Uma nova safra de bares voltou a inflamar os �nimos de moradores e comerciantes da Vila Madalena, famoso centro bo�mio da zona oeste de S�o Paulo. No primeiro trimestre deste ano, as reclama��es sobre barulho feitas � Prefeitura na �rea da Regional de Pinheiros, onde est� a Vila, aumentaram quase 20% na compara��o com o mesmo per�odo do ano passado, passando de 164 para 195. � uma varia��o oposta ao que ocorre na cidade como um todo, que teve queda de 1%.
Tendo como carro-chefe o litro de cerveja vendido a R$ 10 - o chamado "litr�o de 10" -, esses bares t�m atra�do um novo p�blico, de jovens rec�m-sa�dos da adolesc�ncia, e passaram a ser alvo das reclama��es de polui��o sonora.
"Necessitamos do apoio constante do poder p�blico para que as leis sejam cumpridas durante o ano inteiro - e n�o somente nos per�odos de maior movimenta��o, como o carnaval", diz trecho de um manifesto que come�ou a circular em julho entre os moradores.
As principais reclama��es incluem o consumo de cerveja nas cal�adas, e n�o mais dentro dos bares, e o som alto que sai de carros ou de alto-falantes instalados pelos pr�prios bares.
Moradores e comerciantes "tradicionais" se queixam da mudan�a de p�blico e do perfil dos novos bares.
"Os moradores eram o target principal (dos bares antigos)", diz o consultor de vinhos Breno Raigorodsky, de 68 anos.
N�o h� um dado oficial sobre os novos com�rcios. Raigorodsky estima em ao menos oito e chama uma quadra da Rua Mourato Coelho de "nova passarela do �lcool". Para o morador, ap�s a Copa do Mundo de 2014, quando o bairro foi palco de festas, e dos carnavais, a ideia passou a ser "eternizar o ambiente de euforia o tempo todo".
A Prefeitura informou que "o Programa de Sil�ncio Urbano (Psiu) realiza a��es de fiscaliza��o e vistorias programadas de acordo com a demanda, em diversos pontos do distrito". Segundo a Prefeitura, "s� este ano o Psiu realizou 70 autua��es e possui 1.183 multas cadastradas para o per�odo dos �ltimos doze meses na regi�o".
Defesa
"Eu vendo cerveja barato, a gente atrai um p�blico que � de universit�rios, gente jovem, que n�o tem tanto dinheiro para gastar nos outros bares. Mas respeito todas as regras e, depois da meia-noite, paro de servir bebidas", diz o empres�rio Donizete Santos, s�cio dos bares Bella Ja�, um de frente para o outro.
Moradora do Parque Peruche, regi�o da Casa Verde, zona norte, a estagi�ria Fernanda Magalh�es, de 21 anos, esteve naquela esquina "quatro ou cinco vezes", trazida por uma amiga de faculdade. "Aqui a gente fica um pouco, bebe algumas garrafas de 'litr�o' e depois vai para outro lugar, um samba, uma festa", conta a jovem.
Presidente da Sociedade Amigos da Vila Madalena (Savima), C�ssio Calazans afirma que bares e moradores da �rea "tradicional" da Vila Madalena t�m buscado amenizar os conflitos. Cita exemplo de um bar na Aspicuelta que, depois das reclama��es dos moradores, tirou as caixas de som da porta do bar e fez o tratamento ac�stico das estruturas.
"O problema s�o os ambulantes, que ficam com som e ainda competem com os comerciantes que pagam impostos", diz o morador.
Os comerciantes mais antigos, por sua vez, tamb�m fazem queixas. "N�o � 'litr�o de 10'. Tem at� 'litr�o de (R$) 7", afirma o presidente da Associa��o de Bares do bairro, Gildo Chan. "Nos novos bares, a �nica coisa que conta � pre�o."
Crimes
As ocorr�ncias policiais na �rea tamb�m preocupam. No dia 17, pouco antes da meia-noite, um homem desconhecido deu tr�s tiros para o alto em um bar no n�mero 885 da Rua Mourato Coelho, segundo boletim de ocorr�ncia registrado no 14.� DP.
No dia 3, no mesmo ponto do bairro, um homem foi esfaqueado em uma briga motivada por ci�mes. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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