Pesquisadores v�o trabalhar na reconstitui��o do cr�nio de Luzia

Desaparecido desde o inc�ndio que consumiu o Museu Nacional, o cr�nio de Luzia - o mais antigo f�ssil das Am�ricas, com 12 mil anos - foi localizado em meio aos escombros. "O cr�nio foi encontrado fragmentado e vamos trabalhar na reconstitui��o. Pelo menos 80% dos fragmentos foram identificados e podemos aumentar esse n�mero", disse o diretor do museu, Alexander Kellner. "Luzia est� viva", comemorou.

De acordo com os especialistas, foram achados partes da testa e do nariz, uma parte lateral e o fragmento de um f�mur que tamb�m pertencia ao f�ssil e estava guardado. O f�ssil � uma das mais importantes pe�as do acervo do museu.

"Hoje � um dia feliz, conseguimos recuperar o cr�nio da Luzia e o dano foi menor do que esper�vamos. Os peda�os sofreram altera��es, danos, mas estamos otimistas com o achado e tudo o que ele representa. O cr�nio estava em um local preservado, estrat�gico. Ficava dentro de uma caixa de metal, dentro de um arm�rio", disse a arque�loga Claudia Rodrigues, respons�vel pela equipe de escava��o.

O cr�nio ser� reconstru�do, mas esse trabalho ainda n�o come�ou porque depende de repasse de verbas. "Precisamos fazer uma restaura��o e de uma casa para ela", explicou Kellner. "Estamos lutando no Congresso pelo or�amento. � um trabalho de tempo e de recursos."

O trabalho de arqueologia nos escombros n�o come�ou oficialmente. Segundo Kellner, a fase ainda � de escoramento das paredes internas do Pal�cio S�o Crist�v�o justamente para que n�o haja desabamento.

Raro

Achado em Lagoa Santa, em Minas Gerais, em 1974, o f�ssil � de uma mulher que morreu entre os 20 e os 25 anos de idade e foi uma das primeiras habitantes do Brasil. O cr�nio de Luzia e a reconstitui��o de sua face, que revelou tra�os semelhantes aos de negros africanos e abor�gines australianos, estavam em exibi��o no museu.

A descoberta mudou as principais teorias sobre o povoamento das Am�ricas. Com o estudo do f�ssil, o arque�logo Walter Neves, da Universidade de S�o Paulo (USP), postulou o modelo dos dois componentes biol�gicos, segundo o qual o continente americano foi colonizado por duas levas distintas de Homo sapiens, vindas da �sia.

A primeira onda migrat�ria teria ocorrido h� pelo menos 14 mil anos e foi composta de indiv�duos parecidos com Luzia, com tra�os semelhantes aos dos atuais negros africanos e abor�gines australianos. Esse grupo, no entanto, n�o teria deixado descendentes. Uma segunda leva teria chegado h� 13 mil anos e seus integrantes apresentavam um tipo f�sico caracter�stico dos asi�ticos, dos quais descendem os �ndios atuais.

O Minist�rio do Planejamento anunciou nesta semana que vai ceder um terreno de 49,3 mil metros quadrados para abrigar laborat�rios e centros de pesquisa do museu. O custo total de recupera��o de todo o pr�dio atingido pelo fogo no dia 2 de setembro � de R$ 300 milh�es. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.