Plantio de maconha mobiliza empresas

Bras�lia, 03 - A previs�o de a Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria regulamentar o plantio de maconha para pesquisa e uso medicinal j� come�a a movimentar o mercado brasileiro. Pelo menos duas empresas foram criadas no Pa�s nos �ltimos anos com objetivo de ingressar no setor que, garantem, � muito promissor.

O plantio de maconha para pesquisa e preparo de medicamentos j� � permitido em lei. Mas, para que isso se concretize, � necess�rio que haja regulamenta��o: regras que determinem quem, como e onde o cultivo pode ser realizado. � justamente isso que a Anvisa deve come�ar a discutir neste m�s. Entre os pontos que ser�o definidos est�o se o plantio ser� em estufas, em locais abertos, e como ser� a seguran�a.

"Somente com fitoter�picos usados para o tratamento da dor, o c�lculo � de que possamos movimentar R$ 2 bilh�es por ano", afirma M�rio Grieco, diretor da Knox Medical, empresa americana especializada na produ��o e na venda de Cannabis sativa (o nome cient�fico da maconha) medicinal.

A Knox iniciou suas opera��es em fevereiro e busca no Sudeste a �rea ideal para construir uma f�brica. Em Valinhos (SP), foi montada a Entourage Phytolab, uma empresa que j� investiu US$ 4 milh�es (cerca de R$ 15,6 milh�es) para pesquisas e desenvolvimento de uma estrutura que abra caminho para a produ��o de medicamentos � base de Cannabis no Brasil.

As duas empresas t�m como meta inicial produzir um medicamento para epilepsia refrat�ria - forma da doen�a que n�o responde �s drogas no mercado. Mas a lista de novas drogas potenciais � significativa. A Entourage, por exemplo, concluiu h� pouco a formula��o do primeiro medicamento. Al�m disso, j� tem outras quatro composi��es na fila, que dever�o tamb�m ser desenvolvidas.

"Listagem feita por autoridades sanit�rias canadenses traz 39 doen�as que poderiam ter como indica��o medicamentos feitos com Cannabis", diz Caio Abreu, diretor da Entourage. H� estudos que indicam melhora para pacientes com Alzheimer, Parkinson, glaucoma, fibromialgia e Doen�a de Crohn.

O nome da empresa dirigida por Abreu � uma refer�ncia ao efeito combinado dos v�rios componentes da Cannabis. A planta tem cerca de 80 canabinoides. Os mais conhecidos s�o canabidiol e o THC (tetraidrocanabinol) entre outros 400 componentes. Alguns estudos indicam que o uso combinado de seus componentes pode ser mais eficaz e seguro que subst�ncias isoladas. "Essas combina��es podem ter a��o mais abrangente e reduzir tamb�m efeitos adversos", diz Abreu.

Custos

Hoje, para fazer pesquisas com Cannabis � preciso importar o produto. Cada grama, diz Abreu, custa em torno de US$4 (R$ 15). "Se fiz�ssemos o pr�prio cultivo, os custos poderiam ser um quinto disso." A Entourage j� tem pronto o projeto para o galp�o onde o plantio poderia ser feito. As obras, por�m, ter�o in�cio s� quando a discuss�o estiver mais definida.

A libera��o do plantio � s� um dos aspectos acompanhados pelos empres�rios. H� tamb�m expectativa sobre como ser� a regula��o. Em alguns pa�ses, como Holanda, Canad� e Israel, o uso de produtos terap�uticos derivados da maconha foi feito com dispensa de todo ritual que norteia a libera��o de rem�dios, como pesquisas cl�nicas.

N�o se sabe ainda se no Pa�s tal estrat�gia, chamada de mercado de acesso, ser� repetida. Por isso, a Entourage tem dois planos. Se a pesquisa cl�nica for dispensada dentre as exig�ncias para registro do produto, investir� no desenvolvimento de outras combina��es. Caso contr�rio, j� tem pronto um modelo de pesquisa com pacientes para a formula��o desenvolvida para epilepsia refrat�ria. As informa��es s�o do jornal

O Estado de S. Paulo.

(L�gia Formenti)