Replantio leva a economia no tratamento de �gua no Sistema Cantareira

Durante a crise h�drica de 2014 que atingiu S�o Paulo, um dos fatores apontados como um problema para o Sistema Cantareira foi a baixa cobertura florestal do entorno. Em toda a bacia, que compreende uma �rea de 228 mil hectares, apenas cerca de 25% t�m mata. Projetos de reflorestamento v�m sendo feitos, com o objetivo de minimizar esse problema, mas ainda em pequena escala.

Uma pesquisa feita pelas ONGs World Resources Institute (WRI), The Nature Conservancy (TNC) e Funda��o Botic�rio traz agora um novo argumento para incentivar o plantio: al�m de ajudar na capta��o de �gua, �rvores podem trazer economia no tratamento.

O trabalho colocou em n�meros algo que j� se percebe na pr�tica: a floresta ret�m a eros�o e diminui a quantidade de sedimentos nos rios. Um reflorestamento de 4 mil hectares - apenas 2% da �rea de recarga do reservat�rio - poderia levar a uma economia de R$ 300 milh�es somente no tratamento da turbidez da �gua. O c�lculo ser� apresentado hoje com o lan�amento do relat�rio "Infraestrutura natural no sistema de abastecimento de �gua de S�o Paulo", obtido com exclusividade pelo jornal O Estado de S. Paulo.

De acordo com o estudo, que considerou somente o reflorestamento em �reas de pastagens degradadas, o investimento necess�rio � de R$ 120 milh�es, incluindo a manuten��o das florestas restauradas, com um retorno financeiro de 28% - taxa compat�vel com a observada no setor de abastecimento.

A ideia foi mapear �reas priorit�rias para a restaura��o e assim obter os melhores resultados. "Se esse investimento fosse usado para restaurar aleatoriamente na bacia, a redu��o de sedimentos poderia ser de 8%. Mas em pastagens degradadas, suscet�veis � eros�o, a redu��o � de 36%", calcula o economista do WRI Rafael Feltran-Barbieri, um dos autores do trabalho.

A Sabesp - principal benefici�ria da estrat�gia - � o alvo do estudo. A empresa j� vem fazendo isso nas terras de sua propriedade - que correspondem a cerca de 7% do sistema. Segundo Mara Ramos, gerente de Recursos H�dricos, a cobertura florestal nesses locais passou de 61% na d�cada de 1980 para 75% hoje. "Chegamos a 35 mil hectares, o equivalente a Guarulhos."

Para os autores, por�m, como essa �rea ainda � muito pequena em rela��o � bacia, o impacto � insuficiente. � preciso investir nas �reas privadas.

Na pr�tica

Pioneiro em reflorestamento, o consultor de tecnologia Marcelo Mig, de 60 anos, que tem um s�tio em Joan�polis, � beira do reservat�rio Jaguari-Jacare�, defende a amplia��o. Cinco dos seis hectares de sua propriedade s�o hoje de floresta - resultado de um trabalho de conserva��o e restaura��o que come�ou h� 29 anos justamente em �reas de pastagem degradada.

"Na crise h�drica, enquanto meus vizinhos ficaram com o po�o sem �gua, o meu aguentou ainda mais um ano", lembra ele. Hoje alguns est�o seguindo seu caminho. "Agora a represa est� baixa de novo, vemos uma faixa enorme de terra exposta, suscet�vel � eros�o. Na crise, quando ela baixou totalmente, dava para ver como tinha assoreamento no fundo. As �rvores evitam isso", afirma. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.