Acordo trar� 50 ararinhas-azuis ao Brasil

S�o Paulo, 24 - A saga de reintrodu��o da ararinha-azul na caatinga brasileira vai come�ar com uma travessia atl�ntica. Cinquenta aves da esp�cie - extinta na natureza h� quase duas d�cadas - dever�o migrar em breve da Alemanha para o Brasil, para compor a popula��o que vai repovoar o sert�o baiano com essas simp�ticas araras a partir de 2019.

O acordo para que isso aconte�a dever� ser assinado nesta segunda-feira, 25, pelo ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte, numa reuni�o na B�lgica, onde est�o quatro das 158 ararinhas-azuis existentes hoje no mundo - todas elas em cativeiro.

"Estamos cada vez mais pr�ximos do momento de elas chegarem em casa", disse Ugo Vercillo, diretor do Departamento de Conserva��o e Manejo de Esp�cies do Minist�rio do Meio Ambiente.

Descoberta no in�cio do s�culo 19 pelo naturalista alem�o Johann Baptist von Spix, e exclusiva da caatinga brasileira, a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii)teve sua popula��o dizimada pela captura e tr�fico de animais silvestres. O �ltimo exemplar conhecido na natureza desapareceu em outubro de 2000, e at� hoje n�o se sabe se morreu ou foi capturado por algu�m.

Desde ent�o, os poucos exemplares que restaram em cole��es particulares v�m sendo usados para reproduzir a esp�cie em cativeiro. Quase todos no exterior.

Naturalmente rara, a "spix" s� existia originalmente numa pequena regi�o do interior de Juazeiro e Cura��, no norte da Bahia, onde o governo federal criou no in�cio deste m�s duas unidades de conserva��o: o Ref�gio de Vida Silvestre e a �rea de Prote��o Ambiental da Ararinha-Azul, destinadas � reintrodu��o e prote��o da esp�cie. Um centro de reprodu��o ser� constru�do no local para receber as 50 araras da Alemanha e produzir os filhotes que ser�o liberados na natureza.

A transfer�ncia das aves deve ocorrer no primeiro trimestre de 2019 - uma vez que o centro estiver pronto - e as primeiras solturas poder�o ser feitas a partir da�. "At� 2022 esperamos ter a ararinha-azul reintroduzida com sucesso na natureza", diz a veterin�ria Camile Lugarini, pesquisadora do Centro Nacional de Pesquisa e Conserva��o de Aves Silvestres (Cemave), do Instituto Chico Mendes de Conserva��o da Biodiversidade (ICMBio), e respons�vel pelo Plano de A��o Nacional para Conserva��o da ararinha-azul.

Ser� um processo cauteloso. As primeiras solturas ser�o feitas em conjunto com maracan�s (Primolius maracana), uma outra esp�cie, com h�bitos semelhantes aos da ararinha - ambas, por exemplo, utilizam ocos de caraibeira (ip�-amarelo) para fazer seus ninhos. Antes de desaparecer, o �ltimo macho de "spix" chegou a formar par com uma f�mea de maracan�.

Pesquisadores do ICMBio, em parceria com a popula��o local, v�m estudando o comportamento das maracan�s para aprender mais sobre a esp�cie e, com base nisso, planejar a libera��o e o monitoramento das ararinhas que est�o por vir.

"Acredito que muito do que estamos aprendendo com as maracan�s servir� para a ararinha-azul", aposta Camile.

A cria��o das �reas protegidas era essencial, mas ainda � necess�rio arrumar a casa para receber as araras, ressalta ela. A paisagem � muito impactada pela cria��o de cabras, que interferem com a cobertura vegetal da qual as aves dependem para fazer seus ninhos e se alimentar.

Esperan�a

As 50 aves que vir�o ao Brasil est�o sob a guarda da Associa��o para a Conserva��o de Papagaios Amea�ados (ACTP), uma organiza��o privada sem fins lucrativos que hoje mant�m 90% das ararinhas-azuis em cativeiro do mundo - ap�s o fechamento de uma institui��o no Catar, que transferiu seu plantel para Berlim no in�cio deste ano.

"� uma responsabilidade enorme", disse Martin Guth, presidente da ACTP, que pagar� pelo novo centro de cria��o e reprodu��o na Bahia.

Produzir as aves n�o ser� problema, garante o diretor cient�fico da associa��o, Cromwell Purchase, que est� ansioso para iniciar a reintrodu��o. "Todas as pe�as est�o come�ando a se encaixar, do jeito que a gente sonhava. � fant�stico." As informa��es s�o do jornal

O Estado de S. Paulo.

(Herton Escobar)