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Estado de Minas GERAL

O m�dico que com uma semana de vida j� estava no Incor


postado em 05/08/2018 10:19

Em uma sala de cursinho pr�-vestibular, Gabriel Liguori mirava na mesa o adesivo que ele mesmo havia tirado da roupa depois de uma consulta m�dica. Estava escrito "Instituto do Cora��o", um lugar que conhecia desde rec�m-nascido e de onde n�o queria sair. Deu certo. Aprovado em Medicina na Universidade de S�o Paulo (USP), em 2009, foi no Incor, do Hospital das Cl�nicas, que ele passou de paciente a m�dico e pesquisador.

Enquanto gesticula para explicar seu ambicioso projeto de pesquisa na USP, as unhas arroxeadas d�o a pista. O doutorando de 29 anos tem uma m�-forma��o no cora��o. Condi��o que, se o limitou na inf�ncia e adolesc�ncia, tamb�m o levou a descobrir o caminho da cardiologia. Hoje, ele quer fazer hist�ria ao ser o primeiro a "imprimir" um cora��o humano em laborat�rio.

"O cora��o � o meu �rg�o", diz ele, com carinho, sobre a pr�pria trajet�ria - da inf�ncia � universidade. Quando p�s os p�s na USP, n�o foi dif�cil reencontrar o caminho at� o Incor. Para l�, foi levado pela primeira vez com uma semana de vida nos bra�os dos pais, assustados depois da primeira consulta com o pediatra. "Auscultava, auscultava, auscultava. At� que eu perguntei: doutor, tem alguma coisa?", lembra a m�e, a professora aposentada Elaine Liguori, de 55 anos.

Tinha. "Uma das art�rias principais do meu cora��o n�o � formada e, dessa maneira, a oxigena��o do sangue n�o � boa", diz Liguori, e logo emenda palavras dif�ceis para detalhar o pr�prio problema. Os m�dicos esperaram o menino completar dois anos para submet�-lo a uma opera��o. No centro cir�rgico, foram seis horas - "intermin�veis", segundo a m�e - at� receber a not�cia de que havia sido um sucesso.

Apesar de contornado o defeito de nascen�a, os pais sabiam que teriam de voltar ao hospital. Na inf�ncia, Liguori fez cinco cateterismos - para examinar as veias - e outras dezenas de exames e consultas. Procedimentos pelos quais passava sem se dar conta da gravidade. Do ambiente hospitalar, lembra da brinquedoteca do Incor e do sagu de uva.

Aos 19 anos, a aprova��o em Medicina foi celebrada pela fam�lia, mas a op��o pela carreira n�o surpreendeu. "Desde pequeno falava que queria ser m�dico", conta ele - e a informa��o � confirmada pela m�e, que via o menino entretido sempre que apareciam imagens de cirurgias na televis�o. Liguori n�o sabe dizer por que, mas a experi�ncia em hospital, ao contr�rio de causar repulsa, despertou interesse.

Na faculdade, se envolveu com ligas de estudantes e ajudou a fundar a primeira delas voltada � cirurgia card�aca pedi�trica. Para o Incor, foi �s pressas certa vez, � noite - n�o por causa do seu problema - mas para acompanhar, como estudante de Medicina, um transplante em uma crian�a. "No final, tive a oportunidade de entrar para auxiliar, tocar o cora��o." E ali confirmou a veia para a cardiologia.

A pesquisa

Para fazer o doutorado na USP, adiou por um tempo a especializa��o em cirurgia card�aca. Para o futuro, quer construir um cora��o completo em laborat�rio - feito que, se alcan�ado, ser� in�dito em todo o mundo. "O cirurgi�o � a raz�o pela qual estou aqui hoje. Mas, quando der certo (a pesquisa), vou poder salvar milhares de pessoas ao mesmo tempo."

Ele e outros cientistas testam um gel com prote�nas que pode levar � diferencia��o de c�lulas-tronco, e, dessa forma, ser usado para construir tecidos humanos. Ainda faltam muitas etapas - por enquanto, o que se tem s�o pequenos "retalhos" de um cora��o -, mas a pesquisa j� ganhou o Pr�mio Nacional de Cirurgia Card�aca.

A proposta, diz ele, � usar as c�lulas dos pr�prios pacientes para a confec��o do cora��o em laborat�rio, evitando incompatibilidades. "Temos 30 mil pessoas aguardando um transplante", diz. "E ainda que os pacientes sejam transplantados, h� o risco da rejei��o." Gabriel espera tornar o projeto uma realidade at� 2030.

Entre uma atividade acad�mica e outra, poucos passos o separam do consult�rio m�dico, que ele visita todo ano para garantir que est� tudo bem com o pr�prio cora��o. Mas agora vai sozinho. J� a m�e "ganhou alta" do cargo de acompanhante depois que ele entrou na faculdade e, ao contr�rio de Liguori, n�o tem planos voltar a por os p�s no Incor. "Estou feliz de saber que ele est� fazendo o quer, realizando um sonho. E no lugar mais seguro que poderia estar." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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