal ser� seguido. Historicamente, os assassinatos de defensores de direitos humanos no Brasil n�o s�o investigados, ou ent�o levam anos at� o julgamento".

(Roberta Pennafort)


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