(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas GERAL

Com protestos e bate-boca, tens�o vira rotina nas ruas de Pacaraima


postado em 29/08/2018 07:31

Em v�deo gravado ontem, uma senhora brasileira discute com um grupo de venezuelanos. "Somos seres humanos", grita um imigrante, de mochila nas costas. "Brasileiro n�o vai l� para roubar", ela responde. O agravamento da crise migrat�ria fez brasileiros e venezuelanos viverem sob clima de tens�o em Pacaraima, cidade de apenas 12 mil habitantes na fronteira com a Venezuelana. �s vistas de todos, grupos chegam a bater boca no meio da rua. Alegando prefer�ncia de atendimento aos refugiados e suposta escalada da viol�ncia, moradores tamb�m j� realizaram cinco protestos.

O Estado esteve em Pacaraima na semana passada. No centro urbano, � mais comum ouvir pessoas conversando em espanhol do que em portugu�s. Por l�, calcula-se que o n�mero de refugiados j� seria maior do que a quantidade de brasileiros que vivem em �reas de demarca��o ind�gena, cerca de 5 mil. Com a chegada dos imigrantes, a produ��o de lixo, por exemplo, aumentou cerca de 70%. N�o h� aterro sanit�rio. Sem postos de combust�vel, os moradores tamb�m precisam cruzar a fronteira para abastecer. Tamb�m vem da Venezuela o fornecimento de energia el�trica.

"N�o tem mais recupera��o", diz Jos� Carlos Barbosa, de 52 anos, dono de um pequeno armaz�m no centro de Pacaraima. Ele culpa os venezuelanos por uma suposta onda de furtos - semconfirma��o oficial.

Funcion�ria de Barbosa, a venezuelana Elienny Romero, de 32 anos, tamb�m � da opini�o que os compatriotas estariam criando uma crise na cidade. "A maioria das pessoas daqui est� se aproveitando dos brasileiros", diz. Dezenas de venezuelanos passam o dia sentados nas cal�adas, olhando as lojas. Outros pedem esmola. Muitos, entretanto, est�o s� de passagem: na rodovia para Boa Vista - federal, agora sob aten��o das For�as Armadas - � poss�vel ver refugiados viajando mais de 200 quil�metros a p� at� a capital.

Recentemente, os refugiados haviam montado um acampamento que ocupava ao menos duas quadras do centro de Pacaraima. Elas foram destru�das em um "ato" no s�bado passado. O epis�dio aconteceu depois de o comerciante Raimundo Nonato de Oliveira, de 55 anos, ter sido assaltado, torturado e reconhecido os criminosos como venezuelanos. O Minist�rio P�blico de Roraima investiga, ainda, se a v�tima deixou de receber atendimento m�dico adequado, ap�s a ambul�ncia demorar a socorr�-lo.

Com o "protesto", cerca de 1,2 mil venezuelanos deixaram o Brasil e o n�mero de imigrantes caiu. Hoje, grupos de refugiados chegam a cruzar a fronteira para Santa Elena � noite para dormir em seguran�a. De dia, voltam para Pacaraima. "Est� violento da parte dos brasileiros", diz Adrian Barrios, morador de Santa Elena. "Eles n�o entendem que os venezuelanos s�o refugiados e, por isso, devem receber prote��o internacional. Est�o muito intolerantes, n�o entendem a situa��o."

Antes do epis�dio, os moradores de Pacaraima haviam feito tr�s manifesta��es pac�ficas para "alertar autoridades". H� uma semana, carros e motos voltaram a fazer um buzina�o na cidade, em novo protesto. "N�o somos selvagens", diziam os cartazes. "N�o somos xen�fobos, s� n�o aguentamos mais a situa��o", � a frase mais comum entre os moradores.

Repercuss�o

Ontem, a decis�o de envio de tropas federais e uma nova fase de interioriza��o de imigrantes n�o reduziram esse sentimento de abandono. "Do que adianta tirar esses quase mil (em v�rios meses), se chegam 700 por dia", criticou em Boa Vista o servidor p�blico Aquilino Duarte Monteiro. "Eles (os soldados) s� v�o impedir os brasileiros de fazer alguma manifesta��o", completou a assessora de imprensa Raniele Carvalho. (COLABOROU CYNEIDA CORREIA, ESPECIAL PARA A AE) As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)