A cientista social Silvia Ramos, coordenadora do Observat�rio da Interven��o, da Universidade C�ndido Mendes, classificou as mortes dos dois militares como "trag�dia", que aumenta a tens�o na seguran�a do Rio "a um n�vel in�dito".
"O medo dentro das comunidades cresceu a um ponto que n�o v�amos havia quase uma d�cada. Os moradores se perguntam o que o Ex�rcito far�, e muitos temem que 'opera��es-vingan�a' ocorram, como j� ocorreu no passado, quando policiais morreram em servi�o."
Ela tamb�m se mostrou preocupada com uma mudan�a: a entrada de militares nas favelas para opera��es de combate. "Pela primeira vez desde o come�o da interven��o, os agentes das For�as Armadas entraram nas comunidades", disse. "Essa foi uma mudan�a preocupante em rela��o ao que vinha ocorrendo at� aqui. At� ent�o, os soldados do Ex�rcito faziam parte de opera��es, mas cuidavam para n�o haver confrontos diretos e n�o haver baixas."
A a��o militar de ontem nas comunidades surpreendeu a especialista. "N�o esper�vamos que, a quatro meses do fim da interven��o, o comando das For�as Armadas pudesse adotar as estrat�gias que mais deram errado no Rio: o confronto aberto, as mortes de agentes e de opositores armados dentro das �reas mais habitadas da cidade", continuou. "� com essa estrat�gia que o comando da interven��o pretende reduzir a viol�ncia?".
Para o ex-integrante do Batalh�o de Opera��es Especiais (Bope) da PM do Rio e mestre em antropologia social Paulo Storani, os militares sabem dos riscos a que se submetem nas opera��es. As mortes, opinou, n�o devem alterar a gest�o da interven��o. "As opera��es t�m um n�vel de risco, que � aceito pelas tropas que participam. Lamentavelmente hoje (ontem) houve mortes de militares, mas nada diferente da realidade do Rio, onde centenas de pessoas morrem por ano, policiais, criminosos e at� inocentes - v�timas de balas perdidas."
"O m�ximo que pode acontecer � uma avalia��o de como se deu o fato e a orienta��o para que os militares tomem determinados cuidados", afirma Storani. "Mas isso vai depender de ter havido uma exposi��o desnecess�ria do militar ou se foi um caso fortuito, durante uma troca de tiros."
Estat�sticas
Entre os agentes de seguran�a do Estado, houve ainda neste ano mortes de 64 policiais militares, cinco policiais civis e 4 servidores penitenci�rios, segundo o balan�o mais atual do Disque-Den�ncia, divulgado em 30 de julho. N�o houve registro de �bitos de policiais neste m�s.
J� em rela��o �s mortes em confrontos com as for�as policiais, foram 895 ocorr�ncias, entre o come�o de janeiro e o fim de julho, conforme dados do Instituto de Seguran�a P�blica fluminense (ISP). As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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