
Humilhado, amea�ado de morte e agredido de forma racista por alunos de 17 e 18 anos, quando tentava aplicar uma prova na ter�a-feira, o professor de L�ngua Portuguesa Thiago dos Santos Concei��o teme pela vida. "No v�deo (gravado por um estudante durante o epis�dio de agress�o), d� para ouvir claramente um garoto dizer: ‘Esse a� veio da Nig�ria’. "Fazem como se fossem brincadeiras. Mas n�o s�o. Tem um ditado popular que diz: 'Quem amea�a faz'", disse Concei��o, que � negro.
Ele j� se desligou do Ciep Mestre Mar�al, em Rio das Ostras, a 150 km do Rio, onde ocorreu a agress�o. E deixou o munic�pio definitivamente.
Concei��o, de 31 anos, dez de profiss�o e h� sete meses na unidade de ensino, tem enfrentado dificuldade para dormir. Chora e se sente impotente por n�o conseguir exercer sua profiss�o como gostaria. Enxerga os alunos, que est�o no 9.ª ano, como v�timas de um contexto social dif�cil. "Eu tenho esperan�a de que esse cen�rio pode mudar. Acredito na Educa��o." A seguir, a entrevista:
As imagens do incidente s�o chocantes. Como tudo come�ou?
Eu estava dando a prova, e os alunos resolveram agir daquela forma, com toda aquela agressividade. Estavam transtornados. N�o teve discuss�o, nada antes. Eu lido com aquele contexto. Eles foram para a sala j� com aquele objetivo. N�o queriam fazer a prova. Eu pedia para ficarem sentados e em sil�ncio.
Esse comportamento desrespeitoso e violento � rotineiro?
No telefone do garoto tem toda a filmagem dessa e de outras brutalidades que eles v�m fazendo. J� aconteceu confus�o com funcion�rio da escola em que o guarda deu tapas no rosto de um garoto, e ele revidou. Entrei em fevereiro no Ciep, como tempor�rio. Sabia que seria um ambiente dif�cil, mas no meio do caminho percebi que seria pior.
J� tinha sido agredido?
N�o. Mas aconteceram viol�ncias. Teve o furto de um lanche da minha bolsa. O sumi�o de um telefone de um aluno - algu�m pegou e ainda n�o devolveu. Ouvi palavras ofensivas, sofri preconceitos.
Teme voltar � sala de aula?
Eu fui empurrado, recebi amea�a direta. No v�deo voc� ouve dizer: ‘Vou matar’. N�o quero pagar para ver. Sa� de Rio das Ostras e n�o volto. Mas n�o quero que (os alunos envolvidos no incidente) sejam expulsos. Tem de haver a��o pedag�gica, isso sim. S�o diversos fatores que levaram �quela situa��o, quest�o social, neglig�ncia dos pais. N�o adianta transferi-los de escola, e outro colega passar pelo que passei. Vou continuar lecionando. Agora, quero conseguir uma bolsa para fazer mestrado, continuar a minha forma��o, talvez na �rea de pol�ticas p�blicas em educa��o, que � minha paix�o.