Na Rua Piau�, 527, uma parte da hist�ria vai a leil�o

O quinto presidente do Brasil, um mafioso napolitano e um juiz condenado est�o entre aqueles que j� viveram na Rua Piau�, 527, em Higien�polis, na �rea central de S�o Paulo. Hoje fora dos holofotes, o casar�o centen�rio enfrenta umidade e falta de restauro, mas mant�m ind�cios do per�odo em que foi resid�ncia de classes abastadas e endere�o da Pol�cia Federal na regi�o central de S�o Paulo.

Fechado h� 15 anos, o im�vel de art nouveau � uma das 25 propriedades do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que ser�o leiloadas nesta quarta-feira, 19. Para ele, o lance come�a em R$ 14,8 milh�es.

Embora tenha sido casa do ex-presidente Rodrigues Alves, passou a maior parte do tempo ocupada pela Pol�cia Federal, entre 1965 e 2003, abrigando atividades da Divis�o de Ordem Pol�tica e Social (Dops). Ali recebeu opositores da ditadura militar. Anos depois, foi a carceragem de um dos l�deres da Camorra, Francesco Toscanino, e, tamb�m, do ex-juiz Nicolau dos Santos Neto- acusado de desvios da Justi�a Trabalhista.

Teve o destino discutido v�rias vezes. Em 1990, foi vendido para uma construtora, o que acabou barrado na Justi�a. Depois, chegou a ser especulado como museu e atraiu interesse da Pol�cia Militar. Em 2015, foi publicada uma lei que o incluiu em lista de im�veis repassados � Prefeitura para abater d�vidas - que seriam destinados � moradia popular. Com a mudan�a do Plano Diretor no ano seguinte, contudo, nada foi adiante.

Um laudo t�cnico da empresa BBC Engenharia, de junho, aponta que o casar�o precisa de "reparos simples e importantes". Ele � tombado desde 2012 pelo Conselho Municipal de Preserva��o do Patrim�nio Hist�rico, Cultural e Ambiental da Cidade de S�o Paulo (Conpresp) por ser um "exemplar de moradia abastada do in�cio do s�culo 20".

Para Nadia Somekh, o im�vel precisa, sobretudo, voltar a ter uso e ter suas caracter�sticas originais restauradas. "Se for p�blico � melhor porque � um bem hist�rico", diz a professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie e ex-presidente do Conpresp. "Mas o mais importante � n�o ficar vazio. O vazio n�o tem restaura��o."

O uso comercial foi indicado pelo padr�o de casar�es da regi�o atualmente, segundo Lucio Gomes Machado, professor da Universidade de S�o Paulo (USP). H� tamb�m a possibilidade de ser utilizado como �rea de uso comum de um condom�nio, por exemplo, como ocorre em um caso no entorno. "Na �poca que foi constru�do s� tinha casa, Higien�polis era um loteamento residencial de casas", diz. "O que � triste � que o INSS deixou muito tempo em degrada��o", lamenta.

Por nota ,o instituto alega fazer "periodicamente" a limpeza do casar�o e seus im�veis n�o operacionais s�o destinados � venda para custear o pagamento de benef�cios previdenci�rios. Afirma, ainda, que j� publicou aviso para manifesta��o de interesse de qualquer �rg�o p�blico, mas que n�o houve interesse.

Consola��o

Na quinta-feira, 20, o INSS leiloar� o casar�o da Rua Marqu�s de Paranagu�, 124, na Consola��o, regi�o central. Tombado desde 1995, teve a situa��o de abandono denunciada pelo Estado em 1994. Laudo t�cnico, de maio deste ano, aponta que est� com a "conserva��o ruim, necessitando de reformas importantes". O lance inicial � de R$ 3,1 milh�es. Est� desocupado desde 2004. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.